Princípio do fim ou só o início?

George Bush irá sem dúvida afirmar que a tarefa está cumprida e que até conseguiu entregar o poder no Iraque dois dias mais cedo da data que foi originalmente programada. No entanto, a verdade é que a situação no país é tão catastroficamente fora de controlo que ele tinha de ir pedir de joelhos à comunidade internacional (que desrespeitou tão flagrantemente) para que desse mais apoio ao governo interino de Bagdade, enquanto Bremer foge o mais rapidamente possível.

George Bush diz muita coisa. Ele afirma que Iraque tem Armas de Destruição Massiça, afirma que sabe onde estão (as tais mensagens de Deus?) e afirma que Saddam Hussein era uma ameaça iminente aos Estados Unidos da América a aos seus aliados. O que nunca faz, é dizer a verdade. Talvez não seja de Deus que recebe suas mensagens, mas do outro senhor.

Foi avisado inúmeras vezes pela comunidade internacional, por diversos conselheiros, na imprensa internacional, nesta coluna, que aquilo que iria fazer no Iraque seria um dos maiores erros na história recente das relações internacionais, a maior quebra nas normas da gestão de crises. Contudo, teve de avançar porque não havia como parar o clique da elite corporativa que o rodeia, que puxam as cordas do fantoche e que ditam a política interna e externa de Washington. Hoje em dia quando as pessoas dizem “O Presidente” o que deveriam dizer é “Todos os Homens do Presidente”.

Hoje, dia 28 de Junho, Paul Bremer entrega o poder dois dias mais cedo que o programa, antes de fugir do Iraque o mais depressa possível, sem dúvida com um enorme suspiro de alívio e um acto teatral de limpar o suor da testa, enquanto os novos “líderes”, o “Presidente” Ghazo al-Yawar e o “Primeiro Ministro” Iyad Allawi, fazem a tomada de posse e ficam com a bolacha.

De facto, estes dois homens não são mais do que fantoches eleitos por Washington para fazer os seus trabalhos sujos. Por essa razão, por quê é que as forças da Resistência iraquiana devem baixar as armas, já que começam a registar os primeiros sucessos relativamente a uma mudança de política?

Outra bela porcaria deixada por Washington para o resto do mundo limpar. Em vez de limitar, reduzir e resolver os problemas inerentes na questão de Palestina, Wolfowitz e companhia conseguiram habilmente abrir uma segunda frente no Médio Oriente, que faz de Hamas, os Mártires de Al-Aqsa e a FLP uns inofensivos e impotentes, quando comparados com aquilo que acontece no Iraque, com centenas de fundamentalistas do mundo Islâmico a jorrarem pelas fronteiras dentro para lutarem contra o Infiel, o tirano, o déspota, o invasor.

As afirmações que o novo governo do Iraque tem “plena soberania” também não passam de mentiras. O governo não pode fazer políticas de longo prazo, todas as questões mais sensíveis têm de passar por Washington e o novo governo não tem qualquer jurisdição sobre os 160.000 tropas da força de invasão estacionados no seu solo.

Com muitos milhares de iraquianos ainda sem nada senão armas semi-automáticas e caixas de munições, depois de Washington aniquilar com armas de precisão as infra-estruturas civis durante seu acto de chacina, não surpreende que cada vez mais jovens estão a juntar-se à resistência contra o que é entendido (e é) uma força de invasão estrangeira e ilegal.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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