A VERDADE

EDITORIAL

Estamos chegando perto do Natal e por isso resolvi escrever alguma coisa sobre o mesmo. Mesmo não sendo “Reminiscência”, vou passar para vocês o meu artigo, ”Natal - AMOR, Natal – MARIA”, escrito no dia 20 de dezembro de 1985.

Vamos oferecer o Natal 1985, 2o milênio, à Maria! Vamos nesse ano, dar em seu louvor, não migalhas de nosso amor, mas o Amor Verdadeiro, o Amor Total: os nossos corações!

Não escondamos o que temos, vamos dar de todo o coração, não 10% ou 20% do que ganhamos nesse mês (os que ganham mais do que precisam), vamos dar pelo menos 90% ou 100%, pois em um mês, isso não significa nada!

Vamos sair às ruas para convidarmos, pela primeira vez, não só os familiares e amigos, mas também os estranhos e os inimigos!

Se temos armazém, bar ou restaurante, vamos vender na véspera desse dia, sem lucro nenhum. Vamos chamar o máximo possível de pessoas para participarem da nossa ceia, vamos transformar o Natal de 1985, no Natal de AMOR, no Natal de MARIA!

A PROCURA DO AMOR No 12

Existem muitas situações, muitas de mais, onde se emprega a palavra amor, e ele tem significado diferente ou até, bem diferente.

Creio que, dando alguns significados para a palavra amor, vocês podem entender melhor a minha tese! Amor: desejo de agradar uma pessoa.

Amor: te amo; mas creio eu, que seria mais justo: te quiero! Amor: os pais dizendo para os filhos sobre algum sentimento que sentem por eles, e às vezes, não sentem nenhum.

Amor: o homem querendo convencer uma mulher que sente algo por ela, mas, normalmente, não significando nada.

Amor: a mulher querendo convencer, e na maioria das vezes convence, de que não o traiu, e que realmente o ama!

Amor: briga seria entre casados; é corriqueiramente usada; com isso, temporariamente são esquecidos os reais sentimentos entre os dois.

Amor: dito no ouvido dela, em especial e corriqueiramente pelo homem, a fim de leva-la o mais rapidamente possível para a cama.

Amor: dito pela mulher, para fortalecer o pedido de um presente, ou para poder sair e encontrar o amante.

Poderia escrever muitas e muitas páginas, numerando situações, em que você disse esse banal nome para o seu amigo-a, namorado-a ou esposo-a. Mas, para começar, tente ver se Você está colocado-a em uma das situações acima?

Nesse capitulo, creio que deixei bem claro, o uso indevido e traiçoeiro dessa palavra tão usada e insignificante, para os homens e mulheres; mas ao mesmo tempo tão forte, para que você adquira o que desejar!

Naturalmente, seguindo o internacional ditado de que: “para Todas as regras existem exceções”, essa também não passa em brancas nuvens!

Infelizmente, estamos destruindo aos poucos, o significado lindo da palavra AMOR, pois ela é usada 99% em situações, onde não deveria aparecer e isso acontece no Brasil e no resto do mundo. Morreu no frio

Motivos e inspiração: escrevi sobre o amor que senti pela minha primeira namorada na Europa. O poema que segue sensibilizou-a, porque como dizia ela: “primeira vez na minha vida vejo uma mistura de amor com frio”. Foi pensando nela, Satu, que escrevi :

Morreu num dia frio, Aquele amor tão belo, Aquele amor tão lindo, Com ânsias de viver!

Morreu num dia frio, Aquele sentimento, Que com ternura e carinho Eu lhe oferecia, sem lhe compreender.

Morreu num dia frio, Depois da agonia. Morreu tão de repente, Assim, como nasceu!

REMINISCÊNCIA

Vamos fazer vocês voltarem ao passado, e por mais incrível que pareça, ele se parece muito com o presente. O artigo de hoje se chama: “O capitalismo ateu” E foi escrito em 1982.

Por que os capitalistas são ateus?

