O militarismo de Seul e a crise na península coreana

Havana (Prensa Latina) A presidenta eleita de Coreia do Sul, Park Geun-hye, assumirá o cargo em 25 de fevereiro, em meio a uma crescente agressividade na península, promovida e intensificada por seu antecessor, Lee Myung-bak.

Especial Prensa Latina

O regime sul-coreano tem promovido uma crescente militarização em progressiva colaboração com os Estados Unidos, nação que reorganizou desde 2002 algo mais de meia centena de bases estratégicas bases.


Para Geun-hye, a situação parece representar um aumento de suas intenções por acrescentar a tensão na região e culpar dessa situação os planos defensivos da República Popular Democrática da Coreia.
Entre os objetivos a desenvolver e segundo analistas, com grandes possibilidades de ampliá-los, estão o equipamento das Forças Armadas com foguetes de médio e longo alcance, além de modernizar e incluir helicópteros não tripulados.


Nos últimos anos, tanto a Coreia do Sul como os Estados Unidos aumentaram os exercícios bélicos, inclusive em condições de inverno extremo e no cuais têm intervindo naves de propulsão nuclear, entre outros armamentos.


Tais termos têm sido claramente expostos pelo atual chefe do exército de Seul, o general Kim Sang-ki, que, a todas luzes e de acordo com diversos meios de imprensa, deve conservar esse cargo no governo de Geun-hye


Mas pese à movimentação não apenas propagandística, um crescente movimento de protestos se desenvolve, promovido, entre outros, pelas organizações "Um mundo sem guerra", "The Frontier" e "Não às bases militares".


POLÍTICA RASTEIRA BELICISTA SUL-COREANA
O fato mais controverso sucede na Ilha de Jeju, declarada Patrimônio da Humanidade e agora centro onde se constrói com rapidez a maior e mais sofisticada instalação militar sul-coreana.
Depoimentos das organizações antibelicistas mencionadas assinalam que ali os especialistas da Coreia do Sul e dos Estados Unidos desenvolvem seus planos sem levar em conta o meio ambiente, incluídas as próximas águas subterrâneas da localidade de Ganjeong, as quais proporcionam 70 por cento do precioso líquido ao sul da região.


"Não à base de Jeju" é um lema localizado diariamente no Twitter ou Facebook pelos pacifistas, liderados entre outros por Kang Ho-song, detido em várias ocasiões devido aos protestos.
Fontes dos grupos sociais assinalam que a última vez que existiu uma base militar na zona foi em 1948, quando a repressão do regime de então provocou milhares de mortos.
Os documentos sobre o referido massacre foram conhecidos apenas em 2006, quando o então presidente Roh Moo-hyun pediu desculpas públicas pela ação para, no entanto, dois anos depois, autorizar a construção da atual base.


Nas denúncias contra a justificativa dessa política belicista sublinham-se detenções arbitrárias, proibições de reuniões ao ar livre, entre outras ações e que mal recebem divulgação nos grandes meios de imprensa de Seul.


COLABORAÇÃO ESTADUNIDENSE NO PLANO MILITAR
Apesar da resistência dos grupos pacifistas e a população local, o regime de Seul e os analistas do Pentágono apontam que Jeju poderia albergar até 20 navios de guerra de avançada tecnologia.
Estados Unidos, que mantém na Ásia milhares de tropas no Japão, nas Filipinas e na Coreia do Sul, além de instalações de apoio logístico na Austrália e Nova Zelândia, considera toda a região como um chamado "arco de instabilidade."


Para tais objetivos conta com o respaldo das autoridades sul-coreanas, que desconhecem na prática os ambiciosos planos com vista a desenvolver em Jeju um excepcional centro turístico e onde o futuro será fruto de "um chamado à paz não escutado", segundo o conhecido pesquisador Noam Chomsky.
A presença estadunidense na Coreia do Sul mantém-se sem interrupção desde 1950 e em 2002 adquiriu um novo rumo com a assinatura entre Washington e Seul do chamado Plano de Ordenamento Territorial.
*Chefe da redação Ásia e Oceania da Prensa Latina.


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