Exército de Mianmar, crianças recrutadas para serem soldados

Nesta quarta-feira (31) a organização internacional Human Rights Watch denunciou que a Junta Militar de Mianmar (antiga Birmânia) recruta crianças para servir no Exército, comprando e retirando à força meninos a partir dos 10 anos de idade de suas famílias, adianta G1.

A Junta, que enfrenta altas taxas de deserção e falta de voluntários, permite que seus recrutadores comprem e revendam crianças para servir no exército, explicou a organização de defesa dos direitos humanos.

"Os generais do governo toleram o recrutamento ostensivo e não castigam aqueles que o fazem", afirmou Jo Becker, encarregada da defesa dos direitos das crianças da Human Rights Watch. "Neste contexto, os recrutadores do exército traficam crianças sem problemas", acrescentou.

Os recrutadores, desesperados por alcançar as cotas impostas por seus superiores, abordam crianças que encontram em estações de trem e ônibus, mercados e outros lugares públicos e os ameaçam caso não queiram se alistar. Alguns são agredidos e apanham até aceitar, segundo o relatório da HRW, entitulado "Vendidos para ser soldados".

A organização, sediada em Nova York, informa que milhares de meninos são recrutados dessa maneira no país. Mais de 30 grupos armados paralelos também recorrem à prática, ainda que em menores proporções.

"Eles pegaram os formulários e perguntaram minha idade, quando eu respondi 16 me deram um soco e disseram 'você tem 18, responda 18'", contou à HRW Maung Zaw Oo. Segundo o menino, foi a segunda abordagem de recrutadores do exército.

Outro ex-menino soldado, Than Myint Oo, relatou que "os oficiais são corruptos" e "os batalhões têm que ter recrutas", fazendo com que isso se torne um negócio.
Uma criança contou que foi obrigada a se alistar aos 11 anos, apesar de medir apenas 1,30 m de altura e pesar menos de 31 kg.

O recente movimento de protestos populares no país, reprimido pelo exército, poderia tornar os meninos ainda mais vulneráveis, já que o exército corre o risco de que "seja mais difícil encontrar voluntários", estima a Human Rights Watch.

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