ELEIÇÕES MUNICIPAIS EM MOSCOVO

No meio de várias deturpações, apenas três partidos conseguiram representação na Duma de Moscovo: o partido do presidente Putin, com 47,4% dos votos expressos, seguido pelo Partido Comunista de Guennadi Ziuganov, com 16,7%, e uma coligação de direita liberal, com 11%. ELEIÇÕES MUNICIPAIS EM MOSCOVO A abstenção foi a grande vencedora das eleições para a Duma de Moscovo, ao ser a opção seguida por quase dois terços dos eleitores moscovitas: 66,3%! A candidatura encabeçada pelo actual presidente da Câmara de Moscovo, Yuri Lushkov, do partido Rússia Unida do presidente Vladimir Putin, foi a mais votada com 47,4% dos votos. Em segundo lugar ficou o PCFR (Partido Comunista da Federação Russa), liderado por Guennadi Ziuganov, com 16,7% dos votos. E em terceiro lugar ficou uma coligação entre o partido Yabloko de Grigori Yavlinski e a União das Forças de Direita, com 11% dos votos. Apenas estas três candidaturas conseguiram ultrapassar a barreira dos 10% de votos expressos, que permite aceder à Duma da capital russa. Para se ter ideia da dimensão antipluralista e antidemocrática desta barreira, atente-se o que seria a sua aplicação aos resultados das últimas eleições legislativas em Portugal: apenas o PS e o PSD teriam eleito deputados para a Assembleia da República. Nem o PCP, nem o CDS/PP nem o Bloco de Esquerda, com votações entre os 7,6% e os 6,4%, teriam eleito um único deputado! Ou seja, teria sido uma grave deturpação da vontade e do pluralismo dos eleitores. Mas para além desta claúsula-barreira de 10%, os votos expressos pelos moscovitas serão ainda deturpados graças a um sistema eleitoral misto, em que do total de 35 lugares da Duma de Moscovo, 20 são atribuídos por método proporcional, e os restantes 15 ao partido mais votado em 15 circunscrições uninominais. Assim, o partido do presidente Putin deverá ficar com 28 lugares (80% dos lugares com apenas 47 % dos votos!!!), o PCFR, liderado por Ziuganov com apenas 5 e a coligação de direita liberal com 3. O pluralismo e a democraticidade destas eleições foram ainda afectados pela anulação da candidatura daquele que foi o terceiro partido mais votado nas últimas eleições parlamentares na Federação Russa, e que as sondagens colocavam agora em segundo lugar nas intenções de voto para a Duma de Moscovo, o partido nacionalista RODINA (Pátria em russo).

A razão que o Supremo Tribunal da Federação Russa evocou para anular tal candidatura foi o carácter alegadamente racista de um tempo de antena deste partido. Recorde-se que o RODINA foi beneficiado pelo governo de Putin, numa fase inicial em que contribuiu para enfraquecer o PCFR. Agora terá sido o PCFR, incoerentemente também marcado por uma forte tendência nacionalista, a beneficiar com a anulação da candidatura do Rodina. É que este último, terá entretanto substituído o PCFR no papel de mais activo partido da oposição... Luís Carvalho PRAVDA.Ru

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