1o – Porque Jesus disse: “Dai de comer a quem tem fome e de beber a quem tem sede!” E eles, indiferentes, nada fazem, a não ser sugar o sangue dos menos afortunados, incluindo os que têm fome e sede!

2o – Porque Jesus disse: “Amai os outros como a si mesmo!” E eles só amam o poder, a riqueza e a si mesmos; os outros, são os que explorados por eles, lhes dão a situação com que sonham!

3o – Porque Jesus disse: “É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico alcançar o reino do céu!” E eles, para tentarem fugir ao destino, procuram se enganar, dando uma vez ou outra, uma esmola, esmola essa que não chega a 1% do seu ganho mensal, a alguma igreja, que por sua vez lhes promete perdão; perdão esse que a própria igreja sabe ser impossível lhes dar, dada às palavras do seu DEUS e senhor.

Com isso eles sustentam, uma organização também materialista, que vive à custa do dinheiro de outros materialistas e de muitos inocentes, que por ignorância e AMOR, não conseguem diferenciar uma serpente de um anjo. Saem eles então da igreja, sentindo-se uns anjos, depois de descarregar nas moedas que deram à igreja (assim como as moedas que foram dadas para Judas entregar Jesus), toda a sua crueldade, roubos, etc... Mas, interiormente, no fundo de suas almas, especialmente no tempo em que a morte lhes chama, sabem que passaram a vida a se enganar, pelo deus que realmente amam, mas que sentem, não tem poder para lhes ajudar.

Nessa hora, precisam do outro, o verdadeiro DEUS, o DEUS AMOR, o DEUS das flores e dos animais; e nessa, só nessa hora, eles sentem, como suas vidas foram vazias, suas vidas foram nada!

4o – Porque os capitalistas nunca pensaram ou pensam, que muitos milhões de crianças, mulheres, velhos e jovens também, morrem por falta do que muitas e muitas vezes eles jogam fora, depois de banquetes, que dariam para alimentar milhares, por muitos dias.

Nunca pensaram como é triste a um pai negar, por não ter, um pedaço de pão ao seu filho.

Nunca pensaram como é triste ver um filho ou filha, mãe ou pai, doente, sabendo que não tem nem uma cama (pois vivem nas ruas, debaixo de pontes, em praias ou outros lugares assim), para lhes oferecer, e muitas e muitas vezes, os verem morrer em seus braços, sem nada poderem fazer, a não ser odiar esse regime e os homens que o lideram!

E então, no dia em que dezenas, centenas, milhares, dezenas de milhares de desgraçados iguais a esses saem às ruas, procurando justiça, para que termine este estado de coisas; para que amanhã, não aconteça com os outros o que aconteceu com eles; chamam-lhes de COMUNISTAS!

Um Capixaba pelo mundo, parte 24

Com todos esses dias, que passei com os meus amigos, na base de champanhe e caviar, nos melhores restaurantes de Praga, com o único objetivo de saber como se sente um milionário, cheguei a uma única conclusão: como um otário! Todos comiam e bebiam as minhas custas, mas tirando isso, não senti nenhuma diferença em nada.

O pai do meu amigo era muito engraçado e não se cansava de falar: “Você é um milionário”. Enquanto eu respondia que não, ele replicava: “Pelo menos um pouquinho!”.

Eu sabia que era culpado pelo pensamento equivocado dele, pois gastando em um dia o que uma família classe media tcheca gastava em três meses, dava uma impressão errada da minha posição social, mas como eu poderia dizer, que o que eu tinha feito era uma experiência?

Uma das coisas, que mais adorei em Praga foi à cerveja Pilsen. Corri vários paises com fama de terem as melhores cervejas do mundo, mas como a Pilsen, não existe em lugar nenhum. Mais tarde me confirmaram ser a Pilsen realmente a melhor cerveja do mundo.

Minha estadia em Praga não limitou se só aos bares e restaurantes. Caminhei muito pelo centro da cidade, com sua arquitetura quase totalmente preservada da idade media, sua Igreja do Menino Jesus de Praga e famoso relógio com bonecos gigantescos, que desfilam a cada badalada da hora exata.

