Duas boas notícias sobre Aleijadinho

No Brasil, um processo recente pôs em evidência o quanto a contestação da autenticidade de uma obra de arte gera polêmica, não exatamente estética, mas financeira.

O colecionador brasileiro Renato Whitaker, possuidor de esculturas atribuídas a Aleijadinho, tentou impedir, na justiça, a publicação de um livro revisitando o legado deste grande nome do barroco mineiro.

Na obra intitulada O Aleijadinho e Sua Oficina, da Editora Capivara, dois pesquisadores defendem que a maioria das estátuas de Aleijadinho teriam sido feitas por seus aprendizes. Trata-se de um vasto trabalho de catalogação da obra de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, cuja primeira edição fora inteiramente apreendida por determinação da Justiça. O colecionador brasileiro havia alegado que a publicação lhe traria “danos morais”, mas a Justiça de São Paulo acabou liberando, há pouca semanas, a comercialização do livro em questão. Um dos argumentos foi o de que se trata de obra científica, buscando a verdade histórica e não benefícios ou prejuízos pessoais. O juiz não só liberou a circulação da obra, como também negou o pedido de indenização feito por Whitaker e suspendeu o chamado "segredo de Justiça" que cercara o processo. Vitória da liberdade de expressão.

Uma outra boa notícia para quem gosta das estátuas de Aleijadinho é que um projeto completo de restauração, que inclui até paisagismo, promete recuperar suas esculturas na cidade de Congonhas do Campo, Minas Gerais.

Para quem não sabe, cogitava-se levar os originais para um museu, deixando apenas réplicas ao ar livre, a fim de evitar a degradação progressiva das peças. Mas no dia 17 de julho, foi oficialmente iniciado o projeto de iluminação, segurança e paisagismo do Santuário de Bom Jesus do Matosinho – onde se encontram os 12 profetas e outras 66 figuras esculpidas pelo mestre e por seus discípulos.

Espalhadas pelo pátio e por seis “passos” (pequenas capelas retratando a via crucis de Cristo), as esculturas do final do século XVIII, tomabadas pela UNESCO em 1985, atraem cerca de 50 mil turistas à região todos os anos. Além da iluminação especial, que permitirá visitas noturnas, e do paisagismo projetado por Burle Marx para o conjunto, os 12 profetas também vão passar por um tratamento. Graças a um convênio com o governo alemão, será possível evitar que fungos continuem destruindo a pedra-sabão que dá forma a Abdias, Amos, Baruc, Daniel, Ezequiel, Habacuc, Isaías, Jeremias, Joel, Jonas, Naum e Oséias. SE você ainda não conhece as cidades históricas em Minas Gerais, eis mais um bom motivo para programar uma viagem.

Ilana GOLDSTEIN

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