A Semana Revista

Visita de Vladimir Putin à América Latina

PUTIN: RÚSSIA É UM PARCEIRO FIÁVEL E SÓLIDO

Numa entrevista com o canal televisivo Channel 13 e o jornal El Mercúrio, na véspera da sua visita à América Latina, Presidente Vladimir Putin pintou a imagem da Rússia moderna que ele e sua equipa querem mostrar durante os próximos dias.

O Presidente da Federação russa disse que “A Rússia é um parceiro que partilha conceitos fundamentais sobre a construção dum sistema mundial democrático e equilibrado”.

Quanto à estabilidade da Rússia e ao risco que coloca para o investidor, Vladimir Putin se mantém muito confiante: “A economia cresce de forma estável”, enquanto os legisladores implementam um sistema jurídico com alicerces fortes, considerando que “o crescimento económico de 6 a 8 % nos últimos cinco anos não teria sido possível sem as condições para um desenvolvimento estável” e acrescentando que “Tenho a certeza que o retorno em investimento em certos setores da economia da Rússia são muito mais altos (do que investimentos nos Estados Unidos)”.

Presidente Putin disse que a América Latina sabe muito bem o que é a inflação, e declarou que há cinco anos, quando ele foi nomeado Presidente pela primeira vez, a taxa de inflação era de 36,5%. Para este ano, o Presidente espera uma taxa de apenas 10%. Há cinco anos, as reservas no Banco central eram de 12 bilhões de USD. Hoje em dia, são 107 bilhões e até 31 de Dezembro, chegarão a 117 – 120 bilhões.

A criação do Fundo de Estabilização (fundo para futuros gerações) tem atualmente 20 bilhões de dólares, para garantir a estabilidade e a continuação do bom clima económico.

Socialmente, continuou o Presidente, a Rússia é muito estável, pois o crescimento real em termos de salários é de 11% anualmente e a taxa de desemprego desceu agora pata 7% da população ativa.

Quanto ao futuro, a Rússia está tentando desenvolver a diversificação da economia mas de forma paulatina e gradual, de acordo com as necessidades e comportamento macro-econômico, e com a colaboração de investidores, que encontrarão na Rússia um mercado novo, estável, já experiente e com excelente perspectivas dum bom retorno e sem o colonialismo económico que vão de mãos dadas com certas outras nações.

A Federação Russa quer desenvolver com os parceiros latino-americanos as áreas da indústria mineira, metais e energia, a alta tecnologia e a exploração do espaço, podendo possivelmente no futuro haver a preparação de cosmonautas destes países no Cidade das Estrelas na Rússia.

Carta aberta de Timothy Bancroft-Hinchey à Exma. Srª Drª. Condoleeza Rice

Nossos caminhos cruzaram-se há quatro anos; esperemos que desta vez a ocasião seja mais feliz

Mui Estimada Senhora Doutora Condoleeza Rice,

Em primeiro lugar, muitos parabéns pela sua nomeação para Secretária de Estado dos Estados Unidos da América, posição que a coloca no lugar de Chefe de Diplomacia do seu país e que a coloca no palco mundial como representante da sua política externa. Escrevo esta carta na certeza que a vai ler, como foi o caso quando nossos caminhos se cruzaram pela última vez há quatro anos, quando eu descobri uns comentários russofóbicos que a senhora tinha feito anteriormente e os mencionei num artigo, que provocou uma reacção de fúria do seu gabinete. Espero que agora que teve quatro anos para se acalmar, a senhora não será desta vez tão abrasiva e ofensiva e que basicamente, vai-se meter naquilo que é da sua competência e não dos assuntos internos dos outros países. Na sua língua, se chama “Mind your own business”.

Porém, temo que não será bem assim e que em poucos meses, teremos comentários intrusivos sobre a democracia e os direitos humanos na Federação Russa, contribuindo para criar um clima de tensão desnecessário - especialmente agora, que a comunidade internacional precisa de se unir.

Peço que a senhora doutora Condoleeza Rice bata o pé contra os elementos mais conservadores da Administração de que faz parte, com mais veemência que o seu predecessor, porque o mundo de diplomacia se centra no debate, diálogo e discussão, que são os princípios fundamentais da democracia. Não se centra em chantagem, prepotência e beligerância, a interferência nos assuntos internos de nações soberanas, o lançamento de guerras cruéis e ilegais, cometer chocantes actos de chacina e assassínio em grande escala e na quebra de praticamente todas as normas do livro de diplomacia, todo em nome de mentiras descaradas.

