Os resultados do Plano Patriota

O "Plano Patriota" do Comando Sul já alcançou o ponto de convergência das suas ilusões. Suas Divisões militares já ocuparam as coordenadas do seu objetivo máximo. Agora estão no pântano que queriam, afundando-se com todas as suas potências aéreas, terrestres e tecnológicas.

Para trás ficaram, mortos e semi-enterrados, centenas de soldados e comandos médios, os que não tiveram a sorte dos mutilados e de outros mortos, que regressaram em Black Hawk do inferno criado pela contumácia belicosa de um governo e um império violentos.

Os loiros generais que falam inglês alcançaram o objetivo e exibem-no nas suas mãos vazias. Talvez devam estudar um pouco mais nas suas academias o não subestimável assunto da guerra de guerrilhas na Colômbia, evitando as suas néscias extrapolações de experiências.

Invade-nos o sentimento de que perante a tática invencível da guerra de guerrilhas móveis, potenciada infinitamente pela rapidez e pela surpresa, o movimento em massa dos batalhões na selva, lento e ainda que com poder de fogo, terminará por ser coroado como retumbante esforço estéril.

Pensamos longamente e não nos resta outra alternativa: temos de aplaudir este Presidente que reitera a cada passo, com toda a determinação que o caracteriza, que as suas tropas chegaram à selva para ficar. Oxalá permaneçam ali por séculos e séculos, para o bem da causa do povo. Os numerosos heliportos abertos como buracos na profundidade da selva e até os globos aerostáticos da inteligência suspensos sobre o manto verde, podem ficar ali como monumentos perenes à obstinação e teimosia militarista.

Essas Divisões a avançarem em fileiras de 300 homens, com uma varredura frontal de até 5 e 8 quilómetros, o estremecimento da selva com o bombardeio feroz, e essas operações diurnas e nocturnas dos Falcões Negros a desembarcarem tropas sob o impulso quimérico de um ataque de surpresa à guerrilha pela retaguarda, contribuíram sem dúvida para forjar e afiar o guerrilheiro da ofensiva final.

Quem poderá deter o povo em armas, agora que a manobra e o fogo poderoso do inimigo prodigalizou-lhe o bem inestimável da experiência extrema? Nestes resultados do plano anti-patriota é impossível deixar de registar a grande tragédia humanitária provocada pelos desaforos do governo fascista, os massacres, os desaparecimentos, as prisões em massa, o sítio ou bloqueio às regiões, os 3 milhões de camponeses deslocados, e essa maldita economia de guerra que tira o pão da boca do povo.

Não se pode desconhecer que o "Plano Patriota" mostra-se hoje como o mais contundente argumento de que a saída para o conflito interno da Colômbia não passa pela ilusão do esmagamento militar, nem pela intervenção estadunidense, nem muito menos pela estúpida desqualificação do adversário. Passa, sim, pelo empreendimento racional da solução diplomática com mudanças estruturais, pelo diálogo entre as duas partes contendoras, com a participação do povo e com a garantia de que desta vez o Estado não desprezará as opiniões do mesmo, como nas Audiências Públicas de San Vicente del Caguán.

11/Abr/05

[*] Integrante do Secretariado das FARC-EP

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