Resposta ao artigo “The Pravda about Putin”

Uma pesquisa no Google acerca do autor desta peça de disparate, um senhor de nome Jed Babbin, revela outras gemas no seu historial de artigos, tais como “Dentro do Asilo”. Se questiona se foi dum asilo destes que Jed Babbin escapou antes de escrever “A Pravda acerca do Putin”.

Pertencendo ao tipo de jornalismo que cita a mosca na parede da banheira como fonte oficial e que imprime artigos do tipo “Extraterrestres com dez mamas e três pénis violam em série autocarro cheio de avós em excursão para parque subterrâneo”, normalmente nem se atribuiria tempo para responder a este tipo de artigo de duas páginas e meia, no entanto, visto que espalha a histeria anti-russa, que insulta o Presidente Putin, que insulta o psique do povo russo, que insulta a inteligência e a integridade dos muitos patriotas russos que se concentram na construção da Rússia, que insulta as normas de jornalismo por afirmar que fala a verdade quando de facto é um tecido de mentiras desde o início até ao final, e ainda por cima cita o nome da PRAVDA, há que ter resposta.

É precisamente este tipo de jornalismo que é típico de fontes ocidentais, que por um lado se afirmam como os bastiões de liberdade de expressão e de imprensa, mas atrás das costas filtram qualquer coisa que contraria a linha seguida pelos patrões corporativos que são os donos e que controlam todas estas fontes. É precisamente este tipo de jornalismo que contaminou as mentes de tantas milhões de cidadãos ocidentais ao longo dos últimos anos, mentes tão cheias de propaganda que acreditariam em tudo, mesmo que Saddam tinha Armas de Destruição Maciça. Pode ser que The American Spectator consiga convencer seus leitores que existem fadas no fundo do quintal também.

Empregando frases do tipo “Rússia sendo a Rússia – a sede pelo Império nunca fica satisfeita”, e “Tranquila e asperamente, paciente e inexoravelmente, a velha malta soviética e uma cambada de jovens que queriam ser os Brezhnev dos dias modernos, trabalham para restaurar a potência militar russa e a hegemonia sobre os estados satélite soviéticos”, este artigo dá provas que as fontes de notícias ocidentais continuam a tentar manipular a opinião pública através de material escrito por pessoas que evidentemente nem percebem nada sobre aquilo que escrevem e cuja compreensão da Rússia e dos russos se limita à filosofia da caça às bruxas.

Falando agora em Impérios, este artigo deixa de fora qualquer comparação entre o número de bases militares norte-americanas e russas no estrangeiro, deixa de fora qualquer menção das operações militares activas por pessoal militar norte-americano e russo fora das fronteiras nacionais e deixa de fora qualquer referência à questão chamada Iraque.

Relativamente à edificação da Rússia, qual é o problema com a vontade de restaurar a dignidade e o poder que o país gozava durante os tempos soviéticos, quando o PIB era o duplo daquilo que é hoje e quando o estilo e nível de vida da maioria dos cidadãos era bastante mais elevado do que é hoje em dia? O quê é que os russos devem fazer, venderem todos os seus recursos ao ocidente, viver numa lixeira gigante e dizerem “Muito obrigado”, enquanto o Ocidente mija nas suas orelhas?

Para informar Jed Babbin e seus leitores nos Estados Unidos da América, que devem deliciar-se com este tipo de artigo atacando Putin e Pravda, posso dizer que se fizer a pergunta a qualquer grupo representativo do povo russo, se querem ou não voltar ao sistema soviético, diria a maioria “Não, mas recusamo-nos a vender a nossa cultura pelo rio abaixo, queremos permanecer na linha de frente da política mundial e do desenvolvimento científico e aceitamos e assumimos a nossa história, o bom e o mau”.

A União Soviética foi um dos sistemas políticos no mundo que conseguiu preencher e realizar seus objectivos a cem por cento na sua história de 74 anos, nomeadamente pão, paz e direitos iguais para todos os seus cidadãos. A taxa de alfabetismo foi transformada desde níveis medievais até padrões da primeira linha – pleno alfabetismo – se garantiu a segurança do estado da Rússia, depois da perda de milhões de vidas em duas guerras e o nível de vida foi melhorada bastante não só em Moscovo mas também nas províncias russas e nos outros estados membros da União.

O que os russos não querem é uma situação como aquela que viviam sob Boris Nikolaievich Eltsin, em que lacaios ocidentais agarraram pela garganta os recursos da Rússia, filtraram fundos para suas contas no estrangeiro, receberam simultaneamente subornos para atribuir contratos a interesses estrangeiros, com o presidente mais confortável com uma garrafa de vodka do que um documento legislativo e que fez palhaço do seu povo e dele próprio, aparecendo bêbado em público.

