Tomar partido!

Gosto muito desta expressão. E mais ainda fiquei a gostar quando a traduzi do francês, do título de um livro de Georges Cogniot, militante e dirigente do Partido Comunista Francês de 1921 até à sua morte (1978): Parti pris (1976).

Pois tomar partido é fazer da vida uma luta por aquilo que nos levou a tomar partido. Não é fácil. Mas passou a ser, para quem tomou partido, a razão de ser.


E, repare-se, o tamanho das letras não é indiferente. Em tomar partido, partido não está em maiúsculas porque não quer dizer (não deve querer dizer) entrar para um grupo, uma associação, uma seita, tomar partido, não é (não deve ser) igual a tornar-se sectário.


Mas quando é uma concepção de vida e de humano, quando é uma opção vital (para a vida) pelo social, pelo privilégio do colectivo sobre o individual, quando é a assunção de “o outro (como) o mais elevado objecto da necessidade humana” (Marx), tomar partido é, também, tomar Partido. Porque só com outros, e com eles organizado, terá sentido e realização. Ou com ele, Partido, solidários.


Ser de um Partido, de um colectivo de diferentes com quem se partilham concepções, objectivos e luta, é forma de tomar partido. Estar dentro, adoptar as regras-estatutos coerentes com o partido que se tomou, respeitá-las, aceitar a base teórica, participar na vida interna, debater e contribuir para as pequenas e as grandes decisões, ajudar a levá-las à prática (mesmo que contra elas se tenha estado no debate interno). É isto tomar partido e, por isso e para isso, ser de um Partido.


Ser comunista é ter tomado partido, é ser do Partido Comunista, é conhecer e adoptar os estatutos por eles serem as regras da forma organizacional que corresponde ao partido que foi tomado, é participar – de acordo com essas regras – na vida interna desse colectivo.


Não é fácil. Porque é… humano. Porque é o indivíduo no colectivo, e o colectivo na sociedade como ela é e muda em cada momento, na correlação de forças sociais que se luta por alterar.


A História é a da luta de classes, enquanto houver classes.
Tomar partido é ser de uma classe e estar, individualmente e no colectivo, na luta dessa classe. Que é dura e, por vezes, violenta. Porque há o inimigo de classe, objectivo, capaz de tudo, sem constrangimentos éticos (ou com a sua “ética”…), e há os que, não sendo objectivamente da classe inimiga, se tornam, subjectivamente, inimigos da própria classe e aliados da classe que não são, por quererem que a luta se faça de outra maneira e não recuam, sabotando, intrigando, sempre na tentativa de contrariar as maneiras que não sejam a sua – individual ou de grupúsculos desligados das massas que pretendem iluminadamente representar.


Nada disto tem a ver com diferenças de opinião, com debate de ideias, com discussão e confronto e desejado acerto de vias de fazer a mesma luta. Dentro do Partido ou com quem, tendo tomado partido, procura formas de intervir na luta social.

Sérgio Ribeiro

http://jdei.wordpress.com/2010/08/13/tomar-partido-i/

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