Analista compara cobertura da mídia sobre a Venezuela com o resto da América Latina

Analista compara cobertura da mídia sobre a Venezuela com o resto da América Latina

Há quase quatro meses a oposição ao presidente venezuelano Nicolás Maduro vem realizando manifestações na tentativa de depor o governo.

Mais de cem pessoas já morreram nesse período, noticiadas pelos meios de comunicação como vítimas da repressão. Entretanto, uma ínfima minoria das mortes foi causada pelas forças de segurança. A maior parte ocorreu durante brigas, roubos ou por franco-atiradores, que, segundo comentaristas, têm laços com políticos da oposição.

O pesquisador e analista político argentino Claudio Katz compara em um artigo o destaque dado pela mídia aos acontecimentos na Venezuela, que são retratados como repressão do governo, em contraste com o silêncio reservado a atrocidades cometidas com a cumplicidade de governos em outros países da América Latina.

"Desde o começo do ano, foram assassinados na Colômbia 46 lideranças sociais e nos últimos 14 meses morreram 120. Entre 2002 e 2016, as forças paramilitares massacraram 558 dirigentes populares e o número de sindicalistas aniquilados nas últimas duas décadas chega a 2.500", aponta. "Por que razão nenhuma emissora de peso menciona essa continuada sangria no principal vizinho da Venezuela?", se pergunta o autor em texto publicado no site La Haine.

O economista cita também outros exemplos. No México, por exemplo, "todos os dias algum jornalista incrementa a incontável lista de estudantes, professores e lutadores sociais assassinados", com o desaparecimento de quase 30 mil pessoas nos últimos anos. "Esse nível de massacre não deveria suscitar mais atenção jornalística que a Venezuela?", questiona.

Entre 2002 e 2014 foram assassinados 111 ambientalistas em Honduras; no Peru existem presos políticos; o dirigente pela independência de Porto Rico, Oscar López Rivera, ficou 35 anos preso nos EUA, cita Katz.

"A maioria da população latino-americana simplesmente desconhece as tragédias imperantes nos países governados pela direita. O duplo padrão informativo confirma que o protagonismo da Venezuela nas manchetes não obedece a preocupações humanitárias", conclui.

Pravda.Ru

 

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