Conferência de Potsdam

Apresentamos uma entrevista concedida pelo Doutor em Ciências Históricas Valentin Falin ao observador desta Agência, Viktor Litovkin, dedicada à Conferência de Potsdam (Berlim) dos Chefes de Estado da coligação anti-hitleriana - a URSS, os EUA e a Grã-Bretanha. Os líderes dos três países reuniram-se, entre 17 de Julho e 2 de Agosto de 1945, em Potsdam, para decidir sobre o futuro da Alemanha derrotada e a futura ordem internacional.

RIA "NOVOSTI": A nossa entrevista anterior terminou com o senhor dizendo que a Cimeira de Potsdam poderia não se ter realizado se os EUA não tivessem precisado de ajuda do Exército Soviético na luta contra o Japão. Todavia, durante os trabalhos da Conferência, as negociações estiveram muitas vezes à beira do impasse...

FALIN: Tem razão. Os progressos e as situações de impasse alternaram-se durante toda a Conferência, desde o seu início até ao seu final. Vamos tentar explicar porquê e vamos ver se o governo soviético sabia das manobras dos adversários da Rússia no Ocidente. Será certamente exagero afirmar que o Kremlin sabia de todos os segredos de Londres e de Washington, como fazem crer os historiadores ocidentais. Por outro lado, Moscovo tinha uma noção bastante clara do sentido em que se deslocava o ponteiro do barómetro político e das razões por que as potências ocidentais se desviavam dos acordos de Yalta, a Grã-Bretanha não dissolvia as divisões alemãs em Schlezwig-Holstein e no sul da Dinamarca e Truman passou a usar uma linguagem de ultimatos nos encontros com Molotov e outros dirigentes soviéticos... e assim por diante, é impossível citar todos os episódios.

Sabemos hoje que o falso juramento de Churchill na Primavera de 1945 não foi uma manobra inesperada. Hoje ninguém duvida de que o falecimento de Franklin Roosevelt equivaleu à revisão substancial da política dos EUA. Estaline, entretanto, subestimava a gravidade da crise ou esperava poder dissuadir Washington de passos radicais e explicar a Truman que os EUA também estariam entre os que perderiam se não aproveitassem essa oportunidade de acabar com a política de força nas relações internacionais.

Nos finais de Maio de 1945, o Estado-Maior General soviético avisou o marechal Jukov de que a Grã-Bretanha estava a tramar uma aventura com o emprego de tropas nazis. As tropas britânicas também se mantinham de prontidão na Europa. Causava preocupação a obstrução de Londres à implementação dos acordos de Yalta sobre as zonas de ocupação. Moscovo decidiu corrigir a situação e dar um exemplo a seguir, tendo aprovado, a 23 de Junho de 1945, a lei sobre a redução do pessoal do Exército e da Marinha. A desmobilização começou a 5 de Julho de 1945, tendo o número de efectivos diminuído, até 1948, de 11 milhões para menos de três milhões. Em Setembro de 1945, as tropas soviéticas foram retiradas do norte da Noruega, em Novembro da Checoslováquia, e, em Abril de 1946, da ilha de Bornholm (Dinamarca). Os contingentes estacionados na Alemanha Oriental, na Polónia e na Roménia também sofreram uma forte redução.

Numa palavra, antes e depois da Conferência de Potsdam, a URSS demonstrou sempre o seu desejo de percorrer a sua parte do caminho para que a camaradagem de armas viesse a transformar-se numa cooperação pacífica criadora. No entanto, no Outono de 1947, o governo soviético perdeu a esperança de inspirar confiança aos parceiros da URSS e persuadi-los a respeitar os interesses da outra parte para preservar o valioso capital acumulado pela coligação anti-hitleriana. Foi quando ocorreu um forte retrocesso nas relações.

A delegação soviética chegou ao encontro dos "três" com o objectivo de promover uma cooperação honesta. Já no primeiro dia dos trabalhos da Conferência de Potsdam, o Presidente norte-americano Truman, como este escreveu a um amigo seu, conseguiu "sem grande custo, o que o trouxera a Potsdam: Estaline prometeu entrar na guerra contra o Japão. Agora posso dizer que terminaremos a guerra um ano antes, estou a pensar nos soldados que, assim, não morrerão".

