Personalidade da Semana: Arthur Miller

Arthur Miller não precisou de morrer para ficar famoso – foi a cara dos intelectuais norte-americanos que não tinham medo de levantar questões sociais importantes e apresentar o outro lado do grande sonho americano, do qual Miller fazia parte.

Nasceu em 17 de Outubro de 1915 no seio duma família de imigrantes polacos, cujas fortunas foram dramaticamente alteradas para o pior durante a Grande Depressão nos anos 1930, Arthur Miller declarou numa entrevista com The Guardian em 2002 que toda a sua geração foi afectada por essa experiência.

Naturalmente, a sua obra reflecte as preocupações que ele viu à sua volta quando crescia como adolescente e Arthur Miller viu no Marxismo um escape. “O Marxismo parecia ser a chave a todos os nossos problemas. O dinheiro estava nas mãos erradas. Nós precisámos de reconstruir a nossa sociedade”, disse Miller, que mais tarde teve dúvidas sobre o Marxismo como modelo social.

Arthur Miller começou a escrever peças enquanto estudava jornalismo e inglês na Universidade de Michigan e em 1944, sua primeira peça a aparecer em Broadway (O Homem que Teve Toda a Sorte), ganhou um Prémio da New York City Theater Guild, mas só apareceu durante quatro noites devido a falta de audiências. Contudo, cinco anos mais tarde, chegou ao cúmulo de sucesso com Morte dum Caixeiro Viajante, uma obra mestre acerca da precariedade da vida e carreira dum homem, que ganhou os prémios mais importantes no teatro, o Pulitzer e o Prémio do Círculo dos Críticos de Drama.

A preocupação social nas suas obras despertou a animosidade do estabelecimento de direita e Arthur Miller foi chamado perante a Comissão do Congresso para Actividades Anti-Americanas do McCarthy depois de escrever The Crucible (As Bruxas de Salem), acerca da caça às bruxas em Nova Inglaterra em 1692. Contudo, Arthur Miller se recusou a denunciar qualquer dos seus contactos da esquerda política, declarando que “Eu não acredito que um homem tem de se tornar informador para poder continuar a praticar a sua profissão nos Estados Unidos”. Por isso, negaram-lhe um passaporte e foi considerado desrespeitoso do Congresso, mas em 1958 os tribunais declararam nula a consideração.

Como Presidente da International Pen Club, visitou pela primeira vez a URSS e a Checoslováquia em 1965. Admirador de Chekov, Arthur Miller decidiu ser escritor depois de ler a obra de Dostoievsky, os Irmãos Karamazov.

Escreveu várias peças que tiveram grande êxito ao longo de seis décadas - All My Sons (1947), Prémio do Círculo de Críticos de Drama; Death of a Salesman (1949), Prémio do Círculo de Críticos de Drama e Prémio Pulitzer; The Crucible (1953), Prémio Tony; A View from the Bridge (1955); After the Fall (1964), Incident at Vicky (1964); The Price (1968), The Creation of the World and Other Business (1972); The Ride down Mount Morgan (1991).

Várias peças de Arthur Miller foram encenados em filmes mas Miller escreveu também vários guiões, entre os quais The Story of GI Joe (1945) e The Misfits (1961).

Miller também escreveu vários livros, como por exemplo Focus (1945), I Don’t Need You Any More (1967), os livros de viagens In Russia (1969) e Chinese Encounters (1979) e,Timebends: A Life (1987) que foi sua autobiografia.

Ganhou ainda prémios no final da sua carreira, nomeadamente o Prémio Laurence Olivier (1995) e o Prémio Príncipe das Astúrias (2002).

“Atenção, atenção deve ser prestada finalmente a uma pessoa como ele." (in Death of a Salesman)

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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