A União Europeia alargada faz lembrar a URSS

Porém, analisando um pouco mais cuidadamente a questão, teremos que chegar à conclusão que não é bem assim.

A URSS, com todos os seus erros e defeitos, que não deveremos ignorar nem escamotear, teve também muitas virtudes.

Isto é inegável para quem se preocupe a ler um pouco da história universal.

Em 1917, a Rússia era um estado feudal. Em 1990 a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas era a primeira união de nações do Mundo em muitas vertentes.

E foi quem primeiro mandou um ser humano ao espaço, quem encontrou uma formula de gestão económica que acabou com o desemprego, quem criou um sistema educativo que transformou países outrora analfabetos em países com uma educação invejável e com um potencial intelectual sem paralelo no Mundo actual.

Os EUA, em muitos aspectos, comparados à ex-URSS, ficavam atrasados a uma distância de anos-luz.

A nova UE nem é socialista, nem atingiu o pleno emprego, nem aniquilou o analfabetismo nem tem, ainda, a elevação intelectual que tinha a URSS.

Eu, embora céptico em relação a “esta” União Europeia”, entendo, no entanto que, apesar da diversidade de países que a compõem e dos que ainda venham a juntar-se a este grupo, o caminho da Europa passa pela unidade dos seus povos.

Cada vez mais e quase parafraseando o velho Marx quando dizia “proletários de todo o Mundo, uni-vos”

Eu diria, “Europeus de todos os países da Europa, uni-vos contra a homogeneidade dos EUA”

Eu acredito numa Europa cada vez mais alargada e com uma política que, não repetindo os erros da ex-URSS, consiga ser uma Europa dos Europeus – realmente de todos os Europeus - democrática, pacífica, humanista e exemplo de fraternidade e igualdade.

De facto, face ao que hoje se passa com a política externa dos EUA, só uma Europa cada vez mais unida e forte se poderá defender.

Aliás, não é por acaso que em muitas situações – como no caso da intervenção americana no Iraque – a Rússia e os principais países europeus tiveram, por assim dizer, uma só voz face ao problema.

Quanto às diferenças “verdadeiramente não europeias” dos novos aderentes, penso que não há características europeias “padrão”.

A Grécia não tem muito a ver com a Alemanha e Portugal não tem muito a ver com a Dinamarca!

No entanto, todos estes países estão ligados, geograficamente, entre si numa plataforma de terra que vai do Mediterrâneo aos Urais.

E isto faz com que em todos estes países se conheça, por exemplo Homero, Bethoven, Tolstoi, Picasso, Renoir, Churchill, Lenine, Adenauer ou o famigerado Hitler.

Há, de facto, uma cultura comum. Ainda que, talvez ténue.

Não foi por acaso que as legiões romanas deixaram a sua cultura, embrião de muitas actuais culturas, por essa Europa fora.

Há muito mais que nos ligue do que aquilo que nos separe.

Por isso, o meu cepticismo “neste tipo de Europa actual” não me faz desacreditar numa Europa do futuro para a qual inevitavelmente caminhamos. Quer queiram ou não os burocratas de Bruxelas ou os “bem instalados no situacionismo actual”.

A actual Europa não é o fim de nada. É apenas o começo, em meu entender.

A Rússia não ficará, inevitavelmente e fatalmente sozinha ou ligada à Ucrânia e à Bielorussa.

A Europa só será Europa, finalmente, quando todos estes países, mais os que ainda faltam no território europeu, se juntarem a esta grande União de Povos.

Respeitando as diversidades e particularidades de cada um mas unidos e fortes como os dedos de uma mão contra a hegemonia americana e as hegemonias nascentes a oriente.

Por isso, por isto, eu sou daqueles que acredita que a Europa só se encontrará a si mesma quando for uma Europa do Mediterrâneo aos Urais.

Fraternalmente.

George

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