No que respeita às outras questões, o chefe da delegação soviética seguiu a mesma táctica do encontro de Yalta, aceitando na generalidade as propostas dos EUA na medida que estas não iam contra a posição soviética. Mesmo quando as propostas americanas não estavam de acordo com a posição da URSS, Estaline, antecipando a polémica, exortava Truman a examinar outras opções. Por exemplo, a parte americana trouxe consigo a proposta de dividir a Alemanha em três ou cinco Estados, a qual, entretanto, não chegou a ser discutida na Conferência, dado que a parte soviética a antecipou, tendo sugerido encarar a Alemanha como país íntegro. Os americanos ficaram decepcionados, não se tendo atrevido, contudo, a pôr a referida proposta na mesa de negociações.

A 21 de Julho, segundo o testemunho do primeiro-ministro britânico, o Presidente americano mudou de táctica. A gentileza com que o líder americano se apresentava dissipou-se. O Presidente americano, escrevia Churchill, começou a dizer aos russos o que e como deveriam fazer e a apresentar-se senhor da situação. Churchill atribui esta mudança na posição americana ao telegrama recebido pelo Presidente norte-americano de Washington sobre o ensaio bem sucedido de uma arma nuclear. Os EUA conseguiram esta "arma diabólica" e sentiram-se senhores da civilização terrestre. A ideia de hegemonia mundial tornou-se no principal eixo da política americana.

Neste contexto, um aspecto muito importante deve ser assinalado. A Conferência de Potsdam começou os seus trabalhos a 17 de Julho, tendo, a 19 de Julho, os EUA revisto completamente a sua doutrina político-militar no sentido da possibilidade de efectuar "golpes preventivos" contra o inimigo, contrariamente à doutrina anterior de "repelir uma agressão". A nova doutrina acentuava sobretudo o elemento-surpresa no combate a uma "fonte de ameaça", competindo unicamente aos EUA, segundo o documento, definir o carácter e a data da eliminação das ameaças. Os autores da nova doutrina começaram a elaborar os conceitos e fórmulas da nova estratégica político-militar dos EUA em Maio de 1945, encarando a União Soviética como principal "inimigo potencial". Quando a URSS soube dos planos dos EUA, o Estado-Maior General soviético ordenou o reagrupamento das tropas e a verificação das posições dos contingentes militares dos aliados ocidentais da URSS. A bem da verdade, não se sabe ainda hoje se o líder soviético tomou conhecimento da revisão da doutrina norte-americana na Conferência de Potsdam ou antes.

À primeira vista, os líderes dos três países estavam a traçar o caminho da co-existência pacífica e a elaborar condições em que cada uma das partes pudesse aproveitar-se da vitória comum. O que é que houve na verdade? As declarações altissonantes de Truman nas negociações de Potsdam encobriam, de facto, a transformação da política de cooperação no prosseguimento da rivalidade por outros métodos.

Ao partir da Alemanha, o Presidente dos EUA deu a ordem ao general Eisenhower de elaborar uma concepção de confrontação militar com a União Soviética, posteriormente conhecida como plano "Totality". Em Agosto de 1945, com a participação do alto comando da Força Aérea americana, foi elaborado o "Mapa Estratégico das Regiões Industriais da Rússia e da Manchúria" que incluía 15 grandes cidades da URSS com a indicação dos alvos prioritários e da quantidade de munições nucleares necessárias à sua destruição, calculada com base na experiência dos bombardeamentos de Hiroxima e Nagasaki. E tudo isto no momento em que o Exército Soviético, juntamente com as tropas americanas, estava a lutar contra as tropas japonesas em Guandun. Naquela mesma altura, o Comité de Staff Militar dos EUA promoveu uma pesquisa com vista a verificar a vulnerabilidade da União Soviética em caso de emprego de armas nucleares pelos EUA. A pesquisa resultou no documento nº 329/1, que previa o bombardeamento nuclear de 20 cidades soviéticas. Seis meses depois, surgiu o plano "Pincer" que já previa o emprego de 50 bombas atómicas contra a URSS e assim por diante. A terceira guerra mundial chamada, por equívoco, "guerra fria", estava a ganhar ímpeto, destruindo as noções habituais de moral e humanismo.

