Guerra no Iraque

Desastre humanitário em Basra, depois das forças da coligação anglo-americana terem cortado o fornecimento da água e electricidade, Armas de Destruição Maciça ainda não confirmados, muitos civis confirmados mortos. As forças invasores não foram recebidas com braços abertos, antes com ódio e a resolução de proteger o Presidente Saddam Hussein.

Numa guerra que provocaria poucos mortos, de acordo com as afirmações do Presidente Bush, Secretário Rumsfeld e Primeiro Ministro Blair, esta já é outra coisa. Está confirmado por fontes independentes que 149 civis foram assassinados pela força da coligação anglo-americana até hoje, enquanto o Ministério de Informação do Iraque afirma que foram muitas centenas de civis mortos nos bombardeamentos.

As fontes independentes estimam que o número de soldados iraquianos mortos em combate se situa a cerca de 577, enquanto 38 norte-americanos e 20 britânicos perderam a vida, além de 4 jornalistas internacionais. O número de prisioneiros iraquianos é difícil de calcular, porque o Pentágono inundou a praça com notícias exageradas nos primeiros dias, falando de divisões inteiras iraquianas, mas posteriormente aceitou que estas histórias não eram a verdade. Uma cifra mais realista relativamente aos prisioneiros de guerra iraquianos é entre 3.000 e 4.000 enquanto há cerca de 10 tropas da coligação retidos pelas autoridades iraquianas. O dia começou com a notícia que Um Qasr, bem na fronteira do Kuwait, ainda não tinha sido subjugado, apesar da superioridade no equipamento da coligação, que tem uma superioridade aérea de 100%. A situação em Basra não mudou, as forças britânicas rodeando a segunda cidade iraquiana encontrando uma resistência determinada na cidade que era suposta cair nos primeiros dias do combate. Aliás, onde está a revolta do povo xi’ita do sul do Iraque, que era suposto detestar o regime de Bagdade e dar as boas vindas aos invasores?

Em Basra, porém, poderá haver uma reacção da população nas próximas horas, devido à situação humanitária provocada pela corte de água e electricidade efectuada pelas forças da coligação. A população não tem acesso a água fresca e a electricidade há 4 dias. Encurralados e desesperados, poderão tentar revoltar contra as autoridades para depois chamar a atenção da comunidade internacional, mais devido às privações provocadas pelos invasores do que qualquer expressão política.

A UNICEF declarou hoje que há 100,000 crianças em risco em Basra, uma cidade com uma população de 2 milhões de pessoas. Um comunicado da organização declara que as condições são propícias para a propagação de doenças, que é “um perigo real para as crianças com menos de cinco anos de idade” já enfraquecidas por doze anos de sanções.

Cortar o fornecimento de água e electricidade não parece ser a maneira mais inteligente de ganhar a confiança da população que desde o início deste ataque ilegal era suposta entregar a cidade às forças invasoras. O porta-voz da Organização Mundial de Saúde, Fadila Cheib, declarou à imprensa que “Se não conseguirmos ligar o fornecimento de água adequadamente, daqui a pouco tempo iremos encarar uma grande crise humanitária”.

Relativamente ao progresso militar, a coligação fez 1,400 ataques com a sua aviação, o que quer dizer que obviamente houve baixas consideráveis entre os as forças iraquianas. Assim nestas condições não é difícil ganhar terreno e resta saber como o exército iraquiano está a resistir. No entanto, a Divisão Al-Medina da Guarda Republicana, com 30,000 homens escolhidas a mão, parece ter parado o avanço americano em Kerbala, apesar de ter sido atacado pela aviação durante 24 horas consecutivas. Há mais 4 divisões de Guardas Republicanas a volta de Bagdade.

As forças invasoras passaram por largas áreas do deserto e ultrapassaram muitas vilas e cidades mas ainda não tomaram nenhuma. Resta a noção que a velha táctica dos Pártios que eliminaram as legiões de Marcus Licinius Crassus nestas terras há 2,000 anos poderá ser utilizada outra vez: deixá-los entrar, rodeá-los e atacá-los de todos os lados.

Com certeza, com a superioridade de equipamento e com um total domínio em termos de opções aéreas, seria impensável esta coligação ser vencido militarmente pelas forças iraquianas. No entanto, estas forças resistiram muito mais do que os três dias iniciais bradadas arrogantemente por muitos estrategistas ocidentais como a duração provável desta guerra. Agora, nas palavras de George Bush, “As coisas estão a correr de acordo com os planos mas vão ser bastante mais difíceis do que muitos pensaram”.

Resta saber quantas ases o Presidente Saddam Hussein tem na manga, se algumas e quanto mais tempo as suas forças poderão resistir nestas condições.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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