Iraquianos rejeitam Conselho de Governo dos EUA

"Rejeitamos o conselho. Eles não passam de agentes dos americanos. Eles não representam o povo iraquiano", afirmou Majeed Salim, um estudante de 21 anos da cidade Sadr, uma favela xiita de Bagdá, capital iraquiana. "O conselho dá apoio aos americanos e os americanos prendem as pessoas contrárias a eles. Eles agem como Saddam agiu e falam sobre democracia", disse.

Kofi Annan, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), capitulou diante das pressões do governo Bush e concordou na quinta-feira com a opinião dos EUA de que é impossível realizar eleições no país nos próximos meses.

Depois de se reunir com 46 embaixadores interessados na questão, Annan afirmou não ser capaz ainda de indicar um nome para assumir o comando do governo provisório a ser empossado em 30 de junho. Esse governo deve administrar o Iraque até a realização de eleições.

Há indícios crescentes de que o Conselho de Governo será o encarregado dessa função e fala-se em expandi-lo para representar os grupos étnicos que compõem o Iraque - xiitas, sunitas e curdos.

Mesmo assim, a idéia não vem sendo bem recebida nas ruas, onde os membros do órgão são vistos como marionetes dos norte-americanos que passaram anos vivendo em capitais do Ocidente, enquanto os iraquianos sofriam os efeitos das guerras passadas e do boicote internacional promovido contra o Iraque.

Apesar de não haver nenhuma pesquisa oficial sobre a questão, a grande maioria dos iraquianos entrevistados pela agência de notícias Reuters desde a criação do Conselho de Governo opõe-se ao órgão.

Os 25 iraquianos apontados pelos EUA para integrar o conselho não conseguiram conquistar os iraquianos, cuja alegria pela queda de Saddam em abril foi substituída por um sentimento de rechaço às forças ocupantes, lideradas pela superpotência.

"Essa ocupação não vai acabar nunca. Toda essa conversa sobre eleições e soberania é disseminada para manter os iraquianos calados", disse Hussein Ali, 28 anos, desempregado.

"Nós simplesmente desejamos um líder honroso. O Conselho de Governo não faz nada além de aceitar as ordens dos EUA. Nós não os queremos", disse o policial Ahmed Talib.

Fonte: Reuters in Diário Vermelho

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