VIAGEM PELO MUNDO EM 2.004 - parte 2

O desembarque foi rápido, e consegui um táxi que nos levou a Amora, do outro lado do Tejo (rio que banha Lisboa), passando pela Ponte 25 de Abril; que sempre me causara medo, por Portugal estar com os EUA no Iraque e o ponto ser de grande interesse para os opositores dos EUA explodirem!

Portugal para mim, dado as minhas permanências somarem mais de três anos, já e um velho conhecido, e por isso não me sinto estranho quando chego aqui.

Amora, bairro no outro lado do Rio Tejo (de Lisboa), onde alugamos apartamento, também já e minha velha conhecida, pois vivi boa parte de minha estadia em meu trailer, estacionado perto da casa de Isabel, uma amiga da Renata. Estamos também perto de Seixal, ao lado de Amora, onde passei também uns bons tempos.

Como podem ver, estava voltando temporariamente, para mares já muito navegados. O apartamento, que aluguei em Amora era dividido com a proprietária, que passava 90% do dia trabalhando, mas nos usávamos, além do quarto, uma vez ou outra a cozinha.

Descansamos, o resto do dia da chegada, do balanço insano do navio. Dormimos muito bem, pois o lugar, no momento, é muito silencioso.

Principiamos a operação para a compra de um carro, que não fosse muito velho. Entrei em contacto com a vendedora de nosso trailer, que prometeu entregar os 3.000 Euros combinados pessoalmente, em um Banco de Amora.

Entramos em contacto também com três vendedores de carro, incluindo o nosso vendedor do carro comprado no ano 2.000, e que nos serviu para corrermos a Lapponia na Escandinávia. A minha tendência conservadora me colocou com o vendedor do ano 2.000 e que nos ofereceu um carro HYUNDAI de 1996 pelo preço de EU$ 3.500, o que vem a ser, no cambio do dia, R$ 12.600,00, e que somando com o seguro saiu a R$ 14.000,00.

O problema na compra de carro usado é o seguinte: ou você confia ou não confia! Pensando, que vendi o meu WW Gol, ano 2.002, com ar refrigerado, direção hidráulica (o HYUNDAI que comprei não tinha), por R$ 17.800,00, me fez acreditar, que no Brasil se compra carros usados, hoje em dia, muito mais baratos do que na Europa.

De posse do carro, fui visitar alguns conhecidos, entre eles o dono da Radio Baia, enquanto aguardava a Carta Verde, o seguro, sem o qual não se pode sair de Portugal e viajar pela Europa. Visitei o PCP(Partido Comunista Português) de Seixal, onde mantive conversação com o representante da Imprensa; nos dias subseqüentes visitei o Clube da 3ª. Idade da mesma cidade e em Amora, onde estamos morando.

Não poderia deixar de escrever, em especial depois da entrada de Portugal na União Européia, como vão passando os portugueses.

Tudo em Portugal aumentou de preço, e muito; fiz um calculo e cheguei (com os preços dos legumes, verduras e frutas muito altos) à conclusão, que aqui, só se vive igual a quem ganha o nosso salário mínimo, quem ganhar mais de EU$ 700.

Fui saber, no decorrer de minha permanência em Portugal, que o salário mínimo lá, era de EU$ 500. Mais tarde fui saber que era uma balela, pois na TV, assistindo um protesto de aposentados, ouvi a declaração de um deles, que dizia receber EU$ 100 por mês. Logicamente o miserável deve passar muita fome!

Quem quiser ter uma idéia mais substancial do que se passa, não só em Portugal, mas também nos outros paises da União Européia é só ler o meu artigo: “A Economia Capitalista dá o seu último suspiro”, publicado no site: www.pravda.ru em português, na seção de Opinião, no dia 8-5-2.004.

A desvalorização do real, nesses últimos cinco anos, deixou, nós os brasileiros, com grandes dificuldades para viajar, em especial para a Europa; com a grande valorização de sua moeda, relativo ao dólar.

Compras feitas, tanque do carro cheio (gasolina a R$ 3,50 não é nada agradável), e marcamos a viagem para as 5 horas da matina.

O aluguel do quarto, por 20 dias, nos custou EU$ 150,00, ou seja, R$ 525,00, sendo ele de 3ª categoria, apesar de podermos usar a cozinha. A nossa locadora, apesar de ter abusado de gorduras, era muito simpática. O Timi nos convidou para almoçar, creio que foi para dar as boas vindas, em um restaurante de Amora, e em sua casa, creio que para a despedida, com direito a salmão e caviar especial russo.

O frio aqui, em especial esse ano, estava terrível, até em maio as temperaturas estavam baixíssimas, e em mais de 90% de suas residências não estava funcionando o aquecimento por falta de verba para esse tópico. Os portugueses creio eu, se conformam com esse sofrimento, ou como alguns dizem: estão acostumados!Saímos de Lisboa no dia 25 de abril, data comemorativa da “Revolução dos Cravos”, para mim, uma revolução que começou muito bem, mas foi com o decorrer do tempo, controlada por forças ocultas, naturalmente supervisionadas pelo Departamento de Estado Norte-Americano, que não deixa nada acontecer no mundo, sem o seu conhecimento e sua permissão.

Os 200 km até a fronteira e já nos encontramos em Badajoz, primeira cidade espanhola, depois da fronteira. A gasolina na Espanha é 20% mais barata que a portuguesa, apesar da moeda ser a mesma: Euro. A Espanha é o país europeu, com a mais fantástica produção agrícola do continente. Tirando o turismo, sua principal receita, a agricultura é inegavelmente a segunda.

Depois de andarmos 100 km por estradas espanholas o carro começou a apresentar defeito, com instabilidade constante na direção. Paramos na primeira cidade, mas, como era domingo, as oficinas se encontravam fechadas; algumas pessoas no posto de gasolina que parei, sugeriram serem as rodas o nosso problema, mas como as oficinas estavam serradas, e não tinha paciência de esperar até ao dia seguinte, resolvi continuar a viagem.

Depois de uns 20 km um pneu de traz estourou! E ainda bem que tinha decidido não andar a mais de 80 km por hora! Como estávamos na auto-estrada, parei no acostamento e me preparei para mudar o pneu. Mas, um acontecimento fora da lógica ocorreu: foi a constatação da falta da chave de parafusos, sem a qual era impossível mudar o pneu. Nessa hora se amaldiçoa quem lhe vendeu o carro, e os seus respectivos genitores, depois pensamos nas providencias que teremos que tomar nessa situação!

Armando Costa Rocha PRAVDA.Ru BRASIL

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