Umas verdades sobre Chechénia

Caros amigos, como nossa imprensa imbecil quer sempre colocar a culpa de tudo no governo russo fazendo dos terroristas sempre as vítimas indefesas, oferecerei aqui um outro lado da moeda desta questão, a que nossa imprensa não divulga:

Não sou russo, nem tenho procuração de Moscou para defendê-los, nem mesmo sei mais do que alguém, mas é preciso analisar os fatos, sem cair em paixões ou sensacionalismo, os jornalistas nem se dão o trabalho de estudar sobre esse conflito.

O argumento sobre “a liberdade e autodeterminação dos povos para decidirem sobre sua autonomia e independência”, é justamente o que dá razão à Rússia neste conflito.

Vamos aos fatos: esses fundamentalistas muçulmanos não têm legitimidade alguma para intentar a independência daquela região do Norte do Cáucaso, outro povo (os kabardos) já viviam lá muito antes deles chegarem da Turquia, e os kabardos viviam sob a proteção do tzar. Ainda no século 17, o príncipe da Kabarda, (povo este sim, originário desta região denominada “Chechenya”, muito antes dos muçulmanos da Turquia emigrarem para lá) tinha por duas vezes jurado aliança com o Tzar). Infelizmente, este aspecto histórico fundamental é ignorado pela imprensa escrita quando se põem a “contar a história chechena”,só falam quando o Sheik Mansur chegou lá, já no fim do século 18, para “libertar” essa região das garras do Tzar, mas não falam que foram eles que, ao ocuparem essa região (provindos da Turquia), exterminaram os kabardos de lá.

Mesmo assim, se o argumento é que os russos ao longo da história foram cruéis e injustos com os chechenos, por isso merecem que seu território seja livre, então deveremos nós todos (95% dos Brasileiros) abandonar o Brasil e devolver tudo para o que resta dos índios, povo que nossos antepassados por séculos massacraram e exterminaram.

Aí, já há um dado a considerar: todas as 157 etnias que integram hoje a Federação Russa (inclusive os eslavos) sempre sofreram (sob todos os regimes), se de fato, um extermínio fosse intentado exclusivamente contra os chechenos, não haveria hoje (mesmo depois de dois grandes conflitos recentes) mais de 1 milhão de chechenos vivendo no Cáucaso, nem 250.000 chechenos vivendo só em Moscou. Ora, o sofrimento e o morticínio não foi privilégio deles. E os mais de 30 milhões de russos que o Tio Joseph exterminou? Ou só os chechenos que sofreram na história?

Mesmo antes da Perestroika, havia plena liberdade de fé e cultura para esse povo. A língua deste povo, o Ichkeri é ensinado juntamente com o russo em todas as escolas,e isto ainda na época da URSS.

Na Rússia, meu caro, vivem mais de 20 milhões de muçulmanos. O Congresso Muçulmano russo sempre rechaçou o separatismo. Em 2003, houve um referendo na Chechênia. Mais de 80% compareceram às urnas para referendar a Constituição chechena, cujo texto prevê que esta continua a integrar a Federação Russa. E um dado a destacar: na Federação Russa, em qualquer votação o comparecimento não é obrigatório.

Se não comparecer pelo menos 30% dos eleitores inscritos, o pleito é anulado e convocam-se outras eleições. E na Chechenya havia mais um motivo para o povo deixar de comparecer: a ameaça dos terroristas, que diziam que atacariam qualquer um que fosse votar, assim como os postos de votação. Mas prevaleceu a vontade do povo: compareceram em massa e fizeram valer sua intenção de permanecer na Federação Russa.

O mesmo vale para esta última eleição de domingo, quando, a despeito das insinuações da imprensa mundial, que já questionavam o pleito antes mesmo de acontecer, Alu Alkhanov foi eleito por ampla maioria. A liga árabe e a CEI foram os únicos que se dignaram em mandar observadores para lá, e não constataram irregularidades de relevo. E como disse, o voto não era obrigatório, havia 7 candidatos, e o Sr. vem me falar de fantoche?

Esses jornalistas jamais leram algo sobre a Chechnya, só sabem criticar as eleições (antes mesmo que fossem começadas). Sequer consideram que a vitória de Alu Alkhanov nas últimas eleições Presidenciais na Chechnya proporciona uma boa chance para normalizar a situação nesta república e parar os atos terroristas tanto na Chechnya propriamente dita como fora dela.

Não falam que este homem tem muito prestígio e elevada autoridade na sociedade chechena. Ao contrário de Kadyrov, é uma pessoa imaculada, não ligada com comunidades corruptas e portanto capaz de contactar e pôr-se de acordo com todos os representantes do povo checheno, inclusive com os separatistas.

Sobre o petróleo e gás natural, devo dizer que este também não é o âmago da questão. A quantia existente lá no Cáucaso é irrisória se comparada ao que há no Mar Cáspio, na Sibéria e em outras regiões. Mais relevante do que o petróleo da Chechenya, seria os importantes gosodutos provindos do Mar Cáspio que passam por este território. Contudo, a questão central, que a região deve permanecer na Federação Russa, é que se esta se achar no direito de declarar a independência, as outras 88 regiões administrativas e repúblicas autônomas farão o mesmo. Aí sim, será a realização do sonho que muitos no ocidente acalentam: o fim da Rússia.

