Personalidade da semana: Kenneth Roth, Human Rights Watch

A Human Rights Watch ataca a indiferença na comunidade internacional perante os eventos em Darfur, que não é surpresa para PRAVDA.Ru pois fomos dos primeiros jornais internacionais a levantar o assunto e informar nossos leitores ao longo de 2004 sobre o acontecido.

Como diz Kenneth Roth, a reacção da comunidade internacional foi limitada a uma condenação da matança, enviar comida e uma mão cheia de tropas da União Africana. Deixar o problema à União Africana, sem garantir se este organismo recentemente constituído tinha a capacidade de ser eficaz numa situação duma escala tão vasta (chamado o pior desastre humanitário de sempre pela ONU), demonstra a comunidade internacional no seu pior estado, egoísta, desinteressada mas a gabar-se acerca de ter angariado 4 bilhões de USD para vítimas do maremoto na Ásia, quando ao mesmo tempo são desperdiçados 200 bilhões de dólares a chacinar os cidadãos do Iraque.

E por quê tanto interesse na Ásia? Por causa do elevado número de vítimas ocidentais?

Enquanto 70.000 pessoas foram mortas no acto mais flagrante de limpeza étnica pelos milícia Janjaweed contra as populações negras em Darfur ocidental, e 1,6 milhões de pessoas foram internamente deslocadas, 200 bilhões de dólares foram aplicadas no Iraque, sem qualquer problema ou dificuldade aparente, desestabilizando o país e semeando o caos.

O outro evento principal referido no relatório é precisamente no Iraque, onde as cenas representadas em fotografias tiradas em Abu Ghraib têm uma semelhança notável com outras tiradas em Belsen ou Treblinka ou Auschwitz ou Dachau. A depravidade destes actos, perpetrados sob a desculpa que “Não nos deram linhas-guia” vai de mãos dadas com a dimensão desta prática.

Não foi um caso isolado por um grupo de soldados numa prisão. Foi prática geral em muitos sítios, até nas ruas do Iraque e mais uma vez em Fallujah, onde um Marine dos EUA matou um iraquiano ferido a tiro. “Não está morto. (tiro) Está agora”.

Sangue-frio, sem emoção, gélido, a cara dos EUA no Iraque.

A Human Rights Watch nega as afirmações de Washington que estes são actos isolados. Citando o relatório Taguba, HRW aponta que houve uma prática sistemática e endémica de tortura e abuso de prisioneiros. Pois, desde violação de mulheres a humilhação, infligir dores, abuso sexual e até assassínio, numa escala considerável dentro do Iraque.

George Bush disse que “não é assim que a gente faz as coisas nos Estados Unidos da América” mas parece que é exatamente assim que se faz as coisas, talvez não nos EUA mas no estrangeiro, por efectivos norte-americanos.

A total falta de respeito pelo pessoal militar dos Estados Unidos perante o povo iraquiano tem sido um constante nesta guerra criminosa e feia, forjada sobre um tecido de mentiras desde o primeiro instante.

Kenneth Roth trabalha na HRW desde 1987, primeiro como vice director, entre 1987 e 1993 3 depois como director executivo. Tem levantado muitos casos de abusos e quebras de direitos humanos.

Porém, o que não é aceitável é qualquer menção de atrocidades pela HRW contra efectivos militares russos na Rússia, onde há abusos contra os direitos humanos cometidos diariamente pelos terroristas internacionais na Chechénia e na região circundante, como se viu tão nitidamente em Beslan.

A diferença é que a Rússia conduz uma operação militar para estabilizar a região dentro da Federação Russa, onde mais que 90% da população votou livremente para permanecer dentro da Federação e Rússia não comete actos de chacina no estrangeiro, contra civis inocentes.

Sim, tropas russos atiram contra terroristas e os que fomentam actos terroristas. É triste a perda de qualquer vida humana mas o quê é que é suposto fazer? Jogar as cartas com eles e apertar-lhes a mão?

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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