Solidariedade aos bolivarianos

Milton Temer - presidente da Fundação Lauro Campos

A Fundação Lauro Campos tem o maior orgulho de co-patrocinar o Seminário Internacional que se realiza em São Paulo na abertura da semana do II Congresso do PSol. E tem orgulho, principalmente, por se constituir numa via alternativa da leitura da realidade objetiva da conjuntura latino-americana, num momento em que a quase totalidade da mídia conservadora brasileira se apresente de forma subalterna aos interesses do imperialismo.

É essencial reiterar que este Seminário vai se desenrolar sob a égide da solidariedade total aos povos da Venezuela, Equador e Bolívia, no apoio amplamente majoritário que fornecem aos governos progressistas e anti-imperialistas de seus países. Vai se desenrolar sob a égide da solidariedade total ao povo hondurenho que luta corajosamente para reverter o golpe contra o governo do presidente Zelaya. Vai se desenrolar, enfim, sob a égide da mobilização internacional contra a ação predadora, social e ambientalmente, do grande capital.

As conclusões que surgirão desse importante, e oportuno, evento serão de extraordinária utilidade para os projetos de curto, médio e longo prazo do Partido Socialismo e Liberdade. Pois não é segredo para ninguém o quadro de dificuldades conjunturais que o PSol enfrenta na luta contra os profundos desvios ideológicos impostos, sem reação, ao Partido dos Trabalhadores pelos desvios programáticos do governo Lula, em relação a tudo o que foi prometido ao longo de duas décadas de oposição à direita tradicional.

Não é de nós, mas do próprio dirigente mais expressivo do MST, João Pedro Stédile, em entrevista ao portal UOL deste último sábado, que vem a definição sucinta desses dois mandatos de administração supostamente "de esquerda":

"É um governo de composição de classes. Ao longo desses sete anos, ele adotou uma política que agradou a gregos e troianos. Ou seja, ele, com sua política econômica, beneficiou os banqueiros, os grandes grupos transnacionais, e, ao mesmo tempo, fez políticas de assistência social, como o Bolsa Família, Prouni, [promoveu] a valorização do salário mínimo, aumentou os recursos para o Pronaf, o que atendeu a uma parcela mais pobre da sociedade brasileira. Agora, em relação à reforma agrária e à pequena agricultura, o governo Lula está em dívida. Porque na reforma agrária não tem como você compactuar latifundiário com sem-terra. Um dos dois tem que perder. E, infelizmente, o número de desapropriações de fazendas, em especial na região Nordeste e nas regiões Sudeste e Sul, que são as regiões mais agrícolas, as desapropriações foram menores do que no governo Fernando Henrique Cardoso."

Evidentemente, muitos sintomas negativos podem ser acrescentados a esta declaração, já em si profundamente definidora. Muitos sintomas para os quais não é necessário ir para além das últimas semanas, e que permitirão a nossos parceiros continentais compreender porque o governo Lula não se vê, em nenhuma parte do mundo, alvo das mesmas campanhas a que Chavez, Evo e Rafael Correa são constantemente submetidos nos principais meios de comunicação. Sintomas como as declarações de simpatia e cumplicidade com Sarney, Renan Calheiros e o ex-presidente,cassado pelas ruas, Fernando Collor, na atual crise que leva o Senado ao mais fundo dos poços de lama. Sintomas como a apresentação de Henrique Meirelles, o agente mais eficaz do modelo neoliberal no Brasil, através da presidência do Banco Central, à governança do estado de Goiás. Sintomas, enfim, pelos quais se comprovam a que senhores o governo Lula realmente presta reverência - a classe dominante e seus principais porta-vozes, usando todo o seu simbolismo passado para imobilizar as grandes massas alienadas.

http://www.socialismo.org.br/portal/politica/47-artigo/1076-editorial

Milton Temer - presidente da Fundação Lauro Campos

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