Harriet Tubman e algumas verdades inconvenientes

Harriet Tubman e algumas verdades inconvenientes

A última, e única, vez que uma mulher estampou uma nota de dólar aconteceu há 200 anos quando lá pelos idos de 1800, Martha Washington, esposa de George Washington, primeiro presidente americano, estampou a nota de um dólar. A próxima será Harriet Tubman, conforme foi anunciado pelo Tesouro Americano, no último dia 20.

Tal escolha arrancou elogios da direita americana, enquanto os próprios democratas torceram seus narizinhos. A explicação é simples: Harriet Tubman foge dos conceitos apreciados pela esquerda americana. Não, ela não queimava sutiãs, não mostrava os peitos em manifestações e não pichava igrejas.

*Bene Barbosa

Tubman era uma guerreira na mais pura concepção da palavra, combateu na Guerra Civil, resgatou escravos, lutou pelo direito de voto das mulheres. Seu "empoderamento" vinha do cano de sua pistola e do fio de seu sabre, armas que encontram-se expostas na Florida Agricultural And Mechanical University. Companheiras inseparáveis que aquela determinada mulher negra, nascida escrava, não titubeava em usar. 

A ideia inicial era substituir o conservador Alexander Hamilton, primeiro Secretário do Tesouro dos Estados Unidos e criador da base do capitalismo americano. Hamilton foi morto em um duelo com o então vice-presidente Aaron Burr. Uma época em que políticos, em defesa de sua honra, trocavam tiros e não cuspidas. Mas houve enorme pressão popular e, então, sem outra saída, optou-se por substituir Andrew Jackson, sétimo presidente daquele país, pertencente ao partido Democrata. Nada mais justo, uma vez que ele era, entre outras coisas, um escravocrata. E é aqui que a porca torce o rabo.

Essa substituição, a escolha de Jackson, reaviva lembranças que o atual partido Democrata faz tudo para esquecer ou não saber. Seu passado em defesa da escravidão! Sim, isso mesmo! O Partido Democrata, em sua fundação era escravagista, enquanto os republicanos eram abolicionistas. Foi em berço Democrata, pelas mãos do general Nathan Bedford Forrest, que nasceu a temida e repugnante Ku Klux Klan com o objetivo de impedir que negros e outras minorias se integrassem à sociedade.

Enquanto membros do Partido Republicano formavam milícias armadas para atacar o grupo racista, os Democratas aprovavam as famigeradas "Jim Crow Laws" com o único objetivo de segregar a sociedade. A Ku Klux Klan, a despeito de ter seu nome formado pela onomatopeia de um fuzil sendo municiado, também foi o primeiro grupo em defender o controle de armas. Para eles, e outro Democratas, a Segunda Emenda da Constituição Americana, que garante a posse e o uso de armas a todos os cidadãos americanos, deveria ser relativizada. A verdade é que não é muito seguro queimar uma cruz no jardim de uma pessoa com um fuzil em mãos.

E assim, nos minutos finais de seu fraco governo, a administração do presidente Obama conseguiu arrancar elogios da direita por escolher uma republicana e pró-armas para figurar a próxima nota de US$ 20,00. Enquanto isso, claro, a esquerda tenta desesperadamente varrer para baixo do tapete o profundo significado dessa escolha e várias verdades bem inconvenientes.

*Bene Barbosa é especialista em Segurança Pública, presidente do Movimento Viva Brasil e coautor do livro "Mentiram Para Mim Sobre o Desarmamento".

 

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