Nos EUA, inocente fica preso 29 anos e juíza chora ao libertá-lo

O norte-americano Raymond Towler, de 52 anos, condenado à prisão perpétua em 1981, pelo Tribunal do Condado de Cuyahoga, nos Estados Unidos, por rapto e estupro de uma menina de 12 anos e um menino de 13, depois de passar 29 anos preso, foi declarado inocente e posto em liberdade.

A juíza Eileen A. Gallagher, do Tribunal do Condado de Cuyahoga, nos Estados Unidos, que colocou Raymond Towler em liberdade, chorou ao assinar a sentença que declarou sua inocência, após ter sido preso aos 24 anos de idade.

Em uma audiência rápida, a juíza Eileen A. Gallagher lembrou dos detalhes das acusações apresentadas pelos promotores de Justiça contra Towler: ele teria atraído as crianças para a reserva de Rocky River, antes de violentá-las.

No entanto, graças à intervenção da organização não-governamental Ohio Innocence Project, que em colaboração com o jornal Columbus Dispatch investiga centenas de condenações consideradas suspeitas, baseando-se em exames de DNA, ficou comprovado que Raymond Towler não é o estuprador das vítimas.

Towler pediu para ter o DNA testado ainda em 2004, mas isso só aconteceu em 2008. Só assim, o Ministério Público concordou em acionar o laboratório estadual para testes criminais de DNA e reexaminar as falsas provas contra Raymond Towler.

A partir da análise do sêmen encontrado nas roupas íntimas de uma das vítimas, um outro laboratório especializado em Cincinnati construiu dois perfis parciais e nenhum deles se encaixou no perfil de Raymond Towler.

Em novembro de 2008, foram pedidos mais testes, mas só um ano e meio mais tarde um terceiro laboratório, no Texas, apresentou resultados que provaram que o sêmen não pode ser de Raymond Towler.

"Este é o melhor dia da minha vida, é pura alegria. Não sinto ódio por ninguém, nem mesmo pelas pessoas que erradamente me acusaram e me condenaram à prisão perpétua", afirmou Towler.

Towler perdeu os pais enquanto cumpria pena. O diretor do Ohio Innocence Project, Mark Godsey, disse que a ONG acreditou no caso de Raymond Towler desde o início e ressaltou a importância dos testes de DNA na busca por Justiça.

Paul House foi outro inocente que passou 22 anos no corredor da morte em uma prisão do Estado Tennessee, aguardando para ser eletrocutado. A Suprema Corte de Justiça dos Estados Unidos reconheceu absurdos e incoerências em sua condenação, em 1986.

Um promotor pediu a retirada de todas as acusações contra Paul House e o juiz Jon Blackwood aceitou o pedido. House era acusado, inocentemente, de estuprar e matar Carolyn Muncey, em 1985.

O caso de House foi defendido pela organização Innocence Project. House teve a seu favor novos exames de DNA e uma investigação mais exaustiva, que permitiram comprovar que o sêmen, as unhas e os cigarros encontrados no lugar do crime não pertenciam a ele.

Também nos Estados Unidos, Greg Taylor foi outro inocente que ficou atrás das grades durante 17 anos em uma prisão do Estado da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, acusado de assassinato.

Após ler a sentença que inocentou Greg Taylor, o juiz Colon Willoughby caminhou até ele, apertou-lhe a mão e pediu desculpas pela condenação. Taylor, com 47 anos, foi condenado em abril de 1993 pelo assassinato de Jacquetta Thomas, em 1991.

Na Inglaterra, Sean Hodgson ficou preso inocente durante 27 anos. Exames de DNA comprovaram que Sean Hodgson não tinha estuprado e matado uma mulher, em dezembro de 1979, embora tenha sido condenado pelo crime em 1982.

Hodgson, de 57 anos, foi condenado à prisão perpétua acusado de estrangular Teresa de Simone, que tinha 22 anos na época, em um pub da cidade inglesa de Southampton.

30 anos depois do crime, a mãe da vítima descobriu que o responsável pela morte da jovem nunca foi preso. A libertação de Hodgson pode proporcionar-lhe ainda uma recompensa milionária de 1 Milhão de Libras (R$ 3,2 milhões).

Durante o processo, o acusado sempre alegou inocência, mas nos interrogatórios confessou o crime, certamente sob tortura. Exames de DNA mostraram que os vestígios encontrados no local do crime não eram do condenado.

Ninguém é capaz de mensurar, com exatidão, o quanto custam os 29 anos que Raymond Towler passou preso, acusado de um crime que a própria Justiça declarou não ter sido ele que cometeu. Nem mesmo a magnitude humana ao se admitir o erro, simbolizados no pedido de desculpas e no pranto de um juiz, conseguirão jamais recompensar a perda de 29 anos de liberdade de um homem.

Isso quer dizer que um promotor e um juiz não podem, de forma alguma, acreditar nas afirmações de supostos homens da lei, como se apresentam o soldado e o delegado de polícia, que prende e indicia. Esses, com as devidas e honrosas exceções, são verdadeiros cânceres sociais, travestidos de agentes da lei e do direito, de defensores da ordem pública e da cidadania. Isso está sobejamente provado!

ANTONIO CARLOS LACERDA

PRAVDA Ru BRASIL

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