Ucrânia: Grande think-tank 'ocidental' reconhece derrota

Não há, simplesmente, alternativa viável para a Ucrânia, exceto cooperar com a Rússia e pagar o preço que tiver de pagar para cooperar com a Rússia.

Por isso a Rússia mantém-se sentada à espera de que essa verdade simples se torne patente para todos.

Em fevereiro, escrevemos:[1]


"Putin agora sentará e deixará que o 'ocidente' se engalfinhe para decidir quem enterrará toneladas de dinheiro no poço sem fundo em que a Ucrânia se converterá (...) Putin agora só terá de esperar que a maçã caia da árvore."


Em março:[2]


"Por que a Rússia deveria tentar criar instabilidade no leste e no sul da Ucrânia, quando o governo golpista em Kiev está fazendo o seu melhor para criar muita instabilidade, ele mesmo? À agitação crescente pode-se acrescentar o provável colapso econômico que logo virá. Qualquer ajuda "ocidental" será condicionada à austeridade e empobrecimento das pessoas, bem a reforma política que os oligarcas e os políticos atuais não vão permitir. Nessa condição, não há dúvida de que haverá mais e mais agitação enquanto a Ucrânia desmorona; Rússia absolutamente não precisa intervir para 'obter' confusão.

A Rússia não vai fazer nada de ruim . A Rússia, de fato, vai fazer NADA. A Rússia não vai ajudar, nem econômica nem politicamente, a menos que Kiev e o "ocidente" estejam dispostos a pagar o preço: uma Ucrânia federalizada com regiões fortes e governo central fraco."


Dois meses depois, essa verdade afinal chega aos pensadores medíocres que enchem os ditos 'tanques de pensamento' 'ocidentais'.

O Brookings Institute, que em geral apoia as políticas de Obama, afinal admitiu que é impossível haver Ucrânia sem Rússia; e que, portanto, os EUA têm de cooperar com a Rússia no caso da Ucrânia, porque essa é a única saída que ainda resta.[3] Tudo se resume ao dinheiro.

A perda do acesso a mercados russos já está mordendo na carne e matará toda a indústria pesada e de armamento no leste da Ucrânia. É perda muito, muito, muito pesada:


"No mínimo, estimados $276 bilhões de dólares, para tirar o oriente do mercado. É impensável. O ocidente de modo algum pagará essa quantia."

...

O ponto chave aqui é que não há Ucrânia viável, sem importantes contribuições dos dois lados, da Rússia e do Ocidente. De todas as alternativas para o futuro da Ucrânia, uma Ucrânia exclusivamente ocidental é a menos factível. Mas uma Ucrânia totalmente sob controle da Rússia e absolutamente sem laços com o ocidente, é, infelizmente, possível."


Uma Ucrânia no 'ocidente' é impossível. Uma Ucrânia dentro da Federação Russa é possível, mas pesará sobre a Rússia, pelo menos no curto prazo. Uma Ucrânia finlandizada, na qual a Rússia mandará muito, é o melhor resultado possível para todos os lados.

As próximas eleições-farsa, que elegerão o rei do chocolate Poroshenko,[4] e sobre quem a Rússia tem muita influência - os mercados e algumas das indústrias dele estão em território russo -, é hoje a folha-de-parreira atrás da qual o 'ocidente' tentará ocultar suas vergonhas, enquanto tenta escafeder-se de lá.

Poroshenko será mandado jurar fidelidade à Rússia e assinar tratado de rendição sem condições. Ele terá de:


"construir relações com a Rússia (posição natural para a Ucrânia, que acomoda bem os interesses estratégicos da Ucrânia). Por essa razão básica, os políticos ucranianos não têm sequer alguma micro-chance de ignorar os seus laços passados, presentes ou futuros com a Rússia, e pouco importa que digam que ignorem precisamente esses laços."[5]


Na sequência, terá de suprimir os nazistas no oeste da Ucrânia. Os itens políticos do Acordo de Associação à União Europeia, que o governo golpista assinou, serão revogados e os itens econômicos absolutamente não serão assinados.

Tudo isso se resume a avassaladora, completa derrota para os neoconservadores, os quais erraram absolutamente todas as avaliações que fizeram da situação:[6]


"Os estrategistas dos EUA talvez não tenham antevisto nada disso por causa do equilíbrio doméstico extremamente delicado entre muitas diferentes forças e atores; e o estado ucraniano pode ter-se simplesmente desintegrado ante uma reviravolta geopolítica drástica, a qual, de fato, ainda está em curso.
...

Os EUA descobrem-se mais uma vez na incômoda posição de terem contribuído decisivamente para uma dada etapa decisiva [...], apenas para, no momento decisivo, abandonarem em campo, mais uma vez. sucessivamente os parceiros e aliados dos EUA."


Os neoconservadores planejaram esse ataque contra a Rússia, via Ucrânia e Crimea, e, mais uma vez, fracassaram. Não implica dizer que a questão esteja superada. Ante a derrota, os neoconservadores são doidos para "avançar" tudo e criar "escaladas" as mais ensandecidas.

Fato é, porém, que como se viu no Iraque e no Afeganistão, as 'avançadas', 'escaladas' e surges dos norte-americanos têm pouca probabilidade de alterar resultados já configurados e já inevitáveis. ***** 

 


[1] 26/2/2014, "Algumas conexões com o golpe na Ucrânia", Moon of Alabama, trad. em http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2014/02/algumas-conexoes-com-o-golpe-na-ucrania.html

[2] 28/3/2014, "Pipoca, por favor, enquanto os "Agitadores de Putin" mandam em Kiev", Moon of Alabama, traduzido em http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2014/03/pipoca-por-favor-enquanto-os-agitadores.html

[3] 22/5/2014, em http://www.brookings.edu/research/articles/2014/05/21-ukraine-prize-russia-west-ukraine-gaddy-ickes

[4] http://www.thenation.com/article/179999/return-oligarchs-ukraine-poised-elect-chocolate-king-president

[5] http://valdaiclub.com/near_abroad/69044.html

[6] http://blogs.lse.ac.uk/eurocrisispress/2014/05/12/the-irreversible-crisis-of-the-ukrainian-experiment/

http://www.moonofalabama.org/

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