MÁRTIRES DA HUMANIDADE

O mundo aprendeu a arte da insensibilidade. As ondas gigantes da morte dizimaram cidadãos do mundo inteiro. Tudo será rapidamente esquecido.

Nos vivos dói muito mais a perda econômica. Recuperar os 6 milhões de turistas que freqüentavam a Tailândia por ano comprova a escala de valores contemporânea. As 50 mil crianças que morreram não impactam os tripulantes da nave terrestre.

Distante das cenas dantescas, os norte-americanos, por intermédio do próprio senhor dos poderes, não percebem a gravidade ocorrida. São muito mais sensíveis quando destroem seus ícones como as torres gêmeas.

Definitivamente, os mortos não fazem diferença. Pode ser um ou milhões.

Se na ocupação do Iraque recente, quase 150 mil pessoas perderam a vida, é um simples acidente de percurso.

O grande desafio é descobrir quantos precisam morrer para a humanidade acordar. As redes de sensoriamento não funcionam.

As ameaças de doenças infecciosas afetam muito mais que todos os mártires da humanidade. Elas podem se espalhar e invadir o território dos que desfrutam as fantasias da vida. Representam perigo para o dinheiro dos vivos.

O dinheiro possui um alto poder de sensibilidade.

A humanidade não consegue mais se comover. Ninguém vai trocar as festas pela comemoração de mais uma volta do planeta em torno do sol para chorar alguns milhares de mártires. A vida continua. Afinal, quem enfrenta problema que encontre uma solução.

No fundo não somos solidários. Praticamos o jogo da solidariedade porque faz bem para a mídia. Tudo não passa de um belo jogo de esmola.

As pessoas rezam para desafogar suas dores de consciência. Basta orar, irmão. Não precisa fazer nada. Continue vivendo sua vida. Pague os dízimos e os impostos. O resto não faz a menor diferença.

Não importam os 4 bilhões e trezentos milhões de excluídos. Não importam os civis inocentes da Palestina, do Iraque, do Afeganistão, do Sudão, da Colômbia. Não importam os que morrem.

O planeta mantém 30 mil ogivas táticas nucleares apontadas para seus próprios semelhantes. Funcionam por ameaça: “se você detonar a sua bomba eu detono a minha”. E assim vamos levando enquanto for possível.

A humanidade tem medo de pensar, de raciocinar, de avaliar, de questionar, de responder. Precisamos nos ameaçar de matar uns aos outros para preservar a fragilidade de nossas vidas?

A diplomacia é a arte das retaliações?

A democracia é a arte da condução das grandes massas?

As nações unidas são as áreas de encontro das placas tectônicas da humanidade?

As ondas gigantes martirizaram pais, mães, filhos, amigos, irmãos. Não conseguimos enterrar um a um. Não conseguimos chorar a dor.

Será que estes mártires morreram em vão?

Quantos precisam morrer para preservar a vida?

Não vivemos em paz.

Perdemos o direito de morrer em paz.

Será que somos reais? Será que os humanos possuem sensibilidade?

Orquiza, José Roberto escritor [email protected]

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