GEORGIA RETIRA TROPAS DA OSSÉTIA DO SUL

Nas palavras do ministro da Defesa da Geórgia, Gueorgui Buramidze, a decisão de retirar as tropas "aponta as intenções sinceras da direcção georgiana de estabelecer a paz nesta região".

Como destacam os observadores, o fogo cessou depois da instalação de postos adicionais das forças de paz nas alturas perto de Tskhinvali. O ministro da Defesa georgiano assinalou que, actualmente, uma "tranquilidade absoluta" reina na zona do conflito. Ao mesmo tempo, segundo o ministro, será garantida a segurança das povoações georgianas na zona do conflito. "Em novas condições, simplesmente não é possível levar a cabo quaisquer acções militares, porque todos os postos de controlo na região foram ocupados pelas forças de paz trilaterais", - disse.

Efectivamente, a situação na região começou a normalizar-se com a retirada das formações armadas georgianas da zona do conflito. A primeira noite depois da saída dos militares georgianos passou sem disparos e tiroteios. Conforme comunicou o estado-maior unificado das Forças Mistas de Manutenção da Paz, tal foi possível "depois da instalação de pacificadores russos nas alturas dominantes perto de Tskhinvali e a abertura de cinco postos de controlo adicionais do contingente de paz na bifurcação dos caminhos que levam a povoações georgianas e ossetinas".

Há várias causas que podem explicar a decisão da parte georgiana de retirar as tropas. Primeiro, é a tentativa fracassada do assalto à aldeia ossetina de Tliakan. Segundo os dados do estado-maior unificado, "militares georgianos tomaram uma parte da aldeia e quatro carros blindados". Mas dentro de algumas horas os militares ossetinos reconquistaram as posições e os meios técnicos.

Segundo, o principal parceiro de Saakachvili no Ocidente - os Estados Unidos - manifesta-se pela solução política do conflito. Na opinião do perito do Instituto da Análise Política e Militar, Serguei Markedonov, o Ocidente apoia Mikhail Saakachvili nomeadamente como político de um novo tipo, capaz de resolver problemas internos complexos sem derramar sangue. É pouco provável que o Ocidente, em geral, e os Estados Unidos, em particular, dêem luz verde a Saakachvili para a solução dos problemas interétnicos na Geórgia pela via da força - ressalta o perito.

Terceiro, Tbilissi não deixou desatendida a posição da Rússia - jogador tradicionalmente forte na região que participa directamente na regularização do conflito. E a posição da Rússia em relação ao assunto continua inalterável. Há dias, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia fez uma declaração oficial explicitada em tonalidades descomunalmente rígidas para o departamento da política externa. O MNE russo responsabilizou a Geórgia pela frustração das decisões da Comissão Mista de Controlo (CMC) de 18 de Agosto sobre "o reposicionamento e a instalação de postos adicionais das forças de paz para separar as partes e assegurar o cessar-fogo". O MNE faz lembrar que "estas decisões são assinados pelos representantes georgianos". Contudo, "a parte georgiana voltou a desatar as acções militares - desta vez ainda mais sangrentas e de maior envergadura, que fazem frustrar os últimos entendimentos", - diz-se na declaração.

A parte ossetina, com era de esperar, saúda a retirada das tropas georgianas. Nas palavras do ministro dos Assuntos Especiais da Ossétia do Sul e có-presidente da Comissão Mista de Controlo para a Regularização do Conflito entre a Geórgia e Ossétia do Sul, Boris Chochiev, "esta decisão foi justa prevenindo as futuras vítimas". O ministro destacou que depois da retirada das tropas georgianas da Ossétia do Sul "abrem-se boas perspectivas para continuar as conversações de paz visando reforçar a estabilidade na região".

As forças de paz planeiam agora efectuar uma série de medidas para tirar tensão na zona do conflito georgiano-ossetino. Assim, segundo o comandante das Forças Mistas de Manutenção da Paz, Sviatoslav Nabzdorov, nos próximos tempos, os pacificadores russos tencionam desarmar os voluntários tanto nas aldeias ossetinas, como georgianas da Ossétia do Sul. O comandante salientou que "na região não devem ficar quaisquer homens armados, além de pacificadores e efectivos de estruturas de protecção da ordem pública".

A atenuação da violência na Ossétia do Sul permite às partes reiniciar já em breve o processo negocial no quadro da Comissão Mista de Controlo. Nos próximos dias, pelos vistos, recomeçará a busca de compromissos recíprocos e vias da regularização política do conflito georgiano-ossetino.

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