RIA "NOVOSTI": São muito raros os casos em que a culpa é completamente de uma das partes do conflito. Poderá a política hostil em relação à URSS ter sido provocada pelas acções de Estaline?

FALIN: Estaline é, certamente, responsável pelos crimes cometidos contra o povo soviético. No entanto, isto não dá motivo para o responsabilizar pelos actos alheios, nomeadamente a quebra dos compromissos, assumidos pelos três países em Teerão e Yalta e reafirmados em Potsdam, de banir a violência das relações internacionais, revelar tolerância e de conviver pacificamente como bons vizinhos.

A parte soviética fez tudo o que estava ao seu alcance para levar à prática a concepção de um mundo menos perigoso e mais justo. Nenhum dos analistas honestos do passado porá em dúvida a disponibilidade da URSS, na encruzilhada histórica de 1945, de respeitar os interesses dos EUA e dos outros países aliados. A União Soviética, após o que sofrera na guerra contra a Alemanha nazi, não tinha o menor desejo de provocar conflitos nem complicar as suas relações com ninguém. A URSS estava aberta à amizade. Como relatavam os serviços secretos americanos ao Presidente dos EUA, nos 10 a 12 anos seguintes a URSS não representaria ameaça para ninguém.

RIA "NOVOSTI": O que se entendia pela nossa "amizade"?

FALIN: A Alemanha era o principal adversário das Nações Unidas. O seu enorme potencial militarista definiu, em grande medida, o curso da Segunda Guerra Mundial. É lógico que, no interesse da estabilidade internacional no pós-guerra, fosse necessário evitar que a Alemanha se tornasse um pomo de discórdia entre os vencedores. Como? Moscovo sugeriu encarar a Alemanha como nação íntegra durante a sua reestruturação política, social e económica. Nesse sentido, a URSS sugeriu garantir a todos os partidos anti-nazis, fossem eles de esquerda ou de direita, assim como aos sindicatos e à Igreja a possibilidade de actuarem segundo regras iguais em todas as quatro zonas de ocupação e aos alemães, a de decidirem, por si mesmos, sobre o seu sistema económico-social e realizarem, para o efeito, eleições de acordo com uma lei eleitoral comum a todas as zonas de ocupação.

Os dirigentes dos EUA e da Grã-Bretanha não aceitaram a proposta soviética, tendo insistido em limitar-se à manutenção da moeda única e à permissão do comércio através da troca directa de produtos. O poder supremo na Alemanha deveria pertencer aos supremos comandantes das Forças Armadas das quatro potências "individualmente nas suas respectivas zonas de ocupação, e colectivamente no que se refere às questões relativas à Alemanha em geral". Segundo o acordo a que chegaram as partes, para os efeitos do controlo económico, deveria ser criado um órgão administrativo alemão e, segundo era referido mais adiante, a população alemã deveria ser tratada de forma igual em toda a Alemanha.

A divisão do país estava, de facto, programada. Os franceses aderiram ao acordo de Potsdam, com a ressalva de que a França não se sentiria obrigada a observar as cláusulas relativas à preservação da integridade alemã. Pouco tempo depois, Washington tirou o seu dividendo da ressalva francesa. Em meados de 1946, os americanos tinham um plano de criar a partir das três zonas de ocupação ocidentais um Estado alemão separado, rearmá-lo e inclui-lo nos planos militares contra a URSS. Os resultados não se fizeram esperar.

A separação da zona de ocupação soviética pressupunha crescentes diferenças entre a URSS e os países ocidentais. As três potências ocidentais reduziram a nada as propostas de democratização da economia alemã. Em Gessen e Renânia do Norte-Vestefália as autoridades ocupacionistas decidiram realizar um referendo na esperança de que a maioria da população se pronunciasse contra a nacionalização dos bancos, grandes fábricas, nomeadamente daquelas cujos proprietários haviam colaborado com o regime nazi. Mas o resultado foi oposto. A maioria esmagadora dos alemães votou a favor da nacionalização das maiores empresas e das instituições financeiras do país.

