Vladimir Putin dá última conferência antes das eleições presidenciais

Presidente da Rússia, Vladimir Putin deu a última conferência antes da eleição presidencial. Parece começar a sonhar em bater Fidel Casto e Hugo Chavez não só no que respeita aos longos monólogos, mas também na expressão e, por vezes, na grosseria na linguagem empregue. Quase cinco horas para dizer e redizer o que disse um dos famosos personagens criados por Herman José: "Aqui, o presidente da Junta sou eu!".

Reproduzo aqui parte das respostas de Vladimir Putin.
O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, avisou uma vez mais que o seu país reorientará os seus mísseis nucleares para o sistema de defesa antimíssil norte-americano se ele for instalado na Europa do Leste.

“Os nossos especialistas consideram que esse sistema ameaça a nossa segurança nacional. Se ela surgir, seremos obrigados a reagir adequadamente, seremos obrigados a reorientar parte do nosso sistema na direcção desses mísseis” – declarou Putin.

Estas declarações do dirigente foram feitas durante a última conferência de imprensa que deu no cargo de Presidente da Rússia, onde estiveram presentes 1364 jornalistas russos e estrangeiros. Vladimir Putin não exclui a possibilidade de responder da mesma forma caso na Ucrânia apareçam bases da NATO.

“Seremos obrigados a reorientar os nossos mísseis para os lugares que considerarmos que ameaçam a nossa segurança nacional. Sou obrigado a dizer isto hoje de forma directa e honesta para depois não deturparem as minhas palavras” – sublinhou.

“Segundo os dados de que disponho – continuou Putin -, a esmagadora maioria dos cidadãos da Ucrânia estão contra a adesão à NATO, mas, não obstante, a direcção da Ucrânia assinou um papeleco para dar início ao processo de adesão. Será isto democracia? Quem perguntou aos cidadãos do país se eles querem ou não?”.

Vladimir Putin excluiu quaisquer possibilidade de confronto militar entre a Rússia e os Estados Unidos, não obstante existirem divergências entre os dois países.

“Não se prevêem quaisquer confrontos. Espero que isso jamais aconteça” – afirmou.
O dirigente russo defendeu que as relações entre os dois países não devem depender das personalidades dos novos Presidentes.

“Os interesses fundamentais da Rússia e dos Estados Unidos irão obrigatoriamente empurrar a direcção de ambos os países para o desenvolvimento do diálogo positivo, no mínimo de parceria” – frisou.
“Independentemente dos apelidos deles, estou convencido que os Presidentes da Rússia e dos Estados Unidos se irão orientar precisamente por considerações básicas. Claro que os apelidos também são importantes, mas o significado fundamental das nossas relações é mais importante” – acrescentou.

Quando lhe perguntaram que candidato irá vencer nas presidenciais nos Estados Unidos, Putin respondeu: “Vencerá o mais digno, o que apresentar o programa mais eficaz, que responda aos interesses do povo dos EUA e seja capaz de provar de forma clara e acessível à esmagadora maioria da população do país que o seu programa é o melhor”.

Vladimir Putin não considera um ultimato a decisão dos observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa de não participar nas eleições presidenciais de 02 de Março, mas reagiu com palavras duras, até grosseiras, a essa decisão: “Não penso que alguém seja tentado a apresentar ultimatos à Rússia, tanto mais da parte de uma organização com uma abreviatura tão desagradável para o ouvido russo: ODHIR (Centro para as Instituições Democráticas e Direitos Humanos, instância da OSCE responsável pelas missões de observação eleitoral)”.

A abreviatura ODHIR em russo BDITCH pode ser associada à palavra p...
“A Rússia não admitirá que lhe imponham condições, mas cumpre todos os seus compromissos. Vão ensinar as vossas esposas a preparar sopa” – aconselhou Putin.

Também as posições da União Europeia face ao Kosovo foram alvo de um forte e emotivo ataque do Presidente russo, que considerou a proclamação da independência desse território nos Balcãs “imoral, ilegitima” .

“Nem gostaria de falar para não ofender ninguém, mas há 40 anos que existe de facto a república independente do Norte do Chipre. Porque não a reconhecem? Europeus, não têm vergonha de abordar com padrões duplos a solução dos mesmos problemas em diferentes regiões do mundo?” – perguntou Putin, e acrescentou: “Se formos a actuar segundo a “necessidade política”, servindo interesses políticos de alguns países, destruiremos o Direito Internacional e a ordem geral”.

Sem especificar, o dirigente russo diz ter resposta à proclamação unilateral do Kosovo. “Nós não tencionamos fazer macaquices. Se alguém toma uma decisão estúpida, ilegal, não significa que devemos fazer o mesmo”- declarou Putin, mas acrescentou: “Se o Kosovo pode fazer isso, porque é que nós não podemos fazer? Mas a nossa reacção não deve ser directa ou igual. Nós sabemos o que iremos fazer”.

O chefe do Kremlin afirmou não existirem razões para recear agressividade da parte da Rússia, pelo contrário. “Nós assinámos um acordo sobre a limitação e o controlo dos armamentos na Europa. Nós cumprimo-lo. Nós ratificámo-lo e reduzimos as nossas unidades militares na Europa... Aceitámos limitações de carácter colonial, que limitam as movimentações das próprias tropas no nosso território” – declarou e, virando-se para o jornalista estrangeiro que lhe tinha feito a pergunta, acrescentou: “A França tomou compromissos semelhantes? Ou a América? É ridículo dizer que o presidente dos Estados Unidos aceita a limitação do deslocamento de tropas da Califórnia para o Texas, do Texas para Main?Mas nós fizemos isso. E o que aconteceu? Os nossos parceiros nem sequer ratificaram esse documento”.

Putin defendeu a realização de mudanças fundamentais na política face ao Médio Oriente para que todas as partes do conflito estejam interessadas na estabilização da situação. Segundo ele, “ a Rússia apoia o que faz Bush nos últimos tempos, embora não possa dizer que a Rússia esteja de acordo consigo”.

Putin aconselhou a dar ouvidos ao Hamas no processo de normalização da crise no Médio Oriente.
“Não obstante toda a agudeza do problema, deve-se ouvir o Hamas, compreender o que o orienta” – defendeu.

“Trabalhei como um escravo nas galeras” – declarou o Presidente russo ao fazer o balanço da sua política interna durante os oito anos que esteve à frente da Rússia.

“Eu não vejo quaisquer fracassos sérios. Todos os objectivos colocados foram atingidos, as tafefas cumpridas” – acrescentou.

Vladimir Putin frisou também que entre ele e Dmitri Medvedev não surgirão problemas caso Medvedev seja eleito Presidente e ele nomeado primeiro-ministro.

“O Governo da Rússia é o poder executivo supremo no país. Tem poderes suficientes. Eu e Dmitri Anatolievitch (Medvedev) organizaremos as nossas relações pessoais, se os eleitores nos permitirem fazer isso, no plano prático. Garanto-vos que não haverá problemas” – frisou.

O Presidente russo, cujo mandato está a chegar ao fim, sublinhou que não é objectivo da sua política edificar o capitalismo de Estado na Rússia.


Depois de responder a cerca de 70 perguntas, Putin considerou que respondeu à pergunta dos jornalistas estrangeiros “who is mister Putin?” “não com palavras, mas com actos, cumprindo honestamente as funções de chefe do Estado durante oito anos”.

Putin bateu todos os recordes no que diz respeito à duração das suas conferências de imprensa. A última durou mais de quatro horas e meia, informações do blog Da Rússia.

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