Línguas nacionais da Angola: Estudo por peritos

A linguista angolana Amélia Mingas considera que o património linguístico e cultural do País deve ser encarado como factor estruturante e singular, na medida em que funciona como assegurador da identidade de qualquer comunidade.

A investigadora que defendeu esta posição no decurso da Conferência Científica Internacional “Angola: Línguas Nacionais e Identidade Cultural” realizada recentemente na Universidade Estatal de São Petersburgo, sob os auspícios da Missão Diplomática angolana na Rússia, sublinhou que é urgente a tomada de medidas no sentido de viabilizar uma política linguística capaz de proteger, promover e difundir as línguas nacionais, criando condições objectivas para a formação de técnicos capazes de desenvolver o estudo e divulgação das mesmas.

Para o filósofo Jaka Jamba, representante de Angola na Unesco, as línguas constituem uma herança preciosa do património cultural da humanidade porque representam uma maneira única de conceber a experiência humana e o mundo.

“No caso de Angola, País multilingue, em que coabitam quatro grandes famílias linguísticas (as línguas de origem bantu, as khoisan, as vatuas e a portuguesa), esta diversidade, longe de constituir um obstáculo, à construção da Nação, e à afirmação da sua identidade, é uma herança valiosa que deve ser preservada e dignificada, defendeu Jaka Jamba.

Por sua vez, o historiador Simão Souindoula, sustentou que pelo facto do actual território de Angola ser povoado maioritariamente, por populações que falam línguas classificadas como bantu, o desenvolvimento das línguas nacionais no País deverá, em todas as circunstâncias, realçar esta realidade.

O etnógrafo Vladimir Popov, um dos doze oradores russos, na referida conferência, destacou que a língua é o indício mais importante de uma etnia e que a descendência de uma comunidade linguística constitui a base da identificação etno-cultural, embora existem no mundo muitas etnias que mudaram a língua.

Citou como exemplos os casos angolanos dos ovakwisses que passaram a falar a língua kuvale do grupo bantu, e a comunidade khoisan dos kedes, que fala kuanhama.

Por seu turno, o Embaixador de Angola na Rússia, general Roberto Leal Monteiro “Ngongo” recordou o célebre discurso do poeta maior da angolanidade, o Dr. Agostinho Neto, proferido em 24 de Novembro de 1977 no acto de posse do cargo de Presidente da Assembleia Geral da União dos Escritores Angolanos, em que afirmou:

“Todo o desenvolvimento do problema linguístico, naturalmente, dependerá também da extinção das barreiras regionais, da consolidação da unidade nacional, da extinção dos complexos e taras herdadas do colonialismo, e do desenvolvimento económico”.

A Conferência Científica Internacional “Angola: Línguas Nacionais e Identidade Cultural” realizada em alusão ao 17 de Setembro “Dia do Herói Nacional”, o estadista, médico e poeta Agostinho Neto, recomendou a institucionalização de jornadas bienais da cultura africana na cidade de São Petersburgo, tida como a capital cultural da Rússia.

Para o efeito, os participantes apelaram a reitoria da Universidade Estatal de São Petersburgo, onde se formou o presidente Vladimir Putin, e que possui há mais de três décadas uma cátedra de estudos africanos e à Embaixada de Angola na Rússia, no sentido de formalizarem contactos com instituições internacionais como a UNESCO e o Centro Internacional de Civilizações Bantu (CICIBA).

Tó BRAGANÇA EMBAIXADA DA ANGOLA FEDERAÇÂO RUSSA

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