Israel abre as portas do inferno

O assassínio de Sheikh Ahmad Yassin na madrugada de hoje quando saia das preces de manhã numa mesquita na Cidade de Gaza, num ataque com mísseis perpetrado por um helicóptero militar israelita, provocou o Hamas, a organização de que Yassin era o líder espiritual, a declarar que “Ariel Sharon abriu as portas do Inferno”.

Sheikh Ahmad Yassin, 67, estava a ser levado da mesquita para um veículo na sua cadeira de rodas quando o ataque com três mísseis foi lançado, assassinando nove pessoas, incluindo um filho de Yassin e ferindo outras 15 pessoas, entre as quais estava um segundo filho.

O ataque foi lançado na sequência duma reunião do executivo em Israel no final de semana, durante a qual o Primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, deu seu aval para assassinar Yassin como retaliação pelo ataque terrorista em Ashdod em 14 de Março, em que dez israelitas perderam suas vidas.

A reacção do mundo islâmico foi compreensivelmente de ultraje. Ahmed Qurei, o Primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana, chamou o ataque “um acto perigoso e cobarde” enquanto Teerão “condena fortemente” o atentado, denominando-o de “criminoso” e um “exemplo da barbaridade do regime zionista”, de acordo com a agência oficial, IRNA. Hamid Reza-Asefi, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irão, chamou o incidente “terrorismo de estado”.

A Força de Defesa do Israel admitiu responsabilidade pelo atentado, afirmando que vinha como retaliação por “actos terroristas”, porque Yassin era “pessoalmente responsavel por dúzias de ataques terroristas e as mortes de israelitas, estrangeiros e membros das forças de segurança”.

O Ministro de Negócios Estrangeiros de Israel, Binyamin Netanyahu, declarou que “Yassin foi avisado quando foi libertado da cadeia em Israel mas não quis ouvir. Tornou-se um alvo legítimo”.

Ahmad Ismail Yassin nasceu em Al-Jora, região de Majdal, Gaza Sul, em 1938, tornando-se refugiado na primeira guerra contral Israel em 1948. Vítima dum acidente quando practicava desporto em criança, ficou sem o uso das pernas e das mãos e lançou-se no estudo do Islão e da língua árabe, ensinando e pregando em mesquitas, ficando Chefe da Comunidade Islâmica em Gaza.

Ficou envolvido com a Irmandade Islâmica mas foi só em 1983 que fez despertar as atenções das autoridades, quando foi preso pelas forças de segurança de Israel, acusado de pertencer a uma organização secreta que conspirava contra a segurança do Estado de Israel. Foi sentenciado a 13 anos de prisão, sendo libertado em 1985 numa troca de prisioneiros.

Em 1987, formou Hamas (Movimento de Resistência Islâmica) em Gaza e foi preso outra vez em 1989, recebendo uma sentença de prisão perpétua em 1991. Perdeu a vista no seo olho direito devido à tortura de que foi vítima quando estava a ser interrogado pelos israelitas. Em 1997, foi libertado outra vez numa acção de troca de prisioneiros.

A retaliação pelo acto de hoje não é uma questão de se, mas quando. Hamas emitiu um comunicado oficial que declarou que “Todos os muçulmanos do mundo terão honra em lutar connosco em retalição por este crime”.

Sheikh Ahmad Yassin incorporou a forma mais intransigente de resistência palestiniana. Acreditou que a Palestina era uma Terra Islâmica “consagrada para futuras gerações de muçulmanos até o Dia de Juizo Final” e que “O chamado caminho de paz não é paz e não é substituto para Jihad e resistência”.

Foi por este discurso que ficou um pregador popular e famoso na região e foi por este discurso que hoje Ahmad Yassin pagou o preço mais alto.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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