"TERRORISMO NO PAÍS DOS OUTROS É REFRESCO"

Em pouco mais de uma semana, a Rússia sofreu três grandes ataques terroristas: a explosão de dois aviões de passageiros em pleno ar; um carro-bomba colocado na saída de uma estação de metrô em Moscou; e agora a tomada de mais de 1000 reféns, a maioria crianças, em uma escola na cidade de Beslan, no Cáucaso. A ação das tropas especiais, ocorrida pouco tempo antes de este artigo ter sido escrito, liberou a maior parte dos reféns e, embora ainda não se saiba exatamente o que aconteceu e quantas pessoas morreram, o custo com certeza é enorme, com a morte de mais de 100 reféns.

Diante de tudo isso, seria de se esperar a solidariedade de todos os países do mundo, para apoiar a Rússia em sua ação contra terroristas que, usando o pretexto da defesa da religião e da liberdade de uma pequena república russa (a Tchetchênia), não hesitam em matar civis inocentes e indefesos ou capturar milhares de crianças. O que a Rússia sofreu nos últimos 10 dias só pode ser comparado, em magnitude e número de vítimas, aos ataques sofridos pelos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001.

Embora muitos cidadãos da Europa ocidental e dos EUA demonstrem sua solidariedade em cartas à versão inglesa de nosso jornal (english.pravda.ru), não é o que acontece na maior parte da imprensa. O clima russófobo predomina, e muitas vezes nem se chama os perpretadores de tais ações pelo verdadeiro nome - terroristas -, mas "rebeldes", "insurgentes", "milicianos pró-independência".

Um pequeno artigo, escrito pelo Christian Science Monitor, e publicado na versão inglesa do Pravda.ru, resume bem a incoerência da imprensa ocidental. Eis um extrato do artigo: "Um artigo do The Guardian sobre a crise [de reféns na escola de Beslan] afirma que se as tensões aumentarem em Beslan, isso poderá levar a um sério conflito armado no Cáucaso. De acordo com especialistas do jornal inglês, a situação pode ser resolvida por conversas pacíficas com membros independentes da oposição tchetchena.

"O Christian Science Monitor sugere que os EUA e a ONU aumentem sua pressão sobre Moscou, para que a Rússia inicie conversas pacíficas na Tchetchênia. O Christian Science Monitor critica a resolução da ONU que condena o ato terrorista em Beslan."

Este pequeno trecho já mostra bem a completa incongruência da imprensa ocidental. Todos os media dos EUA e da Grã-Bretanha apoiaram entusiasticamente a guerra de seus países contra o Iraque, que não financiava terroristas nem era uma ameaça a qualquer nação.

George Bush e Tony Blair, referindo-se a Saddam Hussein, diziam que "não se pode negociar com terroristas", e afirmavam (e continuam afirmando até hoje, quando se provou o contrário de tudo o que eles alegavam) que a guerra era a única solução.

Agora, diante de terroristas que explodem aviões e estações de metrô e tomam uma escola com mais de 1000 crianças, essa mesma imprensa afirma que "o único caminho é o diálogo", e ainda chega ao cúmulo de criticar a condenação dos ataques terroristas.

Por que tamanha incoerência? Porque a chamada "Guerra contra o terror", liderada por Bush e Blair, não tem nenhum outro propósito além da hegemonia militar e econômica. No fundo, é bom tantos ataques terroristas contra a Rússia, devem pensar Bush e Blair, pois este país ainda é uma das maiores pedras no sapato de suas potências imperialistas.

Carlo MOIANA PRAVDA.Ru BRASIL

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