A RÚSSIA CARECE DE OPERÁRIOS

Nos próximos tempos, o desempenho económico da Rússia será impedido pela falta de mão-de-obra nos sectores produtivos, afirmam analistas do Instituto de Peritagem junto da União Nacional de Industriais e Empresários (UNIE). É verdade que a Rússia carece de operários qualificados. No país não há centros de ensino que os preparem, tendo apenas 11% de alunos das escolas secundárias dito "estarem dispostos a exercer essa profissão".

Por um lado, na sociedade predomina a opinião sobre o "carácter exclusivo e preferencial do ensino superior", acentua a este propósito o presidente da União de Directores das Escolas Técnicas Especiais (UDETE), Viktor Demin. Ser operário hoje não tem sentido, nem prestígio. Por outro lado, não há especialistas que possam ensinar os operários jovens. "Os antigos mestres ora passaram à reforma, ora não estão em condições de dar aulas em plena conformidade com os programas de hoje e as exigências modernas", afirma a dirigente da Associação de Educação Profissional Suplementar, Olga Odyn, segundo a qual "os professores contemporâneos devem ter o conhecimento de informática e de tecnologias complicadas". Por isso, frequentemente, aos "novatos" são dadas as "aulas de apoio" directamente nos locais de trabalho.

Enquanto isso, o sistema de preparação de quadros qualificados encontra-se em estado grave. "Os finalistas dos anos 90 do século passado recusavam-se a seguir a carreira de operários", salienta o presidente da Associação "Metropolis", Valeri Poliakov. No início da última década, a procura à força de trabalho vinha diminuir por causa da brusca quebra de produção. Os estabelecimentos de ensino preparavam especialistas sem terem tomado em conta as necessidades económicas reais. Em resultado disso, os finalistas e os especialistas jovens ficavam sem trabalho, tendo sido forçados a passar pela reciclagem para poder ganhar a vida. O prestígio dessas profissões era abalado ainda por vencimentos realmente baixos.

Hoje em dia, existem várias empresas rentáveis que, possuindo um grande número de encomendas, podem dar-se ao luxo de fazer os aumentos salariais. Porém, tais unidades fabris também se deparam com a falta de quadros qualificados. "O salário de um torneiro jovem na região de Moscovo oscila entre 6 e 15 mil rublos (1 dólar dos EUA é igual a 28,5 rublos). Ao mesmo tempo, um engenheiro ganha 6-12 mil rublos. "Os operários qualificados têm um vencimento superior", ressalta o director do Centro de Emprego em Balashikha (nos arredores de Moscovo), Valeri Lukin. Recentemente, prossegue, "eu andava à procura de um especialista em criogenia (técnica de baixas temperaturas) mas não pôde encontrar ninguém!". Ao meu ver, disse, "se o governo não tomar medidas extraordinárias, amanhã será difícil ou até impossível contratar alguém para trabalhar nesse e noutros ramos".

Todavia, as empresas de grande dimensão encontram a saída para esta situação. A "Norilski Nikel" e outras companhias gigantes destinam os avultados meios financeiros para a preparação de especialistas e dispõem de centros de instrução próprios. Algumas empresas costumam concluir contratos com as escolas técnicas, definindo com antecedência um número exacto de especialistas necessários. Tais fábricas ajudam os centros de ensino a resolver problemas relacionados com a manutenção da base material.

Convém referir que os centros de ensino profissionalizado foram criados com o único objectivo de servirem os interesses de determinados ramos económicos e empresas industriais. Desde então, o mercado de trabalho sofreu mudanças. Dai a necessidade de "serem alteradas as relações com as escolas técnicas e os centros de educação", assinala Viktor Demin. Na sua óptica, a transferência dos centros de ensino profissional para a competência dos poderes regionais "permitirá colocar o processo de ensino ao serviço da economia". Assim, será possível restabelecer os vínculos com as empresas, serão modernizados os equipamentos e preenchidas as vagas de mestres. "Actualmente, cada aluno nosso deve ser devidamente colocado", - afirma uma fonte do Ministério da Educação da região de Nijni Novgorod. Os especialistas jovens passam a trabalhar nas empresas regionais, devendo estas últimas indicar as profissões requeridas, garantir um "apoio técnico" de mestres e os aumentos salariais".

Resumindo, os dirigentes das escolas técnicas necessitam de apoio por parte do Estado e de organizações não estatais. "São igualmente indispensáveis as novas abordagens e iniciativas referentes à preparação profissional de alunos de escolas secundárias", - realçou o presidente do Conselho de Directores da Associação das Escolas Técnicas, Aleksei Sudlenkov. "Os jovens hão de ser informados sobre várias especialidades e profissões prometedoras", frisou em conclusão o presidente da "Metropolis", Valeri Poliakov.

Olga Sobolevskaia comentarista RIA "Novosti"

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