Quando a entrevista sai distorcida

A TV Verdes Mares (a Globo de Fortaleza) convidou um membro do Grupo Guararapes para uma entrevista ao vivo no dia 31 de março. Fui escalado.

Combinei por telefone com a produtora do programa a pauta sobre o evento. Disse-me a moça que procurasse falar tão somente sobre a atuação do conterrâneo Marechal Castelo naqueles acontecimentos.

Preparei algumas passagens bem esclarecedoras daquele insigne cearense sobre aqueles conturbados momentos. Na hora do programa o entrevistador colocou-me ao lado de um jornalista comunista cassado e que estivera preso por 10 meses no QG da 10ª RM e que acabara de receber uma indenização de 30 mil reais do governador do estado do Ceará.

A primeira pergunta idiota para mim, para responder em 30 segundos:

“Coronel, o golpe militar de 31 de março de 64 teve alguma repercussão na atual situação econômica do Brasil?”

Respondi que, em 31 de março de 64, NÃO houve golpe militar e, sim, uma ruptura do governo de Minas (Magalhães Pinto), que iniciou a revolução contra o governo central (João Goulart) e os militares foram chamados apenas para por ordem na casa.

Ultrapassei os 30 segundos na resposta. A segunda pergunta foi para o jornalista: ”O senhor acha justo que o atual governo indenize os perseguidos políticos daquela época?” Claro, que o jornalista disse um sim recheado de perseguições, choros e outras lamúrias.

Fez a mesma pergunta para mim que respondi com um sonoro não. E assim terminou a entrevista relâmpago. Conclusão: a verdade histórica continua nebulosa. A grande imprensa faz questão de deixar tudo na escuridão. Usaram o Grupo Guararapes apenas dar uma conotação democrática à entrevista. Na verdade nem nos ouviram.

E assim os jovens vão tendo uma visão distorcida e mentirosa daqueles memoráveis acontecimentos. Na saída da emissora o coitado do jornalista perseguido entrou no seu automóvel Honda Zero Km e eu, com muito orgulho, entrei no meu bem conservado Fiat Uno 96.

José Batista Pinheiro Cel Ref EB 016106870-7