Estava me preparando para seguir viagem em direção da Polônia.

No dia da despedida apareceram na estação: Eva, a garota que me ajudou a tirar o visto na Embixada da URSS e turma do champanhe e caviar. Creio que eles nunca me esquecerão. E creio que pensarão sempre: Ele era louco!

Na minha viagem de trem de Praga para Varsóvia aconteceu um fato digno de nota. Ao entrar em um compartimento, onde pretendia ficar, encontrei varias garotas, que eram estudantes da Universidade de Cracóvia. Para o contacto me valeu novamente o dicionário Português-Tcheco( não era o dicionário certo, mas por ser a língua polonesa bastante parecida com tcheca, servia para gasto).

Tinha levado para o trem umas cervejas Pilsen, para continuar bebendo na viagem. E no brinca- brinca de meu estado de espírito, distribui beijinhos gratuitamente. Passado algum tempo, passou uma senhora, creio que era a professora, que retirou as garotas do compartimento, com cara muito amarrada.

Quando elas saíram, abri uma garrafa de cerveja e fiquei cantando e bebendo. De repente apareceu uma garota da turma. Com o dicionário na mão me informou, que tinha pedido à professora para ir ao banheiro e que as outras garotas fariam o mesmo e que em breve poderíamos continuar a farra.

De fato, dentro de um curto espaço de tempo elas todas tinham retornado e voltamos a cantar e beijar. Conclusão: dentro de alguns minutos a professora passou pela porta de novo (naturalmente procurava as alunas) e fez um pequeno escândalo, fingindo que estava arrancando os cabelos, gritava para as garotas saírem do compartimento.

A viagem daí para frente correu calma, eu bebendo e olhando a paisagem, enquanto afinava a minha voz.

Chegamos em Varsóvia, e depois de dar adeus para as garotas, que tinham desembarcado, segui para o primeiro hotel, que encontrei e que ficava perto da estação. O nome do hotel era “Metropol”

Com a sorte do meu lado como sempre, perto do hotel encontrei um senhor que falava italiano. Como já sabia como funcionava o mercado cambial nos países comunistas, pedi ao senhor para trocar os meus dólares pela cotação do cambio negro, ou seja com vantagem de 1:3 relativo ao cambio oficial. Ele não hesitou um instante e logo fiquei com bolso cheio de dinheiro polonês(zloty). Foi também ele, quem me guiou pela Varsóvia e arredores.

Levou-me primeiro a um prédio, que tinha sido o quartel general da Gestapo. Nos porões do prédio os alemães instalaram prisão, onde prendiam e torturavam os membros da resistência polonesa. As celas e as outras dependências da prisão, tinham sido deixadas exatamente igual ao tempo que a Gestapo as usava. Tudo foi abandonada às pressas, com a chegada das tropas russas que libertaram à cidade.

Depois me levou a Palácio de Wilanów, que os poloneses construíram, tendo como modelo o Palácio de Versalhes. Mostrou me onde estava localizado o antigo Gueto Judeu. Por fim, fui com ele ao lugar principal, para mim, na Polônia, a casa onde nasceu o compositor Frederico Chopin(Zelazowa Wola), que considero um dos maiores compositores do mundo. Adorei não só a casa como também o grande jardim, e sua localização. Enquanto permanecia na casa ou jardim, escutava as maravilhosas poloneses, prelúdios e mazurcas do compositor.

Minha primeira e curta estadia em Varsóvia chegou ao fim. Combinei com o meu amigo, que se chamava Arthur, para me levar à estação, pois ia tomar o trem para Moscou.

A minha emoção estava no topo, preparava me para ir, como se diz no Brasil, para a toca do lobo. Arthur foi conversar com a camareira do trem e me informou que tinha dado instruções para que ela me desse tratamento VIP, pois eu era o primeiro brasileiro, dado a informação prestada por ela, a passar de trem de Varsóvia para Rússia, sem ser em excursão.Por isso, no fundo eu me achava muito corajoso.

Armando COSTA ROCHA PRAVDA.Ru BRASIL

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