Rússia, Geórgia e Adzharia dão lição na gestão de crises

Sem bombardeamentos, sem invasões, sem bombas de fragmentação, sem violência e com boa vontade, com diálogo, discussão e debate, os três intervenientes da ex-URSS mostram como se faz a gestão de crises

Adzharia faz parte da Geórgia desde o século X DC. Foi invadido pelos Seljucos no século XI e pelos Mongóis-Tartares no século XIII. Ficou sob o jugo turco até meados do século XVII, ficando parte da Rússia em 1878. Desde 1921, é República Autónoma dentro da Geórgia.

Na transformação da URSS para a Comunidade de Estados Independentes na década de noventa, a situação complicou-se, pois a Geórgia começou a desrespeitar o status quo na região e começou a açambarcar todas as rédeas de poder na capital, Tblissi. Desde a independência da Geórgia em 1991, Aslan Abashidze, agora com 65 anos de idade, governa a Adzharia.

Com a movimentação de Saakashvili contra Shevardnadze, as actividades dos desordeiros Kmara Juventude começaram a actuar em Adzharia, provocando a proclamação do estado de emergência “para proteger a Constituição e manter ordem na República Autónoma”, disse Abashidze.

Desde o início deste conflito, a Rússia apelou a Tblissi e Batumi para resolver esta crise através de diálogo, apresentando a cada momento uma avenida de paz, uma alternativa a conflito. “Nos últimos dias, quando a tensão a volta da Adzharia chegou a níveis perigosos, a parte russa mantinha sempre contactos constantes com os líderes da Adzharia e da Geórgia, pensando na cerne da questão – impedir a eclosão dum conflito armado”, disse uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Federação Russa.

Este processo de diálogo foi bem sucedido. Na quinta-feira, Mikhail Saakashvili, Presidente da Geórgia, cancelou todas as sanções económicas contra a Adzharia (bloqueio do porto, bloqueio do aeroporto, bloqueio da linha de caminho de ferro, fecho da fronteira, congelamento de contas bancárias) e Aslan Abashidze cancelou o recolher obrigatório e o estado de emergência, iniciado em 24 de Novembro de 2003.

Através das conversas, em clima de boa vontade, franqueza e abertura, ambos os lados esclareceram os seus receios e vontades. Apertaram as mãos. Resolveram o contendo sem violência, sem ódio e com compreensão.

Uma lição para um mundo que parece estar obcecado pela violência.

Ivan PODGORNY PRAVDA.Ru

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