RÚSSIA: LANÇADO LIVRO SOBRE ANGOLA

O livro intitulado “Angola 25 anos de Independência: Balanço e Perspectivas” foi lançado na Terça-feira, no Instituto África da Academia de Ciências da Rússia, em Moscovo, numa cerimónia presidida pelo Embaixador de Angola neste país do leste europeu, Roberto Leal Monteiro “Ngongo”.

A obra ora lançada é uma compilação de comunicações e intervenções de investigadores angolanos e russos apresentadas no colóquio científico organizado pela Embaixada de Angola na Rússia, em colaboração com o Instituto África, no quadro das jornadas comemorativas do 25º aniversário da Independência Nacional, realizadas no ano 2000.

Editada em língua russa, a obra aborda reflexões sobre questões ligadas ao ensino das línguas nacionais em Angola, a etnicidade, a sua literatura, o processo de integração nacional, as perspectivas do desenvolvimento sócio-económico e cultural do país.

O livro reúne textos de conhecidos cientistas e africanistas russos e de prestigiados intelectuais angolanos, designadamente o sociólogo Victor Kajibanga, Decano do Instituto Superior de Ciências da Educação, a linguista Amélia Mingas, o jurista e crítico literário Luís Kandjimbo, as historiadoras Rosa Cruz e Silva e Luzia Milagre Pitra.

Na sua comunicação, Amélia Mingas salienta que a sociedade angolana é, na sua génese plurilinguística e pluri-étnica e que a maioria dos angolanos têm línguas maternas que não mereceram nem viram reconhecida na sociedade colonial a sua identidade e etnicidade. A especialista alerta para a necessidade da preservação das línguas nacionais aprofundando a sua pesquisa e divulgação.

Para Luís Kandjimbo “a nova historiografia literária angolana implicará necessariamente uma descolonização epistemológica, tendo em vista a consolidação de um discurso negador da hibridez, da fronteira e da esquizofrenia do lusotropicalismo e da crioulidade”.

Rosa Cruz e Silva aprofundou o tema sobre o nacionalismo angolano no século XIX, sustentando a sua análise a partir de três importantes fontes daquela época, nomeadamente os periódicos “O Pharol do Povo”, “O Tomate” e “O Desastre”.

Por sua vez, o sociólogo Victor Kajibanga, considera que a construção da Nação Angolana e a formação de uma cultura nacional é o grande desafio dos angolanos no século XXI.

Victor Kajibanga considera ser importante ter-se em conta que o território que hoje se chama Angola se encontra numa encruzilhada de civilizações e culturas milenares, onde se destacam “a dos caçadores e agricultores das grandes savanas da Africa Austral (antepassados dos actuais lunda, cokwe, lwena, luvale) e dos criadores de gado bovino que se estende dos grandes lagos às zonas tropicais secas e desérticas da África Austral (helelo, nkhumi e ambó); os povos ovimbundu (língua umbundu) e ambundu (língua kimbundu)”.

A historiadora Luzia Milagre Pitra que há cerca de um ano defendeu a sua tese de doutoramento no Instituto África da Academia de Ciências da Rússia aborda os aspectos relacionados com o contexto da crise na região dos Grandes Lagos e a sua influência na região Austral de África.

Dentre os autores russos, destacam-se os africanistas e académicos Vladimir Shubin, director adjunto do Instituto Africa, Anatoli Khazanov, Andrei Tokariev, A. Pritvorov e Rosa Izmaguilova. Discursando no acto de apresentação do livro, o Embaixador Ngongo realçou que “com a edição deste livro pretendemos preencher uma lacuna nos estudos sobre Angola, as suas etnias e a construção da Nação, bem como ilustrar melhor o pensamento filosófico e as abordagens históricas, sociológicas, linguísticas e até políticas de alguns dos mais prestigiados investigadores angolanos e de académicos russos ligados a esta casa de ciência”.

No decurso da cerimónia, o Embaixador dos Camarões e decano do corpo diplomático africano acreditado em Moscovo, André Ngongang, enaltecendo a vontade e os esforços que têm sido desenvolvidos pela Embaixada de Angola na promoção de eventos culturais, incentivou as outras Missões Diplomáticas a procederem o mesmo, tendo realçado que a obra apresentada constitui um grande orgulho para os povos africanos.

O acto de lançamento do livro “Angola: 25 anos de Independência –Balanço e Perspectivas” contou com a presença de diplomatas angolanos, Embaixadores de diferentes missões diplomáticas africanas e de Cuba, acreditadas em Moscovo, além de académicos, africanistas e jornalistas russos, de representantes da Comunidade científica russa, de estudantes universitário, de jornalistas e dos embaixadores da Etiópia, Guiné-Bissau, África do Sul e da Tanzânia.

O livro destina-se à estudiosos de diversas áreas do saber como sociólogos, historiadores, politólogos, linguistas, políticos, filósofos e jornalistas.

Embaixada da Angola em Moscovo

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