A senhora doutora Condoleeza Rica entenderá que tem responsabilidade perante seu povo mas também perante a comunidade internacional porque faz parte desta. Quer que goste, quer que não, a senhora é obrigada e vinculada pela regra da lei internacional, pelos princípios fundamentais dos documentos que assina, pelos fóruns de lei internacionalmente reconhecidos e as Cartas que os regulamenta e entenderá que a quebra de qualquer destas leis constitui um crime – no caso do Iraque, crimes de guerra.

Estimada Senhora Doutora Condoleeza Rice, peço que no primeiro dia da tomada de posse, ouça a opinião pública mundial. A corrente desta opinião foi forjada num Eixo de Razão entre Beijing, Moscovo, Berlim, Paris e Brasília, entre outros, que falaram da necessidade de debater questões de resolução de crises no devido fórum, sendo este dentro, e não fora, do Conselho de Segurança da ONU.

Acredito mesmo que se os Estados Unidos da América conseguirem respeitar este princípio simples mas vinculativo, a senhora conseguirá desempenhar sua parte em trazer Washington de volta nas Corações e Mentes da comunidade internacional, que respeita os preceitos de Liberdade e Democracia e que está francamente farta das tácticas Choque e Pavor da diplomacia norte-americana.

Com os meus melhores cumprimentos e desejos de boa sorte na carga que está prestes a ocupar,

Timothy BANCROFT-HINCHEY

FALLUJAH: EUA COMETE CRIMES DE GUERRA

Amnesty Internacional exprime a preocupação que crimes de guerra foram cometidos. PRAVDA.Ru dá a resposta: foram, sim Amnesty International publicou um relatório hoje em que a organização baseada em Londres afirmou que estava “profundamente preocupada” que os EUA tinha cometido crimes de guerra em Fallujah.

FALLUJAH: EUA COMETE CRIMES DE GUERRA

Depois do nosso relatório na semana passada, em que apresentámos provas que crimes de guerra estavam a ser cometidas já antes desta operação final, PRAVDA.Ru agora tem relatórios em primeira-mão por testemunhos oculares, que começam a emergir deste pesadelo. Sim, crimes de guerra foram cometidos e estão aqui as provas.

Quando examinamos os primeiros relatórios, não surpreende que as autoridades dos EUA não apresentam qualquer referência às mortes de civis, porque ao admitir os seus crimes de guerra, alguém tem de ser responsabilizado.

As provas são chocantes na sua violência e pelo facto que são tão numerosas. Temos relatórios de testemunhos oculares a agências de notícias acreditáveis, de actos de chacina, demonstrando um total desrespeito pela segurança dos civis, crueldade numa escala horrífica e um desprezo pelos termos da Convenção de Genebra, mais uma vez.

O fotógrafo da Associated Press, Bilal Hussein, disse à jornalista da AP, Katarina Kratovac, que ataques com artilharia e por via área foram cometidas sem qualquer cuidado acerca de quem era o alvo. “Havia destruição por todo o lado”, declarou, acrescentando que “soldados americanos começaram a abrir fogo contra as casas”.

Falou de ter “visto helicópteros a atirar contra, e matar, as pessoas que tentavam atravessar o rio”, por exemplo uma família de dois adultos e três crianças.

Outra mulher disse à imprensa internacional que sua irmã tinha sido assassinada por um piloto norte-americano que atirou foguetes contra sua casa, matando ela e o bebé de sete meses que trazia no ventre. Oito membros da família foram chacinados neste massacre, neste acto de terrorismo. Aborto à força, ao Bush.

Testemunhos oculares falam do “fedor de corpos a descomporem” nas ruas. Um fuzileiro norte-americano foi apanhado na câmara dando ponta-pés a homens feridos nas ruas, outro foi apanhado por uma equipa de TV (Channel 4) britânico a assassinar um homem já ferido atrás duma muralha. Ganhando corações e mentes?

Foguetes foram lançados contra residências privadas sem que ninguém tivesse o trabalho de verificar quem estava lá dentro, seja um “insurgente” ou um bebé. Espalhando a Liberdade e a Democracia?

