Tudo nos Estados Unidos é wônderful and pérfect!

Fernando Soares Campos

Tudo nos Estados Unidos da América é maravilhoso e perfeito, inclusive o idioma oficial. Aliás, é um vernáculo wônderful and pérfect, pois essa língua pérfectly wônderful revela que a nossa é esdrúxula no mau sentido: esquisita. A deles é esdrúxula... quer dizer... fréak, no bom sentido, pois lá qualquer vocábulo com mais de duas sílabas é proparoxítono. Pra mim, isso é o récord da pérfection!

Lá, ninguém se chama, por exemplo, Sebastião, mas, sim, Sabástian. Severino é Séverine, tomado emprestado do francês. Raimundo é Rêymond. Roberto é Róbert, e o apelido não é Bet, como os daqui, que são tratados por Beto. É Bob! Prétty, não é mesmo? E Maria? Nenhuma! Nenhuma da gema! Só se for paraguaia. De lá mesmo, é tudo Mary original! E o que aqui chamamos de maria-vai-com-as-outras, lá, é Mary's Club.

Alguém aí já ouviu falar em turismo para levantar a autoestima? Tôurism to sélf-ésteem. Sim, evidente, pois essa característica do turismo pode ser facilmente identificada nas pessoas que passam a vida toda aqui em Pindorama poupando uma pequena parcela do seu suado salário ou rendimento e viajam para Miami com o propósito de conhecer praias wônderfully urbanizadas e gastar suas economias em shóppings cênters que ofereçam muambas de boa qualidade.

Dois em um; mas, no Fírst Wôrld, pois a Barra da Tijuca já mixou há muitos anos. Porém esse é o objetivo básico do turista medianamente medíocre. As pessoas do topo da pyrâmid buscam prazeres mais intrínsecos às complexas exigências da alma.

Conheço uma socialíte que todos os anos faz um tôur pelos stâtes somente para ouvir seu nome ser pronunciado em inglês. Diz ela que isso levanta sua autoestima, sua sélf-ésteem. Não vou citar seu nome, pois se trata de uma pessoa discreta, apesar de ser uma colunável frequentemente colunisada por respeitáveis colunistas. Só posso dizer que ela adora ser chamada de Benédity Píggy. Tá bem, tá bem, me rendo! Não sei guardar segredo. É a Benedita Leitão.

Agora veja essa. Apesar de a grafia da palavra "inteligente", em inglês, parecer insinuar que um americano é menos inteligente que um brasileiro, visto que não se emprega o "e" no final, isso é compensado pelo "l" dobrado: intelligent. Em contrapartida, um idiota, um cretino ou um ignorante, lá, é simplesmente idiot, cretin ou ignorant. Sacou? Isso mesmo, bem menos extenso, portanto menos "estúpido" que um brasileiro. Por sinal, muito menos! Apenas stupid, que dizer, só no meio, o que significa apenas meio estúpido; enquanto aqui o cara é estúpido do começo ao fim. E esdrúxulo! Lato sensu.

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