LIVE AID – 2005

A África, a partir da total independência de seus países, nos anos 1950, vem sendo alvo da comiseração internacional, face à constante situação de miséria da maioria absoluta de seu povo que sempre foi vítima de governantes que, primeiramente, tinham a preocupação de se manter no poder e impedir que as guerrilhas os depusessem.

Enquanto conflitos se multiplicavam, o povo destes países tinha que se dobrar ao vento que soprava em sua direção e os que sobreviveram, estavam quase sempre, esfaimados, pois os recursos que deveriam servir para alimentá-los, estavam sendo gastos em armamentos.

Muitos destes conflitos já cessaram, como o de Angola que perdurou por 40 anos, com milhares de vítimas inocentes, mas o povo de muitos países, principalmente da África negra, ainda continuam famintos pois agora são vítimas de governantes corruptos como Mobutu, que governou a República Democrática do Congo, que ele re-nomeou como Zaire e, os recursos que antes eram desviados para armamentos, hoje são desviados para mansões e carros de luxo, além disso, a África foi e continua sendo palco de abominações indescritíveis como o genocídio em Ruanda, em 1994, que vitimou mais de 800 mil pessoas e no aspecto cultural, a excisão do clitóris em alguns países islâmicos como a Nigéria, o que faz com que uma parte da África esteja ainda na Idade da Pedra e sempre necessite de auxílio internacional.

O músico britânico Bob Geldof, organizou em 1985, o concerto Live Aid para angariar fundos para ajuda aos países africanos mais atingidos pela fome. Conseguir arrecadar 100 milhões de dólares, que serviu, ,na ocasião, para aliviar a fome de algumas pessoas por algum tempo, quando os recursos eram alocados corretamente, mas se o objetivo de Geldof era também, chamar a atenção dos líderes mundiais para o problema, isto não foi alcançado.

Os líderes de países economicamente forte, em sua maioria, costumam escutar, muito polidamente, as reivindicações de pessoas influentes do mundo das artes, por exemplo, como foi o caso das viagens internacionais que o cantor Sting promoveu, juntamente com o Cacique Raoni, para chamar a atenção para a questão indígena e do cantor irlandês Bono Vox, que liderou a cruzada pelo perdão da dívida dois países do terceiro mundo e até mesmo o Papa João Paulo II, quando solicita coisa semelhante, são todos muito educadamente recebidos, mas ignorados.

Para auxilio à África, houve também, uma contribuição de alguns artistas da música pop norte-americana, o USA for África que na ocasião gerou um episódio bastante cômico pois alguns artistas brasileiros, liderados pelo hoje Ministro da Cultura, Gilberto Gil, sentiram inveja do enorme sucesso que havia alcançado o USA for África com sua música “We are the world” que se tornou um enorme sucesso mundial e conseguiu arrecadar 50 milhões de dólares, decidiram fazer o “Brasil for África”, que conseguiu vender algumas unidades, mas a pífia quantia arrecadada, não precisaria viajar tanto para a África, pois no Brasil havia e ainda há pessoas tão famintas quanto la.

Vinte anos depois do Live Aid, Bob Geldof, novamente organiza um concerto com o mesmo objetivo: auxiliar os povos africanos assolados pela fome..

Desta feita, o concerto, que foram 10 em diferentes partes do mundo, chama-se Live Eight, para que os líderes do G-8, se sensibilizem com o seu ato e promovam o perdão da dívida dos países mais pobres..

Ocorre que, desta feita, Geldof tem um poderoso aliado: o Primeiro-Ministro britânico, Tony Blair, que necessita melhorar sua imagem junto aos seus, e entre outras coisas, sugeriu que fosse adotado um novo Plano Marshall, que foi o plano de ajuda norte-americano aos países da Europa do pós-guerra, para auxílio aos países africanos, mas para que isto se tornasse realidade seria necessário que ele conseguisse persuadir seu aliado e amigo, o presidente norte-americano, George W. Bush, a seguí-lo.

Bush, com todos os problemas que tem, ainda tem de bancar o bom moço, porque afinal, foi seu aliado quem pediu, sendo assim, anunciou uma ajuda de 750 milhões de dólares.

Contudo, há um ponto a ser analisado: as economias socorridas pelo Plano Marshall conseguiram se reerguer e algumas estão hoje, entre as mais fortes do mundo, mas um plano de ajuda à alguns países africanos, nos mesmos moldes, provavelmente, não produzirá o mesmo resultado pois se a décadas, á ajuda que vem sendo fornecida a estes países, não gera resultados efetivos, é muito improvável que um novo plano de ajuda o fará e daqui a 20 anos precisaremos de um novo Live Aid, a menos que haja com a ajuda, uma condição para que haja nos países a serem auxiliados, uma gerência internacional que estará certamente, livre do câncer da corrupção.

Para que não haja mais a necessidade de Live Aid’s, e para que não mais haja necessidade de auxílio financeiro aos países africanos, serão necessárias medidas efetivas que englobem, por exemplo, a educação técnica para que o povo de cada país aprenda a extrair o que ele possui de aproveitável e, também seria útil, que a ajuda seja direcionada para a logística que é uma das grandes carências da maioria dos países para permitir, por exemplo, que o alimento chegue a quem necessite.

Também será necessário algo que é inconcebível na mente de muitos líderes africanos: a integração; a criação de uma espécie de Mercado Comum Africano que auxiliaria, sobretudo os países sem faixa litorânea, pois o comércio exterior tem sido a mola mestra que tem alavancado a economia de alguns países africanos como Angola e Nigéria, que agora é um dos países exportadores de petróleo.

Contudo, este tipo de auxílio talvez não seja interessante para alguns líderes do mundo pois talvez não seja positivo. Uma África unida e potente poderá começar a ditar retgras e impor sua vontade como a China tem feito.

É melhor que os países africanos continuem desse modo. Afinal, o que seria dos dominadores se não fossem os dominados?

Jose Schettini Petrópolis BRASIL

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