Um ataque “precisão” com um míssil contra um hospital assassinou cerca de vinte membros da equipa médica e “dezenas de civis” em 9 de Novembro. Na mosca! Um rapaz de nove anos morreu em casa, depois dum fragmento ter-lhe acertado no estômago, depois dum piloto norte-americano deitar sua bomba na sua residência. Libertando o rapaz, talvez?

O Crescente Vermelho no Iraque tentou enviar ajuda humanitária para a cidade mas foi proibido pelas autoridades militares norte-americanas.

Mais um exemplo bradante das tácticas grosseiras de Bush, em tratar um problema inteiramente criado por ele. Estes crimes de guerra horrorosos irão incentivar dezenas de jovens a agarrarem o repto e combater contra o que entendem ser, e é, uma força terrorista de invasão que comete crimes de guerra e assassínio em grande escala.

E o que é que os EUA ganharam com isso? Além de mais ódio entre o mundo muçulmano e no mundo em geral? Os líderes dos “insurgentes” tinham saído da Fallujah já muito antes desta ofensiva, como dissemos na PRAVDA.Ru na semana passada. Washington afirma que “matou cerca de 1.200 insurgentes”, admitindo que perdeu 38 tropas norte-americanas e 6 iraquianos, com 215 feridos, que precisavam de internamento hospitalar.

Se 10% dos feridos graves morrer e se se aplicar a equação normalmente utilizado nestas circunstâncias, de dividir o número de baixas entre o inimigo e multiplicar as baixas admitidas, por três, em números redondos reais, e não as mentiras de Washington, o balanço final seria cerca de 150 tropas norte-americanas/Iraquianos colaboracionistas e 400 “insurgentes”.

E os civis?

Quem é responsável e quem vai ser responsabilizado?

“Ninguém” não é resposta que chega.

GUINÉ EQUATORIAL: A MÃO DE LONDRES?

Reino Unido sabia dos planos para golpe de estado com cinco semanas de antecedência

A questão se põe, se o Reino Unido sabia disso e não disse nada ao governo em Malabo, até que ponto é implicado o Foreign Office?

O Ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Jack Straw, admitiu no parlamento na semana passada que Londres sabia dos planos para efectuar um golpe de estado contra o governo de Presidente Teodoro Obiang Nguema em Guiné Equatorial, um país rico em petróleo, cinco semanas antes da prisão dum grupo de mercenários em Zimbabwe, que planearam um golpe de estado.

A questão se põe, se o Reino Unido sabia disso e não disse nada ao governo em Malabo, até que ponto é implicado o Foreign Office?

Quanto mais se pesquisa, mais interessante fica o caso. Entre a lista de mercenários figura o nome de Mark Thatcher, filho da ex-Primeira ministra do Reino Unido, Margaret Thatcher. Mark Thatcher está a ser julgado in absentia, enquanto luta contra a extradição da África do Sul, onde ele também vai ser julgado por quebrar as leis sobre actividade mercenária.

Por quê esse interesse em Guiné Equitorial? Porque o país está riquíssimo em jazigos de petróleo. Uma empresa muito ligada ao governo de Presidente Nguema, que tem sido acusado dum estilo ditatorial de governar o país e de ter roubado seus recursos minerais, é a Noble Energy, ao qual foi adjudicado o Bloco I nas operações de exploração offshore. Noble Energy está baseada no Estado de Texas, EUA.

Noble Energy prossegue as operações num joint venture com GEPetrol, propriedade do…Presidente Teodoro Nguema. Bloco I é previsto providenciar resultados muito positivos, pois é adjacente ao Bloco O, também adjudicado a Noble, como também foi o campo Alba, que tem recursos de cerca de um bilhão de barris.

Presidente Obiang Nguema chegou ao poder num golpe de estado militar em 1979 e desde então tem distribuído a maioria dos postos governamentais aos seus amigos e familiares.

Interessante. Temos Londres a reter informações acerca dum golpe de estado e temos Washington a fazer negócios com um ditador.

Chama-se liberdade e democracia

JORNALISTAS EM SANTANALÂNDIA

Censura no País das Maravilhas

Existe uma imprensa livre? Os órgãos da comunicação social são verdadeiramente independentes? Um jornalista tem o direito de falar toda a verdade sem qualquer tipo de censura? Em Portugal, não.

