Feliz Natal

São Nicolau é Padroeiro da Rússia, dos marinheiros e das crianças, a figura benevolente que traz prendas em 6 de Dezembro, 25 de Dezembro o no dia 6 de Janeiro, dependendo do país e da religião seguida.

No entanto, São Nicolau existia em carne e osso. Nasceu em 217 DC, em Mira, Ásia Menor, cidade da qual se tornou Bispo, no século IV DC. Ficou ligado à dádiva de prendas devido a dois mitos: que ele salvou três filhas dum homem pobre da prostituição, dando a cada uma delas um saco de ouro; em outro, salvou três oficiais da marinha da morte, aparecendo depois nos seus sonhos – daí o nome do doce que se come em Portugal nesta época.

Na Idade Média, davam-se as prendas no dia 6 de Dezembro (São Nicolau morreu a 6 de Dezembro de 342) mas foi alterado quando no século IV DC, o Papa Júlio I fixou o dia 25 de Dezembro como o dia do nascimento de Jesus, porque foi um dia que coincidia com a festa romana de Saturnália, e as festas pagãos dos germânicos e celtas do Solstício do Inverno (21 de Dezembro). Foi no século XIII que começou o hábito de construir presépios para celebrar o nascimento de Cristo.

A Igreja Ortodoxa depois mudou este festival para o Dia de Epifania (dia da adoração, 6 de Janeiro), quando os Reis magos trouxeram presentes ao menino Jesus no estábulo. É neste dia que se celebra o natal na Rússia mas quem traz as prendas é Ded Moroz (Avó Geada), Babushka (avô) e Snegoroushka (a Menina de Neve).

Papai Noel/Pai Natal precisa da ajuda das suas 9 renas para puxar seu trenó na noite de distribuição das prendas. Chamam-se Dasher (rápido), Dancer (bailarino), Prancer (saltador), Vixen (raposa), Comet (Cometa), Cupid (Cúpido), Donder, Blitze (Relâmpago) e Rodolfo, o chefe.

A árvore de Natal representa um triângulo, simbólico da trindade (Pai, Filho e Espírito Santo). Diz a lenda que os germânicos, que eram politeístas, adoraram as árvores e os primeiros missionários cristãos convenceram-nos a adorar a trindade (presente na forma do pinheiro) em vez da árvore em si.

As luzes de Natal são símbolos de Jesus, luz do Mundo. O simbolismo da chaminé provém da Lapónia, onde as pessoas vivem em tocas debaixo do chão no Inverno. A entrada da casa é através da chaminé.

Como se celebra?

Na Rússia, todos celebram a passagem do ano com uma refeição sumptuosa e vodka. Em Moscovo, muitos vão à Praça Vermelha celebrar juntos. A prática do Natal Ortodoxo nunca morreu, e celebra-se também com uma refeição especial (mas não uniforme no país), no dia 6 de Janeiro, como na Espanha.

Na Inglaterra, o Natal é celebrado no dia 25 e 26 de Dezembro, a principal refeição sendo no dia 25, quando se come perú. Dia 26 é Boxing Day (Dia das caixas) originalmente um dia somente para empregados domésticos, que iam gastar o conteúdo da sua caixa (box) de Natal neste dia, depois dum dia de muito trabalho no dia 25. Nos EUA também se celebra em 25 e 26 de Dezembro mas com uma peça de porco fumado.

No Brasil, Natal não é Natal sem o tender (peça de bacon cozido), Chester (frango com peito grande) e perú, no dia 24 e 25 de Dezembro, enquanto em Portugal na noite de natal (24 de Dezembro) se como a consoada, composta por bacalhau cozido, ovo cozido, batata cozida e couve cozido (uma refeição simples em memória do Jesus).

Nos países africanos de expressão portuguesa (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe) se celebra com peixe no dia 24 de Dezembro, mas não necessariamente com bacalhau.

Na Polónia, comem-se 12 pratos no dia 24 mas também não se pode comer peixe. Renata Kuszak-Rocha descreve o Natal polonês em grande pormenor em outro artigo já publicado hoje (CULTURA). Vale a pena ler.

Nos Balcãs, há tantos costumes como povos. Na Sérvia, celebra-se em 6 de Janeiro, espalhando nozes nos quatro cantos da casa e fazendo uma oferta à santa da casa.

Em certas partes da sérvia, se apanha um tronco de árvore, que se corta em pedaços e atiram-se estes para a fogueira, um pedaço por cada membro família.

São costumes diferentes de povos diferentes que seguem religiões diferentes em países e continentes diferentes. No entanto, todos sejam onde for, estão unidos no amor que sentem pelas suas famílias, fazendo da Humanidade uma comunidade de irmãos que vivem à volta dum lago comum, o mar.

Para os que estão excluídos este Natal, seja qual for a razão, vamos sorrir para eles, nem que seja só uma vez por ano. Alguns chamam isso hipocrisia…mas uma vez é melhor do que nunca.

Para todos os nossos leitores, um Natal muito feliz na companhia de quem vos providencie bem-estar.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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