O Discurso de Bush sobre o Médio Oriente: Ignorância, Arrogância, Imperialismo

Presidente George Bush, dos Estados Unidos da América, ou é idiota, ou é mentiroso. As suas declarações sobre o Médio Oriente no seu discurso em Washington na quarta-feira confirmaram a noção de que é incompetente para permanecer na sua posição porque demonstra uma manifesta incapacidade de compreender os assuntos em questão, ou então, manipula os dados que lhe são apresentados para tentar deturpar a verdade. É por isso, ou idiota ou mentiroso. Num discurso delirante, que até incluiu referências à Segunda Guerra Mundial, que acabou há quase 60 anos, ou seja, duas gerações, George W. Bush comparou a situação internacional actual com aquela de 1945, quando os EUA reconstituíram a Alemanha e o Japão num cenário de mudanças democráticas, declarando que a mudança do regime no Iraque iria ser “um exemplo dramático e inspirador de liberdade” para o mundo.

Esta mudança de regime, acredita ele, será “uma mapa de estradas para lidar à paz” no Médio Oriente. A política seguida por Washington na busca de resolver a crise na região não começa por Tel Aviv, onde o novo governo de coligação inclui partidos que querem expulsar os Palestinianos dos seus territórios e construir novas colónias, começa sim por Bagdade. Esta política realça a noção de que Washington considera o regime Ba’ath de Saddam Hussein como “O maior obstáculo à paz”.

Washington prepara-se para a guerra, outra vez, mais uma vez. Lá está a histería, lá está a demonologia mas infelizmente não está lá a causa. Na última guerra do Golfo, as forças de Saddam Hussein tinham invadido o Kuwait (embora em reacção à prática deste país, instigado por forças exteriores, a prosseguir uma política de cross-drilling, ou seja, roubar o petróleo do Iraque por uma prática de fazer perfurações subterrâneas que atravessaram a fronteira, literalmente roubando os recursos do país do Saddam Hussein, que fez questão de advertir o Kuwait inúmeras vezes antes da invasão.

Na tentativa histérica de criar um causus belli, onde evidentemente não existe nenhum, George Bush seguiu o caminho absurdo e sem fundamento algum já batido pelo Primeiro Ministro do Reino Unido, Anthony Blair e o Secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, inclusivamente baseado em documentos falsos, que afirma que o Saddam Hussein tem ligações com o terrorismo internacional. George Bush refere ao Presidente do Iraque nestes termos: “um patrão rico que oferece recompensas às famílias dos terroristas-suicidas” palestinianos em Israel. O que oferece, de verdade, é uma pensão para as famílias que perderam o elemento que ganhava o salário, o ganha-pão, um acto de solidariedade social que os EUA fariam bem em copiar, dado os milhões de cidadãos que não têm acesso aos cuidados de saúde porque o “regime” não o providencia. Frases como “Quando passar o regime de Saddam Hussein” e “Os Palestinianos que desejam muito a democracia estarão numa posição melhor para escolher novos líderes num estado que duma vez para sempre abandona o uso de terror” demonstram a incapacidade fundamental do Presidente dos EUA compreender as correntes básicas envolvidas na região e a falta de compreensão dos mecanismos fundamentais do direito internacional.

A Carta das Nações Unidas dita claramente que qualquer acto de guerra fora da autoridade da ONU tem de ser baseado num princípio de autodefesa, o que explica as referências ao terrorismo internacional levantadas contra Bagdade por Washington, numa tentativa infantil e idiótica de indiciar um regime para um crime que tão obviamente, não cometeu.

Melhor ainda foi a frase que referiu um Iraque sem Saddam Hussein, um país que “irá contribuir grandemente à segurança e estabilidade no longo prazo no nosso mundo. Os interesses da América na segurança e as crenças da América na liberdade, os dois vão na mesma direcção, para um Iraque livre e pacífico”. Ou seja, a visão dos EUA para esta região é uma ocupação dos seus recursos de maneira a controlar a economia do mundo. É uma tentativa bradante de roubar os recursos duma nação soberana, é uma política imperialista que é tão anacronista como é ilegal, e é um comentário muito infeliz sobre o estado de desenvolvimento da Humanidade, quando grupos de pressão poderosos podem ditar uma política que afectará milhões de pessoas no mundo inteiro, directa ou indirectamente.

Tais regimes são autoritários, fascistas, imperialistas, reaccionários e totalmente anacronistas num mundo cujo motor é o seu povo, baseado num cenário de multi-lateralismo, direitos comuns, colaboração e amizade entre todas as nações do planeta.

Os EUA e o seu cachorrinho, Blair (e não o Reino Unido) conseguiram isolar-se da corrente de opinião pública mundial. As regras de diplomacia ditam que quando se chegar a tal posição, este regime enfrenta a sua morte.

Timothy BANCROFT-HINCHEY PRAVDA.Ru

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