Bem-vindos a Santanalândia, o País das Maravilhas onde tudo decorre num mar de rosas perfumado pelas Santanettes, dejeitos do Jet-Séis (que nunca chegará a Sete) que começam a governar o país.

Num país democrático, de vez em quando há um “caso” mediático, em que um jornalista ou mais provavelmente, o director dum canal de televisão, estação de rádio, ou administrador numa corporação da comunicação social é substituído por questões políticas.

Mas geralmente, há que saber fazer as coisas com um jeitinho, com um telefonema a convidar para um jantar civilizado, onde as linhas-guia de orientação são traçadas e para quem for suficientemente inteligente a compreender o não dito, meia palavra basta.

Não só em Santanalândia, onde de repente uma onda de mulheres apresentáveis varrem todo e tudo na sua frente, instalando-se como “conselheiras” e “adjuntas”, nas Câmaras, nos ministérios, nos gabinetes. Apresentamos as Santanettes!

Como se fosse uma peça de teatro (com péssimo gosto e de terceira qualidade) enquanto as santanettes dançam ao som de música modernóide/tipo “pimba” com um pano de fundo rocambolesco, entra o mau da fita, com barba para fazer, tem o ar dum ex-pugilista, uma espécie de Rottweiler meio-humano, sem açaime, nem trela, que deambula por todo o palco, devastador.

Apresentamos o Ministro da Presidência, Morais Sarmento. Sua pasta com nome obscura, Ministro da Presidência, quer dizer que entre suas funções tem de vigiar a comunicação social. A sério. Embora o negue, entre os dentes, é este o instrumento utilizado pelo governo para directa ou indirectamente, controlar o que é dito na comunicação social em Portugal.

É censura, pura e simplesmente. 30 anos depois da Revolução 25 de Abril, os portugueses deixaram-se ser levados por um cabal de fascistas de terceira, cuja política externa é rastejarem-se aos pés dos Estados Unidos da América, que são total e completamente incapazes de entender o dia a dia do seu povo, porque nunca o viveram e que se agarram a políticas de laboratório, enquanto gerem o país como se fosse a cantina do clube dos meninos ricos. Alguém há-de pagar a comida, alguém há-de limpar a porcaria depois da festa.

Por engraçado que pareça, não tem graça nenhuma. Há censura em Portugal. Primeiro, foi o comentarista Marcelo Rebelo de Silva, calado porque falava contra o governo. Depois foi uma avalanche de pressões sobre a rádio, sobre os jornais, sobre a própria RTP, cujo Director de Informação, José Rodrigues dos Santos, se demitiu esta semana por ter divergências com a administração.

Basicamente, o governo em Santanalândia quer controlar tudo que é dito na comunicação social e liberta o Rottweiler Sarmento para se infligir sobre a sociedade portuguesa num acto de hooliganismo político. Se Morais Sarmento foi muita coisa no passado, que o deixou com pancada, por quê é que não lhe deu em arrumar os assuntos sérios e não o seu país? E não falámos em arrumar carros.

Falamos em atacar o que está mal na sociedade portuguesa, nomeadamente a falta de oportunidades de emprego, o grande número de desempregados (baixa para os gestores de laboratório mas altíssimo no seu peso para o tecido da sociedade), o sistema de educação que vê alunos do 10º ano com graves dificuldades com algumas disciplinas, pois não acabaram os programas no 7º, 8º e 9ºs anos, as pensões baixíssimas para enfrentar preços altíssimas e sempre a crescer e por aí fora.

(Toca o telefone) Um momento…

De facto vivemos no País das Maravilhas, onde tudo decorre de forma exemplar. O sistema da Justiça é rápido e totalmente transparente, a economia está uma beleza, os desempregados recebem seu subsídio logo no primeiro mês e têm fortes hipóteses de se re-colocarem, a política externa vai de mãos dadas com a vontade do povo, a classe política nos maiores partidos é interessada, informada e competente, sempre com a vontade do povo acima dos seus interesses particulares, a comunicação social está livre.

Viva o Primeiro-ministro, o Lebre de Março! Vivam as Santanettes! Viva o Rottweiler, ai desculpem! Viva o Chapeleiro Louco! Venham a Santanalândia, País das Maravilhas, ou será a Lagoa das Lágrimas?

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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Author`s name Pravda.Ru Jornal
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