TRÊS LÍDERES LATINO-AMERICANOS NA CONFERÊNCIA DE GOVERNOS PROGRESSISTAS DE BLAIR

Neste domingo, o primeiro-ministro britânico Tony Blair vai receber em Londres 16 líderes "progressistas" de todo o mundo, numa tentativa de relançar a sua chamada "terceira via", uma iniciativa lançada há 13 anos, junto com o antigo presidente norte-americano Bill Clinton. Entre os convidados, estarão três chefes de Estado sul-americanos, todos eles das administrações de centro-esquerda que lideram seus países: o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o chileno Ricardo Lagos e o argentino Nestor Kirchner.

Apesar da importância diplomática do evento, facções esquerdistas de seus seguidores questionaram seus líderes por aceitarem o convite de Blair. De fato, a "terceira via", seriamente prejudicada depois do ataques aéreos liderados por Clinton sobre Belgrado e o apoio de Blair à campanha de Washington contra o Iraque, tem poucos defensores entre os intelectuais latino-americanos.

Os três líderes têm passados esquerdistas, mas depois de se tornarem presidentes de seus respectivos países, tiveram que abandonar as ideologias para enfrentar as realidades de uma região periférica. No entanto, eles não renunciaram ainda a seus princípios, já que procuram manter uma política externa independente dos EUA e, paradoxalmente, do Reino Unido.

O presidente do Chile, Ricardo Lagos, um velho militante socialista, foi embaixador na União Soviética durante o governo de esquerda de Salvador Allende (1970-1973), derrubado pelo golpe militar liderado por Augusto Pinochet e bolado por Henry Kissinger, do Departamento de Estado norte-americano. Lula, por sua vez, é um antigo sindicalista que construiu seu próprio partido (o Partido dos Trabalhadores), reunindo os esforços de um amplo arco de organizações brasileiras de esquerda. E finalmente, Nestor Kirchner é um antigo militante da ala de esquerda do hegemônico Partido Peronista, um movimento político fundado pelo líder populista carismático Juán Domingo Peron, na década de 1940.

De acordo com os resultados do último encontro, Lula, Lagos e Kirchner desenvolveram excelentes relações mútuas, em favor da integração política da América Latina. O presidente da Venezuela, Hugo Chaves Frias, também compartilha das mesmas idéias, mas não foi convidado por Blair, com certeza por causa de seu estilo de governar "politicamente incorreto".

No entanto, Lula recentemente rejeitou as insinuações de que sua participação põe em dúvida sua credibilidade como líder de esquerda. "O Brasil não está interessado numa primeira, segunda ou terceira via", ele disse. "Ele quer encontrar sua própria via." De acordo com fontes, Lula espera usar o encontro para apresentar suas idéias para o combate à pobreza global, promover seu programa "Fome Zero" e pressionar por um assento permanente para o Brasil no Conselho de Segurança nas Nações Unidas. Argentina, Inglaterra e as Malvinas A visita de Kirchner a Londres também estabelecerá um precedente histórico, já que é a terceira visita de um presidente argentino ao Reino Unido desde a guerra das Malvinas, em 1982. Os antecessores não incluíram conversas acerca da soberania sobre as ilhas, mas as recentes declarações do ministro das relações exteriores à Assembléia Geral da ONU podem indicar que algo mudou desde que Kirchner assumiu. Falando em nome do governo argentino, o ministro das relações exteriores, Rafael Bielsa, expressou o interesse da nação em reiniciar conversas acerca da soberania sobre as Ilhas Malvinas, conhecidas nos países de língua inglesa como Falklands. No entanto, a resposta do Reino Unido foi rápida e conclusiva: "Não há nada para discutir sobre isso."

Infelizmente, nem Kirchner nem Bielsa querem conversar com a imprensa estrangeira até o regresso de sua viagem à Europa. Então, o governo argentino vai deixar clara a posição oficial do país sobre esta questão. Hernan ETCHALECO Traduzido por Carlo MOIANA Pravda. Ru MG Brasil

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