Lutar contra a discriminação é lutar pelo efetivo direito à saúde para todas as pessoas

A ILGA Portugal – Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual e Transgénero e a rede ex aequo – associação de jovens lésbicas, gays, bissexuais, transgéneros e simpatizantes assinalam hoje o Dia Mundial de Luta Contra a SIDA, depois dos últimos dados tornados públicos sinalizarem Portugal como o terceiro país da União Europeia com maior taxa de casos de SIDA, quer em termos de prevalência, quer em termos de incidência. Quase três casos por dia de infeção por VIH/SIDA foram diagnosticados no ano passado em Portugal, num total de 1089 situações.

Dados provisórios divulgados pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge alertam para a elevada percentagem de infeções em pessoas heterossexuais de meia-idade, mas também para o aumento de novos diagnósticos de infeção por VIH em jovens do sexo masculino que tiveram relações sexuais com outros homens. Aliás, metade dos casos diagnosticados em homens que têm sexo com homens tinha uma idade de 32 anos ou menos na data do diagnóstico. Estes dados alertam para a especial vulnerabilidade de jovens gays ou bissexuais, sendo que a própria experiência da discriminação em função da orientação sexual continua a limitar a força da sua construção identitária e a ser um obstáculo a uma eficaz educação para a saúde. Lutar contra a discriminação é, por isso, também lutar pelo efetivo direito à saúde para todas as pessoas.

A prevenção – que inclui o trabalho de luta contra as discriminações que criam vulnerabilidades especiais – continua evidentemente a ser uma preocupação central, mas não é a única. O Núcleo de Estudos da Infeção ao VIH da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) alertou na passada semana para o problema dos diagnósticos tardios: mais de 60% dos diagnósticos são realizados tardiamente, o que põe em causa a eficácia dos tratamentos, o bem-estar de doentes, a sua qualidade de vida e a própria incidência da infeção. Apesar de alguns esforços no passado, continua a ser notória a ausência de campanhas dirigidas a grupos populacionais com especificidades próprias e a necessidade de ações de educação, informação e prevenção em meio escolar. A redução do número de pessoas não diagnosticadas só acontecerá quando o rastreio da infeção pelo VIH se tornar parte integrada dos cuidados de saúde, pois acreditamos que a existência de um plano nacional eficaz e uma oferta adequada às populações mais vulneráveis são dois fatores fundamentais para o diagnóstico e tratamento precoce da infeção pelo VIH. 

Existem hoje várias terapêuticas que permitem às pessoas seropositivas viverem com uma qualidade e esperança média de vida mais próxima das pessoas seronegativas. Porém, para uma terapêutica bem sucedida é necessário que conheçamos a nossa serologia VIH e a única forma de sabê-lo é fazendo o rastreio. Só um diagnóstico numa fase inicial do contágio permitirá principiar o tratamento quando este é mais eficaz. Por sua vez, para todas as pessoas que não estão infetadas, fazer o teste pode ajudar a diminuir a ansiedade e fornecer uma oportunidade para personalizar o nosso próprio plano de prevenção. 

Uma infeção por VIH não é uma sentença de morte, mas um diagnóstico tardio traz riscos significativos. Hoje, deixamos por isso o apelo: façam o teste. E protejam-se.

Lisboa, 1 de dezembro de 2014

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