Os "democratas" ocidentais anularam sem a menor hesitação os resultados do plebiscito e fizeram com que a Constituição de Bona proibisse todas e quaisquer consultas populares de futuro. No final de contas, a "democratização" foi substituída pela "descartelização". Os cartéis sofreram algumas restrições que, entretanto, não fizeram diminuir a sua influência. Ainda mais triste foi a situação dos termos das reparações à URSS, Polónia, Jugoslávia e a alguns outros países atingidos pela agressão nazi.

RIA "NOVOSTI": Mas os acordos de Potsdam estabeleceram que 10 a 15 por cento do equipamento alemão desmontado nas zonas de ocupação americana e britânica deveria ser entregue à União Soviética?

FALIN: Sim, estabeleceram, só que, na prática, o resultado foi miserável. A União Soviética recebeu equipamento proveniente das zonas de ocupação ocidentais no valor inferior a seis milhões de dólares. Uma verdadeira gota no oceano em comparação com os prejuízos que, pela lei da justiça, deveriam ter sido indemnizados pelo agressor. Este número é incomparável com o valor das reparações recebidas pelos países ocidentais que, para além do mais, se apoderaram das reservas de ouro da Alemanha e de milhares de patentes tecnológicas no valor total de cerca de 10 biliões de dólares, etc. Washington, empenhada em construir a Aliança do Atlântico Norte, não poupava recursos, prestando ajuda financeira à Grã-Bretanha, Itália, Turquia e, inclusive, à Alemanha Ocidental, velando para que um só dólar e até um só marco a mais não caísse em poder da URSS.

RIA "NOVOSTI": Pelo que nos lembramos, foi decidido "desfascizar" e desmilitarizar a Alemanha, além de realizar reformas económicas. O que foi feito nesse sentido?

FALIN: Tais decisões foram claramente formuladas. Mas, se na zona de ocupação soviética a herança nazi era arrancada pela raiz com um entusiasmo às vezes injustificadamente exagerado, os países ocidentais contentaram-se nas suas respectivas zonas de ocupação com medidas superficiais. Os "democratas" ocidentais estavam mais preocupados em impedir a chegada ao poder de elementos de tendências esquerdistas, que se opunham à adesão da nova Alemanha à nova aliança militar.

Quanto à desmilitarização, procedemos como sempre se faz na Rússia, sem pensar nas consequências, tendo destruído completamente todas as fábricas subterrâneas, bunkers e outras infra-estruturas alemãs situadas na zona de ocupação soviética. Os representantes dos países ocidentais no Conselho de Controlo elogiaram os nossos esforços, tendo-nos prometido seguir o exemplo, mas actuaram, de facto, pelo princípio "devagar se vai ao longe".

RIA "NOVOSTI": Quais as questões que provocaram maiores discussões na Conferência de Potsdam?

FALIN: A da fronteira ocidental da Polónia. No encontro de Yalta, havia sido acordado que a fronteira iria passar pelo Óder-Neibe. Truman não quis respeitar os entendimentos alcançados pelo seu antecessor. A concepção "Pax Americana" não se coadunava com fronteiras firmemente estabelecidas. No entanto, graças aos esforços e insistência da parte soviética, chegou-se a um acordo aceitável. As terras a leste do Óder-Neibe foram retiradas do controlo soviético e colocadas sob a administração da Polónia, reflectindo assim, para além do mais, o estado real de coisas: na altura da Conferência, nestas regiões já quase não havia alemães. A formalização jurídica do novo estatuto territorial foi deixada para depois. O "depois" ocorreu apenas em 1991.

RIA "NOVOSTI": Quando é que a população alemã abandonou essas terras?

FALIN: Em Abril - Maio de 1945.

RIA "NOVOSTI": Os alemães saíram de lá voluntariamente ou foram expulsos?

FALIN: A maioria da população local abandonou essas terras na véspera da chegada das tropas soviéticas. Goebbels assustou-os tanto que milhões de habitantes locais acharam por bem não tentar a sorte. Os que ficaram foram feitos sair da Prússia Oriental, Pomerânia, Região dos Sudetas, Hungria, Roménia. O número total de deslocados atingiu cerca de 14 milhões. No entanto, todos os números são relativos. Quantos russos, bielorrussos, judeus, polacos e outros foram obrigados a deixar as suas casas e bens, fugindo da invasão alemã? 30 a 35 milhões, dos quais cerca de dois milhões morreram nos bombardeamentos alemães e esmagados pelos tanques nazi. Esta é uma outra verdade histórica amarga.

