Geórgia no abismo

Presidente Eduard Shevardnadze declarou um estado de emergência hoje depois de manifestantes tomarem o edifício do parlamento em Tblissi, pedindo às forças de segurança que restituíssem a normalidade, depois de ser esforçado a abandonar o parlamento pela porta traseira.

Com Eduard Shevardnadze a recusar a demissão, a presidente do parlamento, Ninó Burjanadze, declarou que ela assume as funções de presidente interino, enquanto o líder da oposição, Mikhail Saakashvili, que dirigiu os manifestantes, falou duma “revolução de veludo”.

Burjanadze declarou ao país na TV da Geórgia que assume as funções de presidente “na impossibilidade de confirmar a capacidade de Shevardnadze de cumprir a suas funções". "Como não sabemos se Shevardnadze está em condições de trabalhar…eu, como presidente do Parlamento, assumo as funções de chefe de Estado de acordo com a Constituição".

Os manifestantes tomaram o parlamento quando Shevardnadze estava a fazer o discurso na primeira sessão parlamentar após a vitória do partido do presidente e seus aliados nas eleições parlamentares de 2 de Novembro.

Após a realização das eleições, houve uma pausa de quatro dias até que as autoridades anunciaram no dia 6 de Novembro que haveria uma moratória de 14 dias até a declaração dos resultados finais. Entre 14 e 18 de Novembro, houve manifestações gigantescas em Tblissi contra e em favor de Shevardnadze. No dia 20, a Comissão Central das Eleições declarou a vitória do partido do Presidente, provocando uma onda de fúria entre a oposição, cujas apoiantes rumaram a Tblissi no dia seguinte, para hoje tomarem o parlamento.

Por enquanto a situação é calma, com os polícias e outras forças de segurança a não assumirem posições, enquanto o chefe da polícia se declarou leal a Shevardnadze, que por sua vez declarou um estado de emergência, declarando que as forças vão restabelecer a normalidade.

Com Shevardnadze a declarar que houve um “golpe de estado armado” e os manifestantes a declarar que simplesmente impuseram o estado de direito no país, a acção das forças de segurança irá determinar se haverá ou não um banho de sangue em Tblissi ou uma guerra civil.

Neste momento, agrupam-se centenas de apoiantes de Shevardnadze nas imediações do parlamento e o ruído sobe de tom.

Observadores internacionais declararam que houve fraude eleitoral, porque a votação anunciada pela Comissão não reflecte a vontade do povo em certas zonas. De acordo com a Constituição da Geórgia, se houver incapacidade do presidente, o presidente do parlamento assume as funções e dentro de 45 dias, há novas eleições.

Timofei BYELO PRAVDA.Ru

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