Auto dos Físicos em Évora no início de "operação urbana" vicentina‏

A Escola da Noite realiza esta semana uma temporada de "Auto dos Físicos" no Teatro Garcia de Resende, em Évora. A iniciativa faz parte de uma operação urbana dedicada a Gil Vicente, que envolve o Cendrev e se prolongará ao longo de todo o ano. Entretanto, no TCSB, os Sábados para a infância acolhem uma nova actividade: a oficina de animação tipográfica dirigida por Joana Monteiro, do Clube dos Tipos.


Depois da reposição em Coimbra do passado fim-de-semana, A Escola da Noite inicia agora, em Évora, um novo período de digressão com a sua mais recente produção vicentina. No Teatro Garcia de Resende, casa do Centro Dramático de Évora, a companhia de Coimbra apresentará quatro sessões para o público escolar (dias 18 e 19 de Fevereiro, às 10h30 e às 15h00) e duas sessões para o público em geral (dias 20 e 21 - sexta às 21h30 e domingo às 16h00).
Na semana seguinte, é a vez de o Cendrev trazer até Coimbra o espectáculo "Estes autos que ora vereis", construído a partir de fragmentos de várias peças de Gil Vicente. Este intercâmbio, que acontece no âmbito das relações de colaboração que as duas estruturas mantêm há largos anos, marca o início de uma "operação urbana" dedicada a Gil Vicente e que culminará, no último trimestre de 2016, com a estreia em co-produção de "Auto da Barca do Inferno". Até lá, as duas companhias organizarão várias actividades dedicadas ao primeiro dramaturgo português, que incluem, para além da troca de espectáculos, exposições, conferências, debates e acções de formação, em torno da obra de Gil Vicente e do património vicentino que cada uma delas foi construindo ao longo do seu percurso artístico. No panorama teatral português, o Cendrev e A Escola da Noite distinguem-se por serem das companhias profissionais que mais regularmente visitam este autor.

O Auto dos Físicos
Escrito e representado pela primeira vez entre 1519 e 1524, "Auto dos Físicos" conta a história de um padre que está "a morrer" por causa de um amor não correspondido. Quatro médicos (os "físicos") visitam-no à vez, sugerindo estranhos remédios. Brásia Dias, a parente que primeiro o tenta ajudar, um moço transformado em (fraco) alcoviteiro e um padre confessor que compreende "bem demais" o sofrimento do seu colega completam o leque de personagens da peça, que termina com uma "ensalada" poética e musical, com referências a outras peças do autor e a elementos do cancioneiro tradicional.
O texto - que Carolina de Michaelis classificou como uma "bufonada de franca imoralidade de carnaval" - apresenta caricaturas de pessoas concretas (os quatro "físicos" correspondem a pessoas que realmente existiam e que o público facilmente reconhecia) mas é também, como quase toda a obra de Vicente, um retrato da corte, da Igreja e da sociedade portuguesas do século XVI em Portugal.
O espectáculo estreou em Setembro de 2014 e é uma co-produção com a Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, a propósito das comemorações dos 35 anos do Serviço Nacional de Saúde. Com encenação de António Augusto Barros, "Auto dos Físicos" conta com as interpretações de Filipe Eusébio, Igor Lebreaud, Maria João Robalo, Miguel Magalhães e Sofia Lobo.
Ainda no âmbito desta nova digressão, o espectáculo poderá ser visto em Braga e em Barcelos. Em Coimbra, está agendada ainda uma sessão, para o público escolar, que terá lugar já esta terça-feira, dia 16 de Fevereiro, pelas 15h00.

Sábados para a infância no TCSB: oficina de animação tipográfica
Entretanto, o Teatro da Cerca de São Bernardo mantém a sua programação regular. Para esta semana, A Escola da Noite propõe, no âmbito da iniciativa "Sábados para a infância no TCSB", a oficina de animação tipográfica dirigida pela designer Joana Monteiro, responsável pelo "Clube dos Tipos". Nesta oficina de 4 horas, as crianças (dos 8 aos 12 anos) vão poder construir um pequeno filme de animação, construído "frame a frame" e tendo como objecto as letras que elas próprias começam por construir, utilizando materiais diversos, como carimbos, tintas, fios, papéis de cor, lápis, canetas "e o mais que encontrarem na oficina e no sub-palco do Teatro".
A oficina divide-se em dois períodos de duas horas (11h00 - 13h00 e 14h00 - 16h00) e as inscrições, que podem ser feitas previamente pelos contactos habituais do Teatro, custam 10 Euros.

Joana Monteiro e o Clube dos Tipos
Joana Monteiro é designer gráfica, faz direcção de arte e é apaixonada pela tipografia. É licenciada em Pintura e Design de Comunicação pela ARCA (Coimbra) e mestre em Design Gráfico pela University of the Arts (Londres, Reino Unido). Estudou na Royal College of Art, Londres, onde experimentou vídeo e tipografia tradicional. Colaborou com o atelier FBA., em Coimbra, durante 5 anos. É freelancer desde 2007 e tem trabalhado sobretudo com clientes da área da cultura (TNSJ, Porto; English Touring Opera, Londres; TAGV e Salão Brazil, Coimbra). Reside no Condomínio Criativo CABB, em Coimbra.
É co-fundadora do Clube dos Tipos, que foi criado com a intenção de reunir pessoas interessadas em tipografia. As oficinas de tipografia estão no centro da sua actividade, mas esta técnica é encarada como um "ponto de partida": "encorajamos a experimentação e o uso de novas tecnologias, em combinação com o uso de tipos antigos de metal e madeira, de forma a chegar a resultados menos convencionais", pode ler-se no texto de apresentação do Clube.

 

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