O que Presidente Vladimir Vladimirovich Putin tenciona, e está fazendo juntamente com sua equipa, é assegurar que os recursos russos permaneçam nas mãos de russos, que pagam seus impostos ao governo, que contribuem e cometem os recursos que controlam ao bem colectivo, à riqueza comum e em fortalecer a Comunidade de Estados Independentes, Moscovo, em vez de praticar o imperialismo como diz Jed Babbin, garante a segurança não só dos recursos russos e da sua população mas também a segurança dos outros onze países membros da CEI.

Relativamente ao comentário acerca da PRAVDA na The American Spectator, que “Lembramo-nos, como deveríamos, que o papel da Pravda foi, e é outra vez, impor sobre nós uma imagem de espelho daquilo que os soviéticos faziam e daquilo que Putin faz”, estamos mais uma vez perante um exemplo clássico de dis- e mis-informação. Enfim, continuam a fazer o que sempre faziam – enfiar sua porcaria pelas gargantas abaixo duma população ingénua e ignorante, que se sente suficientemente insegura que aceita com braços abertos quaisquer frases tipo paternalistas, baseadas nos preceitos dos cowboyadas primitivos e primários – que há o tipo mau com o chapéu preto e há o tipo bom com o chapéu branco.

Uma visão do mundo tipo preto e branco que pertence à época da televisão preta e branca mas que continua a ser praticada por “políticos” como Bush e continua a ser reiterada por publicações como The American Spectator. Uma visão do mundo baseada em porcaria pintada de verdade, ultra-nacionalismo da pior espécie e disparates do tipo pregado por Babbin, que as forças militares russas estão numa situação tão má que precisam de se intrometer na Ucrânia para roubarem o material da Frota do Mar Negro. O autor nem sequer teve o trabalho e o orgulho profissional de pesquisar a matéria sobre a qual ele escreveu com tanta “autoridade” e por isso se revela ignorante do Acordo da Frota do Mar Negro assinado em Maio de 1997, que resolveu esta questão há sete longos anos.

Quanto à política externa, a Rússia apoia o presidente Hugo Chavez, não porque é um “neo-Castrista” como afirma Babbin, mas sim porque foi eleito pelo seu povo, e cuja popularidade foi reiterada no referendo recente. A política externa de Moscovo perante a Venezuela foi algo diferente daquela da Washington, com sua tentativa falhada de golpe de estado e a política externa da Rússia também não passa por tentativas de assassínio de Fidel Castro, adorado pela grande maioria do seu povo.

A política externa da Rússia é forjada pela psique colectiva formada pela sua história e o objectivo principal é garantir a segurança do estado. A União Soviética foi baseada num desejo pela paz num mundo de interesses e direitos iguais e as forças militares da Rússia, tais como as forças armadas da União Soviética, têm o direito e a obrigação de protegerem os cidadãos da Federação Russa contra interesses beligerantes estrangeiros.

Por isso mesmo, por quê é que a Rússia não deve igualar o ocidente na construção de equipamento militar que garante a integridade do país? Será que o ocidente agora começa a se queixar porque o equipamento que a Rússia está desenvolvendo é mais uma vez superior a aquele que o ocidente produz?

A parte beligerante foi sempre, e continua a ser, o ocidente, cuja história colectiva presta testemunho a onde jazem seus valores básicos: enquanto a Rússia estava contente dentro das suas fronteiras, os ocidentais estavam a matar asiáticos a tiro, a chacinar africanos, a cometerem genocídio contra os índios e a forçaram gente inocente para a escravatura. Gente simpática, pois não?

A relação da Federação Russa com a comunidade internacional é uma de amizade e cooperação por acordos bilaterais que fortalecem os laços económicos, culturais e políticos entre as partes. A Rússia não precisa dos ensinamentos de Colin Powell, muito menos depois deste ter mentido entre os dentes no edifício das Nações Unidas, com suas provas da existência de ADM no Iraque, com fotografias com setas, e modelos de plástico de fábricas de químicos nocivos, alias leite em pó. Se não sabe a diferença entre Sarin e Xarope, qual é a utilidade dos conselhos dele? A Rússia não precisa de lições políticas dos Estados Unidos da América, onde o processo eleitoral mais parece uma que se esperaria encontrar numa república das bananas de terceira qualidade.

A diferença entre a peça no The American Spectator e esta resposta aqui na PRAVDA.Ru é cristalina: dum lado, beligerância, intromissão e agressividade numa peça de propaganda insolente e insultante e o outro baseado em factos, na razão, que se defende mas sem atacar primeiro. Que típico é esta peça do The American Spectator, do tipo de disparate que se atira na cara dos cidadãos hoje em dia no hemisfério ocidental e quão típico é o espírito de ingenuidade com que este tipo de porcaria é tão facilmente aceite por uma população ignorante, mal informada e manipulada.

Vamos lá ver se até ao Natal a gente consegue convencer as pessoas que o Papá Noel traz consigo coelhinhos dourados que conseguem cantar “Feliz Natal” em trinta e seis línguas. A sério!

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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Author`s name Pravda.Ru Jornal
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