Vitória para o Iraque

A primeira grande vitória para o Iraque e para o povo iraquiano registou-se ontem com o sucesso nas negociações entre o Grande Ayatollah Ali al Sistani e Moqtada al Sadr, na cidade cercada de Najaf.

Após três semanas de lutas intensas entre o Exército Mehdi de al Sadr, as Forças Armadas dos Estados Unidos da América e as Forças Armadas Iraquianas, que deixou centenas de pessoas mortas ou feridas, al Sistani conseguiu persuadir as forças shiitas leais a Moqtada al Sadr a abandonar suas armas, ganhando em retorno passagem livre da cidade, liberdade para al Sadr, compensação para as vítimas da violência, o retiro dos tropas estrangeiros da cidade, a substituição das forças norte-americanas pelos polícias iraquianas como guardiães de paz, lei e ordem, uma declaração que a cidade santa é uma cidade livre de armamento e o compromisso de efectuar um censo antes das eleições.

Testemunhos oculares declararam que a entrega das armas está a ser feita de forma informal, com muitos membros das milícia a levar as suas armas para casa em sacos de plástico e outros a esconderem suas armas mais pesadas em casas particulares.

Fundamentalmente, os “rebeldes” ganharam tudo o que queriam e se isso é uma vitória para Iraque e para o povo iraquiano, também é uma derrota para os Estados Unidos da América, que tem de começar a aceitar que apesar do seu aparato militar e os centenas de bilhões de dólares que gastou na sua campanha assassina e desastrosa no Iraque, não tem a capacidade de quebrar a vontade de lutadores determinados a manter sua liberdade contra um invasor estrangeiro, com pouco mais que armas de mão no seu arsenal.

O facto que os soldados norte-americanos estavam em Najaf a tentar prender al Sadr perto da Mesquita do Imam Ali, um dos sítios mais santos para os Shiitas, é mais um exemplo da cega arrogância que acompanha Washington onde quer que coloque seus pés fora dos confins dos EUA.

Basicamente, Washington perdeu o fio do jogo numa região que desconhece totalmente e nunca entendeu, numa cultura alheia e num país que nunca deveria ter invadido.

O resultado deste acordo entre al Sistani e al Sadr é que as forças armadas dos EUA falharam rotundamente o seu objectivo, de prender o último, e deixam a cidade com o rabo entre as pernas com o Departamento de Estado em Washington a declarar que nem percebe todos os pontos do acordo de paz.

Uma vitória para o Iraque, problemas iraquianos resolvidos por iraquianos com as forças assassinas de Washington a bater uma retirada forçada for elementos estrangeiros. Um bom epitáfio para a política externa de George W. Bush e o clique de elitistas corporativos que gravitam a volta de Washington e que ditam a política externa deste, como a República de Bananas terceiro-mundista que Bush fez dos Estados Unidos da América.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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