Guerra no Iraque

No fim de semana, Presidente George Bush declarou que a Guerra prosseguia de acordo com os planos, mas poderia ser muito mais difícil do que muitas pessoas pensavam. Tradução: a guerra relâmpago falhou rotundamente, o povo iraquiano está disposto a resistir, o Saddam Hussein goza dum grau de popularidade que Washington e Londres ignoravam e a guerra está para ficar, pelo menos durante muito mais tempo do que era suposto pelos planeadores deste ataque criminoso contra um estado soberano.

Depois do Pentágono mostrar que não é fiável como fonte de informação mas sim como fonte de mentiras descaradas e depois da campanha mediática e cínica pelos governos norte-americano e britânico, que tentou dar alguma legitimidade a este ataque criminoso, há que expor as mentiras e meias-verdades e tentar estabelecer a verdade.

Fontes locais na Síria afirmam que um míssil norte-americano destruiu um autocarro, assassinando 5 civis e ferindo mais 10. Há relatórios da Turquia que dois mísseis cruzeiro aterraram em duas áreas descampadas, nomeadamente em Ozveren e em Ayakli. Os norte-americanos se queixam que os militares iraquianos estão a usar equipamento russo que confunde os sistemas GPS do seu armamento. A agência France-Presse cita um alto oficial norte-americano, que preferiu o anonimato, como o autor da suposição.

Estas acusações foram rejeitadas pela Federação Russa como “sem fundamento”. Há que lembrar, porém, que se os EUA insistem em violar a carta da ONU e em travar uma guerra ilegal em que civis foram assassinados pelas suas tropas, este país perdeu qualquer direito de se queixar sobre qualquer coisa que fosse.

Depois do acidente no Sábado em que o exército americano destruiu um avião Tornado da Força Aérea Real britânica, matando a sua tripulação, os armamentos de “precisão” dos EUA não só falham o alvo como também atingem dois países errados. Ou os EUA aprendem usar o seu equipamento, ou seria propício usar outro adjectivo.

Mais pontaria parece ter tido um velho fazendeiro, que conseguiu esforçar um helicóptero Apache norte-americano a aterrar com um único tiro da sua carabina antiga. O Pentágono admite ter perdido contacto com a tripulação mas diz que o aparelho aterrou devido a problemas técnicas.

Quanto à guerra sem “danos colaterais”, com menos do que uma semana de guerra, já há centenas de baixas civis. Só nos últimos 24 horas, houve 62 mortes e cerca de 400 feridos, de acordo com o Ministério de Informação iraquiano, que não precisou se estes números incluíam soldados. De acordo com as imagens de TV, é evidente que áreas civis na capital, Bagdade, e em Basra, a segunda cidade, foram atingidas pela aviação norte-americana e britânica.

Em Bagdade, as cámeras não mentem: a destruição causada pelo bombardeamento da coligação anglo-americano é significativo há danos em edifícios residenciais. No Sábado, 77 civis morreram em Basra, 4 em Tikrit. Também no Sábado, um parque de diversão infantil foi cilindrado por uma bomba na margem esquerda do Rio Tigris. Os números são providenciados pelo Ministério de Informação iraquiano e evidentemente, nunca serão confirmados pelo Pentágono. Se os números proferidos são fiáveis, os civis do Iraque estão a ser chacinados por esta coligação criminoso: 477 civis mortos e muitos centenas de feridos. Entre as forças dos aliados, fontes no Ministério de Defesa do Reino Unido afirmam que há 23 baixas e 12 desaparecidos. Entre as tropas iraquianas há 4,000 prisioneiros de guerra. Não há informações sobre o número de baixas.

Não é possível estimar a data da emissão do Presidente Saddam Hussein, que apelou esta manhã ao seu povo para se levantar e atingir as forças do inimigo com toda a sua força. O Iraque afirma que foi uma emissão ao vivo, enquanto os norte-americanos dizem que foi gravado há algum tempo, ao que o regime iraquiano respondeu com outra emissão, mostrando o Presidente Saddam Hussein e o seu filho Qusay, numa reunião com um oficial do partido Ba’ath de Basra.

Os Estados Unidos da América muito falam de acordos internacionais e passaram o dia a reclamar contra a emissão televisiva de Domingo em que prisioneiros de guerra norte-americanos foram mostrados. A resposta a estas acusações hipócritas seria uma série de perguntas: e os prisioneiros iraquianos mostrados pelas cámeras americanas? E os prisioneiros em Guantanamo, que nem acesso a advogados têm? E o uso de urânio empobrecido em Kosovo? Agora quem viola a Convenção de Genebra?

O regime iraquiano promete que estes prisioneiros serão tratados de acordo com as normas internacionais. Os Estados Unidos da América violaram a Carta das Nações Unidas em travar esta guerra ilegal, os Estados Unidos da América e os seus aliados, que incluem já Polónia e Espanha, além do Reino Unido, em matar civis numa acção ilegal, são culpados de crimes de guerra.

Estes são os factos, esta é a verdade, pura e cristalina.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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