O teatro pensado

A arte habita os limites mais avançados da sensibilidade. Renova visões. Reaviva conceitos. Reacende expectativas. Revoluciona o conhecido. Rompe barreiras.

O artista percorre o universo da incompreensão. Extrapola o mundo do certo, da regra, do paradigma, do conservado. Tende à loucura quando seria melhor existir demente. Não consegue viver louco desvairado. É tão e somente um incompreendido. Respira conflitos. Junta pedaços que não se misturam. Provoca. Muitas vezes nem entende a freqüência da sintonia.

Ninguém sabe tudo. Cada um sabe um pouco. O desafio é unir o pouco de todos. A vitamina resultante surpreende.

O teatro pensado funciona assim. Ninguém decora texto. Ninguém representa um papel fechado. Ninguém vive uma receita feita.

Todos pensam, todos chocam, todos vomitam seguindo um roteiro abstrato sustentado em uma tênue estrutura de começo, meio e fim. É que o meio pode ser o começo. E o começo o fim.

A proposta revolucionária é integrar a platéia no palco maior da arte. Essa forma produz um êxtase grupal ao nível da inteligência emocional. Surgem atores anônimos. Surgem vivências extraordinárias. Surgem idéias até então não pensadas.

O caos é proposital. Afinal a vida não passa de uma tentativa de organizar a grande bagunça do mundo.

A dinâmica é real. Os acontecimentos se sucedem aos borbotões sem tempo para pausa. Os viventes humanos hibernam seis ou mais horas por dia. É o tempo em que passam desligados para o motor não fundir.

Julmar Leardini é um dos progenitores deste teatro pensado, que só acontece em alta voltagem. Outros tantos podem estar explorando limites máximos.

A proposta inicial é trazer o Manifesto de Marx e Engels para o confronto do grande fracasso do planeta terra, onde cada incluído vive cercado por dois excluídos e logo mais, três.

Parece que o jogo dos opressores e oprimidos continua em um tom muito acima de tudo que se imaginava. A maioria é oprimida. É escrava. É vassala. É serva.

O poder da maioria sofre o engodo da democracia imposta pelos usurários do jogo político. O savoir-vivre ocidental corrompe e destrói tudo que encontra pela frente. Os santos viram diabos. E os diabos tornam-se monstros.

A humanidade é um grande lixo. Podre, irrecuperável, terrivelmente contaminador. Os falsos homens de bem revelam um egoísmo feito hambúrguer com generosas fatias de burrice.

A segurança só pode ser alcançada com o bem-estar da maioria. Todo mundo quer saber como se faz isto.

Orquiza, José Roberto escritor [email protected]

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