RIA "NOVOSTI": Na interpretação polaca da Conferência de Potsdam a luta da União Soviética pelos interesses territoriais da Polónia é silenciada ou deturpada.

FALIN: Como dizem os franceses, cada acto bom deve ser pago. No Médio Oriente foram mais longe, considerando-se o agradecimento como pecado mortal.

RIA "NOVOSTI": Voltemos ao início da nossa entrevista. O senhor disse que, no dia 21 de Julho, o Presidente Truman mudou drasticamente de táctica nas negociações. A fissão nuclear começou a alterar a mentalidade política e militar americana. Mas porque é que, depois da explosão em Alamogordo, os EUA não deixaram de desejar que a União Soviética entrasse na guerra contra o Japão?

FALIN: Tocou num assunto delicado. Washington dispunha de informações de que o Japão havia decidido capitular assim que a União Soviética lhe declarasse guerra. Essa decisão de Tóquio levou os militares americanos a crer que estavam certos ao decidir conjugar os seus esforços com Moscovo. Por outro lado, o Presidente Truman e os seus conselheiros estavam descontentes ao ver que a capitulação do Japão estava condicionada à entrada da URSS na guerra.

Por ordem do Presidente Truman, o então secretário de Estado norte-americano, Beerns,(este facto, aliás, é pouco conhecido) começou a persuadir Chang Kai-Chek a bloquear o cumprimento de uma das condições colocadas pela URSS para entrar na guerra: o reconhecimento da independência da Mongólia pela China. No entanto, as tentativas de deixar a União Soviética do lado de fora da "porta da Ásia do Pacífico" fracassaram. Truman não tinha outra alternativa a não ceder aos seus dirigentes militares. Todavia, Truman não deu ouvidos ao seu conselho de não empregar a arma nuclear contra o Japão, tanto mais que não havia nenhuma necessidade disso.

Ao saber junto de Estaline que o Exército soviético deveria entrar na guerra contra o Japão na noite de 8 para 9 de Agosto de 1945, Truman deu a ordem de lançar, a 6 de Agosto, uma bomba atómica sobre Hiroxima. Assim, permito-me constatar que a Conferência de Potsdam e a época em que os países se uniram para livrar as gerações vindouras dos males da guerra terminou a 6 de Agosto de 1945. Os EUA condenaram centenas de milhares de pessoas à morte imediata ou a uma dose letal de radiação para demonstrar ao mundo, sobretudo à União Soviética, que passaram a possuir uma arma de destruição completamente nova. Nas relações internacionais adopta-se um "conjunto de acordos de cavalheiro": os fins justificam os meios; os desiguais nunca podem ser iguais; o carácter global dos interesses do mais forte justifica a sua ingerência nos assuntos de qualquer região e de qualquer país... O carácter imprevisível da política americana passou a ser apresentado por Washington como arte de "balançar à beira de uma guerra" e o seu trunfo estratégico. A filosofia da violência ganhou terreno, tendo-se tornado o alfa e o omega da estratégia americana. Ao partir de Potsdam, Truman disse aos seus conselheiros que jamais iria ter encontros cimeiros com a participação da União Soviética.

RIA "NOVOSTI": Mas a comunidade internacional acolheu as resoluções da Conferência de Potsdam com esperança num futuro melhor, tendo-a qualificado como "coroa da coligação anti-hitleriana"...

FALIN: Quem não sabia das manobras secretas nos bastidores da Conferência de Potsdam nem podia pensar que as lições das duas Guerras Mundiais fossem tão rapidamente esquecidas e que os antigos aliados não aproveitassem devidamente a oportunidade de mudar a ordem internacional. Os românticos políticos estavam mesmo dispostos a colocar a coroa de louros nos participantes da Conferência de Potsdam, não sabendo que na Conferência se fazia uma outra coroa, a de espinhos.

RIAN

Subscrever Pravda Telegram channel, Facebook, Twitter

Author`s name Pravda.Ru Jornal
X