Russos ficam leais à música pop local

“A música pop russa está morta” declarou a cantora Larissa Dolina no Conselho Presidencial para a Cultura e as Artes. Declarou que a cena musical russa está a ser invadida por modelos, cozinheiros e outros que não são músicos, empurrando os músicos profissionais para fora. Porém além da falta de qualidade, a juventude russa prefere a prata da casa.

A situação atual é um contraste com os tempos soviéticos em que a fruta proibida dos músicos ocidentais foi tão cobiçada pela juventude, que ouviram o que puderam quando puderam.

A primeira banda de jazz apareceu em 1922, quando a comunidade artística dos Jovens Bolsheviques decidiram experimentar e paradoxalmente foi Josef Stalin que promoveu a popularidade de jazz soviético nos anos 1930, permitindo que fosse divulgado o filme “Vesyolye Rebyata”, com Leonid Utyosov, líder do grupo Tea Jazz. O diretor foi Grigori Aleksandrov, que fez o filme depois de regressar de Hollywood em 1934.

Quatro anos mais tarde, a banda de jazz de Matvei Blanter foi a única banda a ser reconhecida oficialmente e nos anos 50, a banda de rock’n’roll de Oleg Lundstrem estava na moda. No entanto, a época dourada da música pop soviética foi entre 1960 e 1980, os veteranos Klavdia Shulzhenko e Mark Bernes partilhando os palcos com Edita Piekha, Iosif Kobzon, Alla Pugacheva, Sofia Rotaru, Lev Leshchenko, e Muslim Magomayev.

Com Perestroika vieram Laima Vaikule e Valery Leontiev e uma reinvenção dos cantors estabelecidos nos tempos soviéticos. Formaram-se bandas de rock com boa música e letras que queriam dizer algo, exemplos dessa onda sendo Mashina Vremeni e Akvarium e durante a década de 1990, muitos cantores soviéticos de qualidade foram redescobertos.

No entanto, desde então foi perdida a cultura de música, porque os promotores estão mais preocupados em fazer dinheiro e trocar influências. Hoje em dia um bom exemplo disso é o programa na ORT “Star Factory” que promove agrupamentos sem talento. As Blestyashchiye (Brilhante) e Slivki (Creme) são imitações das Spice Girls e não se nota qualquer diferença entre elas.

À falta de talento junta-se a procura de audiências por excentricidades, como por exemplo a duo lésbica TATU, que simulam uma cena de beijo lésbica para fascinar os mercados ocidentais.

No entanto, há bons expositores da subcultura tipo ladrão na Rússia, a banda de Sergei Shnurov de São Petersburgo, Vitas e a Alsou, a primeira russa a assinar um contrato de longo prazo com uma editora estrangeira, para cantar na língua inglesa. Filipp Kirkorov e Nikolai Baskov são populares entre a audiência feminina enquanto a classe política prefere canções patrióticas como aquelas cantadas por Lyube ou o cantor/escritor Oleg Gazmanov.

No entanto, o compositor de música pop Igor Krutoi é o mais popular no país. Além destes casos, há muitos outros sem qualquer qualidade. Larissa Dolina opina que deverá haver uma comissão para impedir que obras de fraca qualidade surjam para a praça pública. MikhailShvydkoi, o Ministro de Cultura, considera também que o governo deverá subsidiar os cantores de qualidade para que possam sobreviver.

No entanto, será que o mercado quer qualidade e que a maioria de amadores querem aprender a tocar?

Olga SOBOLEVSKAYA © RIAN

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