Brasil usará novo medicamento contra a tuberculose

A desistência antes da cura, uma das grandes dificuldades no tratamento de pacientes com tuberculose, pode ter os índices reduzidos graças a um novo medicamento que passará a ser usado no Brasil. O DFC (dose fixa combinada) ou “quatro em um”, como é popularmente conhecido, aumenta o número de drogas em um mesmo comprimido, o que reduz a quantidade de doses diárias. Até setembro, o Ministério da Saúde receberá o primeiro lote do produto, com 20 milhões de comprimidos, suficientes para tratar os mais de 70 mil novos casos da doença.


O tratamento dura seis meses. Nos primeiros dois meses de terapia, os pacientes tomarão o DFC. O restante do tratamento será feito com duas das quatro drogas em um mesmo comprimido, mais conhecido como “dois em um”, já usado atualmente. A mudança deve aumentar a adesão dos pacientes ao tratamento e elevar os índices de cura. Atualmente, 8% dos pacientes que iniciam o tratamento abandonam a terapia antes do fim. A meta do Brasil é reduzir a taxa de abandono para menos de 5%, parâmetro usado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).


Nos últimos três anos, o Brasil passou da 14ª para a 18ª posição no ranking mundial de casos da doença, o que mostra a eficácia das ações de controle adotadas no País. Em relação à incidência, calculada com base no número total de casos em relação a cada grupo de 100 mil habitantes, o País ocupa o 108º lugar. No Brasil, a doença é a quarta causa de mortes por doenças infecciosas e a primeira em pacientes com Aids.


A doença - A tuberculose é causada pelo bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis) que afeta vários órgãos do corpo, mas principalmente os pulmões. É transmitida pelo ar, quando o paciente tosse, fala ou espirra. Os principais sintomas são tosse prolongada, cansaço, emagrecimento, febre e sudorese noturna. A incidência é maior entre os homens e entre os indígenas (incidência quatro vezes maior do que a média nacional); portadores de HIV (30 vezes maior); presidiários (40 vezes maior); e moradores de rua (60 vezes maior).

Recursos no controle da doença cresceram 60% em quatro anos


Em entrevista ao Em Questão, Draurio Barreira, coordenador do Programa Nacional de Controle de Tuberculose (PNCT), fala sobre o que muda com o tratamento, os investimentos no controle da tuberculose e os próximos passos para implantação do novo medicamento.

Em Questão
- O que muda com o novo tratamento?
Draurio Barreira - O novo esquema terapêutico aumenta o número de drogas de três para quatro em um mesmo comprimido. Ou seja, reduzimos a quantidade comprimidos que o paciente deve tomar diariamente. Com isso, esperamos aumentar a adesão ao tratamento e a taxa de cura e desacelerar a transmissão da tuberculose.

EQ
- O Brasil tem investido mais no controle da doença?
DB - Sim. Entre 2006 e 2009 o volume de recursos para o controle da tuberculose cresceu aproximadamente 60%, passando de U$ 44,3 milhões para U$ 74 milhões.

EQ
- Qual é a situação da doença hoje?
DB - Segundo a OMS, 22 países concentram 80% dos casos de tuberculose no mundo, entre eles o Brasil. Nos últimos três anos, o País reduziu o número de casos e óbitos pela doença, melhorando no ranking mundial. Ainda assim foram notificados, em 2008, aproximadamente 70 mil casos novos e 4,5 mil mortes. Isso aponta a necessidade de aprimorar continuamente as ações de controle da tuberculose.

EQ
- Depois da chegada do remédio, quais serão os próximos passos?
DB - O Ministério da Saúde promoveu uma reunião com os coordenadores dos programas estaduais de controle da tuberculose para orientar sobre o novo esquema terapêutico. Com a chegada do primeiro lote nos próximos dias, o passo seguinte é capacitar os profissionais que atendem diretamente os pacientes para repassar informações sobre as indicações e forma de uso do medicamento. Concomitantemente, os estados vão mapear quais unidades vão receber o novo esquema. Feito isso, o medicamento será distribuído aos estados para que sejam indicados e entregues aos pacientes. A previsão é completar esse processo em todo o País até o final de 2009.

Min. Saúde

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Author`s name Pravda.Ru Jornal
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