As lições da terra de Fidel

Dilton Santiago (*)

 

No período de 11 a 18 de setembro, estive, juntamente com um grupo de jornalistas e operadores de turismo de várias regiões do Brasil, visitando a nação-ilha mais populosa do Caribe. Cuba está se abrindo para o mundo e vem destacando-se no cenário turístico internacional devido a fortes investimentos no setor hoteleiro. Chega a ser impressionante a capacidade que o povo cubano tem de se orgulhar da sua história, de seus hábitos e da sua cultura. Durante a estadia na ilha, visitamos seis cidades em cinco dias, com destaque para o que considero uma verdadeira façanha: os engenheiros cubanos construíram em menos de três anos uma estrada de asfalto sob o mar, interligando Santa María a provincia de Villa Clara, percorremos os 48 quilômetros de extensão de Pedra Plena de ônibus, a visão é deslumbrante.

Visitando hospitais e escolas no centro da Havana velha, pude então reconhecer a diferença do socialismo cubano e da democracia fascista de alguns países, incluindo o Brasil. Nos hospitais, não há nenhum cidadão esperando (quando não morrendo) em grandes e perversas filas à espera de atendimento médico. Em um consultório Médico de Família, havia apenas três pacientes aguardando em uma simples, mas confortável, unidade de emergência, resultado da atenção básica na área da saúde preventiva, modelo de medicina que Cuba vem exportando para o mundo, servindo de fomento na elaboração de produtos médico-farmacêuticos, obtidos por via da engenharia genética e da biotecnologia, resultando em uma moderna indústria de medicamentos.  Em Cuba, hoje, para uma população de pouco mais de 11 milhões de habitantes, existem quase 12 mil Consultórios Médicos de Família.

Vi escolas repletas de adolescentes saudáveis e nenhuma criança pedindo ou trabalhando nas ruas e nas sinaleiras. Constatei, também, que há poucas pessoas para cuidar da limpeza urbana, mas as ruas se conservam incrivelmente limpas. Logo me veio a comparação com a velha Salvador da Bahia, onde a combalida Prefeitura Municipal gasta um milhão de reais diariamente para recolher toneladas de lixo espalhadas por seus cidadãos onde quer que vá. A comparação vale também para a requalificação de seu patrimônio histórico e arquitetônico que, com o apoio da Unesco, transformou Havana em um grande canteiro de obras que, diferente do nosso Pelourinho, está fervilhando de visitantes de diversas partes do mundo, totalizando mais de 2 milhões de turistas/ano, proporcionalmente quase o dobro do que recebe a Bahia.  

Os pontos negativos encontramos na demora da entrega das bagagens, onde perdemos quase duas horas (o aeroporto de Havana está sendo reformado) e na oferta de pontos de telefonia e internet precisa melhorar, e muito. Além de caro, o serviço é ineficiente em todo o país, até mesmo nos luxuosos resorts de Varadero. O transporte público também deixa a desejar, mas já se vê progresso, grandes montadoras a exemplo da Hyundai, Citroen, Fiat e da francesa Audi já marcam presença por lá.

Muitos teimam em reconhecer as condições mínimas para uma vida digna e igualitária garantidas pelo governo de Cuba aos seus cidadãos e estrangeiros que lá estudam ou trabalham. A capital cubana é uma metrópole com cerca de três milhões de habitantes e qualquer pessoa pode caminhar por suas ruas e guetos a qualquer hora do dia ou noite, sem o risco de ser assaltada ou sofrer qualquer tipo de violência. Política à parte, Cuba possui uma taxa de analfabetismo de 0,2% (1º do mundo junto com Estônia e Letônia). Uma taxa de mortalidade infantil inferior até mesmo à de alguns países desenvolvidos e uma expectativa de vida média de 80 anos. O país de Fidel Castro compartilha o que tem, dentro e fora de suas fronteiras, como expressão da essência humanista da Revolução e exemplo da possibilidade de que prevaleça um mundo mais solidário e justo, a pequena ilha é uma lição para o mundo do capital.

 

(*) Dilton Santiago é jornalista e esteve em Cuba a convite do governo cubano.

 

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