MNE Russo sobre relações entre a Rússia e a China

PERGUNTA: Como alto diplomata, como Você poderia comentar o estado actual e o futuro das relações entre tais gigantes mundiais como são a Rússia e a China?

A.YAKOVENKO: Devo dizer que as relações russo-chinesas se caracterizam pela sua dinâmica elevada tendo para isso a base jurídico-institucional firme e respectivas estruturas orgânicas. A parceria estratégica da Rússia e da China reflecte as prioridades nacionais dos dois países que se formaram ao longo do trajecto histórico abrindo novos horizontes para desenvolver a cooperação em todos os sentidos e direcções.

Na Rússia acompanharam com muita atenção os trabalhos do XVI Congresso do Partido Comunista da China que fez o balanço do das actividades anteriores e delineou as vertentes principais do desenvolvimento político, económico e social da China, bem como as tarefas para o futuro. Foi aplaudida na Rússia a constância do rumo político externo da China confirmada neste Congresso, inclusive o vector russo-chinês. Neste sentido, reveste-se de suma importância a realização global do Acordo de amizade, cooperação e boa vizinhança firmado em 16 de Julho de 2001.

Outro vector das relações bilaterais é a cooperação na esfera humanitária. As partes tomam como ponto de partida a cooperação na esfera humanitária, o que pressupõe a ampliação dos contactos na Cultura, na Saúde Pública, nos Desportos. Tudo isso para amenizar e reforçar a base social da confiança mútua e boa vizinhança entre os dois países. Na agenda deste programa estão os festivais de cultura, encontros dos jornalistas, popularização na Rússia da medicina tradicional chinesa, a abertura dos centros de divulgação da língua russa na China e vice-versa, dinamização dos contactos desportivos e turísticos.

PERGUNTA: E o vector económico que peso tem nas relações russo-chinesas?

A.YAKOVENKO: Devo aqui ratificar que a cooperação económica e comercial tem adquirido, nos últimos anos, uma dinâmica ascendente. O comércio entre os dois países aumentou perto de 25 por cento situando-se acima de 10 biliões de dólares. Continua em construção a central atómica Tiang Wan na província de Zhiang Sung. Foi dada a abertura ao projecto do oleoduto Rússia-China, a terminar em 2005. O consórcio russo "Gazprom", juntamente com a "Royal Dutch Shell", ganhou o concurso para construir o gasoduto dos territórios ocidentais da China até Xangai. Pela primeira vez nos últimos anos foi firmado o contrato para o fornecimento de aviões civis russo à China, TU-240-120.

No diálogo com a liderança chinesa a parte russa acentua sempre a necessidade de fixar e prospectar as tendências positivas que tomaram corpo nas relações entre os dois gigantes mundiais, dando ênfase à realização de grandes projectos e empreendimentos. Atribuímos especial importância aos projectos energéticos e posso aqui citar tais exemplos como a exploração dos jazigos Kovytinski e na República da Iacútia-Saha, a criação das condições amenas para o projecto do oleoduto Rússia-China, a assistência russa na realização de grandes empreendimentos como, por exemplo, o gasoduto "Leste-Oeste", projecto estratégico para a cooperação russo-chinesa na indústria de gás.

PERGUNTA: E que tal as acções concordadas entre a Rússia e a China na arena internacional?

A.YAKOVENKO: Convergem os posicionamentos da Rússia e da China no que concerne à construção da ordem internacional e mantemos contactos, neste sentido, bastante intensos no domínio de política exterior. Trocamos sistematicamente opiniões a nível dos ministérios dos Negócios Estrangeiros e realizamos respectivas consultas. As questões de agenda são a eficácia da ONU e do seu Conselho de Segurança, a modelação da ordem política e económica internacional justa, o controlo sobre armamentos e a desmilitarização, a não proliferação de armamentos de extermínio em massa e dos seus vectores, entre outros itens.

Temos em debate os conflitos regionais sob ângulos diferentes e as possibilidades de resolvê-los por métodos diplomáticos e políticos, mediante o diálogo e conversações. Mais um tema do diálogo foi a luta contra os desafios contemporâneos, cujas manifestações tivemos em Nova Iorque, Moscovo, ilha de Bali e outras regiões do mundo. São exemplos que testemunham a proliferação do terrorismo internacional em escala global.

A solução destes problemas impossibilita a táctica de "padrões duplos", pois a contraposição aos desafios pressupõe esforços colectivos de todos os países. E neste sentido os posicionamento da Rússia e da China estão bem definidos: combater este fenómeno social em qualquer forma em base bilateral e multi-lateral.

Importa aqui assinalar elevadas potencialidades que encerra a cooperação anti-terrorista nos termos da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) e a criação das estruturas anti-terroristas da OCX, formalizado na última cimeira em São Petersburgo desta associação. Importa realçar que a Rússia e a China vêem na Organização de Cooperação de Xangai um poderoso instrumento para consolidar a paz, segurança e prosperidade em todo o continente asiático, dada a reconstrução do esquema do mundo multi-polar.

E por fim, a China declarou o seu apoio incondicional aos pedidos da Rússia de se ver integrada nas estruturas da Organização Mundial de Comércio (OMC) em todos os termos e requisitos necessários.

© RIAN

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