João de Pina Cabral no ICS

ICS lança obra do investigador João de Pina Cabral Aromas de Urze e de Lama: Uma viagem antropológica ao Alto Minho. Ponte da Barca – o Alto Minho de há 30 anos atrás! Descrições cruas e empiristas: a poesia de um lugar, os humores das suas gentes. Um ensaio de etnopoética, situado na área nebulosa entre a experiência vivida e a ficção

Ponte da Barca – o Alto Minho de há 30 anos atrás! Dealbar de uma nova época para uma sociedade camponesa que se esvaziava pela emigração, a urbanização e a sociedade de consumo. Traçavam-se, então, as pontes para uma redescoberta de Portugal.

Aromas de Urze e de Lama é um gesto de etnopoética; procura captar o que escapa às descrições cruas e empiristas: a poesia de um lugar, os humores das suas gentes. Nenhum idílio, nenhum encómio, nenhum romance, nenhuma utopia. Poesia sim, mas como invenção de nós mesmos.

Relatos das vidas e das mortes dos camponeses minhotos, das suas noções, dos seus fantasmas, dos seus amores, dos seus medos – recentes ou antigos, verosímeis ou fantasiosos. Na sua viagem ao terreno, o antropólogo recolhe «dados» com os quais escreve uma monografia etnográfica.

Algo, no entanto, fica por contar; algo que não é factual nem ficcional: a experiência vivida, a catálise efectuada por essa viagem na sua personalidade e na sua própria visão do mundo. Estas são as «histórias» com que o Alto Minho marcou o narrador — é a sua experiência que, por fim, dá unidade ao texto.

Escrita nos meados dos anos 80 como primeira reacção ao reflexivismo que então se impunha nas ciências sociais, esta obra está fora de circulação há bem mais de uma década. A Imprensa de Ciências Sociais trá-la de novo ao prelo por sentir que representa indubitavelmente um dos principais marcos de viragem da antropologia portuguesa contemporânea.

Aromas de Urze e de Lama é um hino a uma ruralidade que se esvaía. Passados vinte anos sobre a sua escrita, o texto continua a desafiar o leitor tanto pelo que conta como pela forma como conta.

João de Pina Cabral é Investigador Coordenador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Foi Presidente da Associação Europeia de Antropólogos Sociais (2003-2005) e é Membro Honorário do Royal Anthropological Institute. Nos anos 90, dedicou-se ao estudo de Macau. Mais recentemente tem vindo a estudar a relação entre nomes e pessoas no Baixo Sul da Bahia (Brasil)..

Fonte: IMAGO

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