Angola vacina mais de um milhão de crianças contra a poliomielite sob fortes medidas de prevenção contra a COVID-19

Angola vacina mais de um milhão de crianças contra a poliomielite sob fortes medidas de prevenção contra a COVID-19

  

Luanda, 15 de Julho de 2020 - Sob observância rigorosa das medidas de prevenção contra a COVID-19, o governo de Angola e seus parceiros vacinaram durante quatro dias de campanha, em cinco províncias do sul do país, cerca de 1.2 milhões de crianças menores de 5 anos de idade com a vacina pólio oral monovalente tipo 2.

A campanha de vacinação contra a poliomielite, a primeira após o governo ter suspendido as actividades de imunização em massa por obediência ao Estado de emergência decretado a 27 de Março, devido a pandemia da COVID-19, terminou hoje com a repescagem de crianças não vacinadas durante o final de semana nas províncias abrangidas pela iniciativa, nomeadamente Cunene, Huila, Huambo, Kuando Kubango e Namibe.

Para garantir a segurança e protecção dos trabalhadores e profissionais da saúde da linha da frente, das equipas de vacinação, das crianças e suas famílias, e prevenir a infecção pelos coronavírus, todos os vacinadores e trabalhadores da saúde envolvidos na campanha de vacinação foram treinados para manter o distanciamento físico durante a vacinação. Alem disso, um total de 80.000 mil máscaras e 21.000 mil frascos de higienizadores de 500ml foram disponibilizados para os 13.3340 mil trabalhadores da linha da frente que participaram na campanha de imunização, incluindo 3.988 mil vacinadores.

"Temos de continuar resilientes em nossos esforços de vacinação para garantir a imunização de todas as crianças angolanas. Apesar das limitações impostas pela COVID-19, é necessário assegurar que a vacinação não seja relegada para o segundo plano, sob pena de colocar em riso a saúde das crianças ", disse o Dr. Javier Aramburu, Representante em exercício da OMS em Angola.

"A OMS tem criado orientações técnicas que permitem aos Estados membros desenvolver e implementar com segurança campanhas de imunização em massa, com base no respeito e observância das medidas de prevenção e controlo da infecção da COVID-19, incluindo para a erradicação da poliomielite, por forma a garantir que nenhuma criança seja deixada para trás com o risco de contrair paralisia infantil ", acrescentou o Dr. Javier.

Angola recebeu em Dezembro de 2015 o seu estatuto de país livre de poliovírus selvagem, mas é actualmente um dos 15 países da Região africana que está a sofrer surtos de poliovírus derivado de vacinas em circulação, uma forma rara do vírus que afecta populações não imunizadas e subimunizadas que vivem em áreas com saneamento inadequado e baixos níveis de imunização contra a poliomielite.

Com o registo de 142 casos de pólio vírus vacinal (cVDPV2), 187 casos de paralisia flácida (AFP) e 28 amostras ambientais a espera dos resultados de testes laboratoriais, Angola é actualmente o país da região africana com o maior número de casos de pólio vírus vacinal.

Esta situação exige a participação de todos para a sensibilização das famílias e comunidades para a necessidade de adoptarem as medidas de prevenção contra a COVID-19 e levar as crianças à serem vacinadas, quer seja durante as campanhas de vacinação em massa, como durante a vacinação de rotina nos centros de saúde. Adicionalmente, é preciso intensificar os trabalhos em curso para se desenvolver um sistema robusto de vigilância e vacinação de rotina, de modo a prevenir, detectar e responder rapidamente a quaisquer casos de poliomielite.

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Nota para o Editor:

Em Setembro de 2019, a Região Africana da OMS criou uma equipa inter-agências de resposta rápida para mobilizar no prazo de 72 horas respostas aos surtos de poliovírus derivados de vacinas em circulação na nossa região. As campanhas envolvem a realização de três rondas de campanhas de imunização nas áreas afectadas, no prazo de três meses, com a primeira ronda conduzida nos primeiros 14 dias. A Equipa de Resposta Rápida conseguiu pôr fim a três surtos no Quénia, Moçambique e Níger.  

A experiência mundial mostra que a única maneira de se interromper a circulação deste vírus derivado da vacina é através da implementação de duas ou mais rondas de campanhas de vacinação, utilizando a vacina pólio oral do mesmo serotipo que o vírus circulante. Em Angola, foi confirmado laboratorialmente a circulação do vírus tipo 2 e está a ser utilizada a vacina pólio oral monovalente tipo 2. O poliovírus derivado da vacina não é um efeito adverso pós-vacinação, nem depende da qualidade da vacina, mas sim um evento que acontece quando há uma baixa cobertura vacinal contra a poliomielite na comunidade

Os países que registam surtos de poliovírus derivados de vacinas em África são: Angola, Benim, Camarões, República Centro-Africana, Chade, Costa do Marfim, República Democrática do Congo, Etiópia, Gana, Níger, Nigéria, Togo e Zâmbia. Estes países enfrentam muitos desafios para impedir a circulação do vírus que incluem a fraca cobertura de vacinação de rotina, a recusa de vacinas, e o difícil acesso a serviços de saúde.

 

OMS Angola

 

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