Tudo o que não fazia parte da Rússia, tudo que não tinham legitimidade, foi desmembrado em 1991.

E mais: não esqueçam do que aconteceu lá entre 1996 e 1999, quando a Chechenya obteve uma independência de fato, ao expulsar as tropas russas de lá: conseguiram a proeza de fazerem um Estado pior que o resto da Federação.

Os seqüestros e extorções eram moedas correntes por lá. Até um médico brasileiro da Cruz Vermelha chegou a ser seqüestrado, lembra? Aplicaram a um povo (que quer queiram ou não, também sofreu a parte salutar da influência soviética: que homens e mulheres são iguais, todos têm direito ao estudo e conhecimento e ao trabalho) a lei da Sharia, que manteriam os chechenos como na Idade Média, proibindo todas esas atividades, a submissão da mulher, além de proibição de lazer, cinemas, TV, teatros e vodka.

Tanto é, que um dos grandes separatistas, Akhmed Kadyrov, ao ver essa escuridão sobre a Chechenya, abdicou do separatismo e aliou-se as forças russas, depois de 1999, quando não satisfeitos, os bandidos tentaram ocupar a RA vizinha do Daguestão, mas foram rechaçados, principalmente pelo próprio povo do Daguestão. Este, meu caro, foi o principal e crucial motivo que levou os russos a retomarem a Chechenya, enviando novamente suas tropas para lá, e não somente os atentados terroristas em Moscou que mataram quase 300 pessoas, como a Imprensa diz.

Não se esqueçam: neste segundo confronto (a partir de 1999) não foram os russos que iniciaram. Rebeldes provindos da independente e "livre" Chechenya que começaram, invadindo e tentando ocupar o Daguestão.

Sei que os russos não são santos, ou inocentes, como niguém há assim no mundo, mas considere esses motivos acima expostos.

É necessário estudar e ler com atenção muito, antes de vir aqui e escrever sobre algo que se desconhece. Não que eu saiba mais do que alguém, mas pelo pouco que estudei da questão, (inclusive, e principalmente nas fontes dos próprios rebeldes, o Kavkaz.com), cheguei a uma conclusão: os únicos que querem a Chechenya "livre" e independente são os bandoleiros fundamentlistas que querem fazer da região o seu Emirado.

Antes de tudo, deve-se saber, que as Repúblicas Autônomas, segundo a Constituição Russa, gozam de ampla autonomia, inclusive para gerir seus recursos, como o petróleo.

É uma autonomia bem maior, da que os Estados gozam em nosso sistema federativo. (brasileiro).

Assim, nada justifica esse separartismo, a não ser o interesse de alguns poucos bandoleiros fundamentalistas em se apossar da região, viver às custas do petróleo e escravizar seu povo, mantendo na ignorância, realidade esta, de muitas das teocracias islâmicas espalhadas ao redor do mundo, e como tiveram a oportunidade de fazer lá entre 1996-1999 . Se a reconstrução está difícil, ou há corrupção, não é privilégio desta República. E nem os chechenos são os únicos que sofrem com isso.

Por isso, não confunda com o que está acontecendo na Rússia como “atos legítimos de um povo que quer se libertar”.

Trata-se de terrorismo. A última explosão em Moscou e a ocupação da escola na Ossétia do Sul são, infelizmente, apenas os episódios de uma guerra prolongada da civilização moderna contra o novo desafio, ou seja, contra o terrorismo internacional. O Sr. me acusou de não ser crítico, de ser manipulado pela imprensa internacional, mas pelo menos uma vez, leia o que TODA a imprensa mundial (inclusive a nossa) tem a dizer sobre esses fatos. São completamente a favor dos separatistas, os russos são sempre os opressores, vilões e os culpados. (Será que ainda são comedores de criancinhas, como nos diziam?)

Aí eu lhe indago: a quem interessa ver a Rússia mais dividida e humilhada e expulsa do estratégico território do Cáucaso?? Aos europeus e norte-americanos. Vejam o que eles falam!

Para eles é sensacional uma Rússia enfraquecida e dividida, não é verdade? Vejam o jogo de dois pesos e duas medidas que fazem com o Terrorismo. Os EUA e a Europa rechaçaram ferozmente quando o Osama bin Laden quis discutir uma trégua com a Europa, mas dizem que a Rússia deve negociar com os terroristas! Falam que a situação deve ser resolvida politicamente, mas toda tentativa disso vão logo esculachando: o Referendo de 2003, a eleição de Kadyrov e esta última. (Como se a eleição deles, que elegeu uma pessoa com menos votos que o outro, fosse exemplo para qualquer país...)

A Espanha concedeu asilo político ao ex-chefe do Ministério dos Negócios Estrangeiros da República da Ichquéria (leia-se Chechenya), Ilias Akhmadov. Londres igualmente alberga um dos líderes dos separatistas chechenos e terroristas Zakaev, demostrando assim a pura política de padrões duplos.

Assim, pode-se dizer que a Rússia trava quase que sozinha um luta sem fim e inglória contra o terrorismo, pois com “aliados” como estes, quem precisa de inimigos?

Miguel Galante ROLLO BRASIL

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